Educação
Universidades
americanas estudam a possibilidade de criar cotas Homens brancos americanos viraram minoria. Pelo menos é o que se conclui pelas estatísticas sobre universitários. Hoje, nos Estados Unidos, as mulheres compõem 56% dos estudantes. Até o ano 2009, os rapazes ficarão apenas com 42% das vagas em cursos superiores. Este desequilíbrio já impulsionou defensores de cotas preferenciais para meninos – mesmo que eles não tenham os mesmos níveis acadêmicos das meninas. Um processo como este vem sendo usado em algumas escolas. Numa carta ao The New York Times, no dia 23 de março, a diretora de admissão da faculdade Kenyon, em Ohio, Jennifer Britz, pediu desculpa às moças que rejeitou em favor de homens menos qualificados. A confissão de prioridade causou uma polêmica acirrada. Existe uma parcela da população que rejeita os sistemas de cotas – principalmente o da chamada “ação afirmativa”, que privilegia a presença de minorias raciais em cursos superiores. No caso, negros, hispanos e índios, que teriam enfrentado dificuldades por causa de preconceitos raciais. Os críticos deste sistema desejam implantar uma suposta meritocracia – sem levar em conta as vantagens que um estudante possa ter tido devido a sua condição social. A constatação de que já há uma tendência de preferência por homens coloca lenha na fogueira. Até porque a maioria desses candidatos é branca e de classe média.
O que se buscou até
agora era uma divisão de 50% para cada gênero. “Mas nos anos 80 os garotos
passaram a ficar para trás em termos acadêmicos na high scholl (o
equivalente ao ensino médio brasileiro)”, diz Debora Hendrickson, do
Conselho de Admissão da Universidade de Nova York. “Some-se a isso o fato de
que os homens abandonam a faculdade em maior número”, diz. O que Jennifer
Britz alega no Times é que uma escola com maioria absoluta de mulheres não
tem a diversidade procurada pelas instituições – e passa a ser menos
atraente até mesmo para as meninas candidatas. Os críticos da idéia dos
rapazes lembram que, nas escolas públicas, a preferência por homens ou por
mulheres foi colocada na ilegalidade pela Suprema Corte dos Estados Unidos.
“Dar preferência a homens não é solução. O que se deve fazer é procurar
entender por que os garotos estão ficando para trás no curso médio e por que
decidem abandonar as universidades depois. Garantir entrada na faculdade
através de cotas só servirá para que esses alunos se acomodem”, atesta
Hendrickson. A solução, portanto, é a de sempre: estudar o suficiente para
merecer os espaços.
Fonte: Rev. IstoÉ Online, Osmar Freitas Jr.– N. York, 19/04/2006. |