Senado dos EUA aprova pacote de ajuda a bancos em dificuldades

 

 

Projeto prevê 'socorro' de US$ 700 bilhões a instituições financeiras.
Bush, Obama e McCain fizeram pressão para aprovação da proposta.
 

O Senado dos Estados Unidos aprovou na noite desta quarta-feira (1º) o plano de resgate dos mercados apresentado pelo governo Bush. A proposta, que prevê ajuda de US$ 700 bilhões a bancos em dificuldades no país, havia sido rejeitada na segunda-feira (29) pela Câmara. Por isso, sofreu algumas mudanças.

O placar da sessão mostrou que 74 senadores votaram a favor do resgate aos bancos, enquanto 25 se posicionaram contra o projeto. A votação ocorreu por volta das 22h20 desta quarta-feira. Agora, a proposta volta para a Câmara, onde será provavelmente votada na sexta-feira (3).

A aprovação foi resultado de uma campanha de pressão que envolveu o presidente norte-americano George W. Bush, o secretário do Tesouro, Henry Paulson, e o presidente do Federal Reserve (o BC dos EUA), Ben Bernanke. Além destes, os candidatos à Presidência dos EUA, Barack Obama (Democrata) e John McCain (Republicano) também manifestaram seu apoio à proposta.

Presentes à sessão, os senadores Obama e McCain votaram, conforme previsto, favoravelmente à proposta. Segundo analistas, a adição de incentivos ao cidadão americano comum ajudou a convencer os senadores da importância da ajuda aos bancos em crise.

Mudanças

Em linhas gerais, a proposta votada nesta quarta-feira pelo Senado é a mesma que não passou pelo crivo da Câmara há dois dias. Entretanto, o governo norte-americano aumentou as garantias de que o contribuinte americano – que, no fim das contas, vai financiar o pacote – vai ter em relação a seus depósitos em bancos.

A proposta agora inclui, por exemplo, a elevação do limite de depósitos garantidos pela Corporação Federal de Seguro de Depósitos (FDIC) de US$ 100 mil para US$ 250 mil, além da prorrogação de créditos fiscais para empresas, pessoas físicas e para projetos de energia renovável. Esses aditivos farão o pacote custar outros cerca de US$ 150 bilhões, além dos US$ 700 bilhões em ajuda aos bancos.

No pacote aprovado, está previsto que o total de US$ 700 bilhões seja liberado em parcelas. De imediato estariam disponíveis US$ 250 bilhões, sendo que US$ 100 bilhões adicionais poderão ser usados a pedido do presidente George W. Bush. A liberação da segunda parcela de US$ 350 bilhões precisará de um aval adicional do congresso norte-americano.

Não é comum que o Senado vote um projeto antes que a Câmara volte a examinar a questão. O Senado, no entanto, age para acelerar uma decisão sobre o assunto – em recesso pelo Ano Novo judaico, a Câmara só voltará a se reunir às 13h (horário de Brasília) desta quinta-feira (2).

Bush faz apelo à Câmara

O presidente Bush afirmou que a economia americana "precisa" que a Câmara de Representantes aprove o plano de socorro financeiro, como fez o Senado na noite desta quarta-feira.

"O povo americano espera – e nossa economia precisa – que a Câmara de Representantes aprove este bom texto esta semana e o envie ao meu gabinete" para sanção, disse Bush após a votação no Senado.

"O texto que o Senado aprovou é essencial para a segurança financeira de cada americano. Agora, a Câmara de Representantes receberá esta legislação de socorro, com as mudanças que fez o Senado, e penso que os membros dos dois partidos na Câmara podem apoiá-lo".

Já Paulson festejou a aprovação do seu plano de socorro financeiro no Senado, e também pediu à Câmara de Representantes que faça o mesmo rapidamente.

"Felicito o Senado pela votação forte e pluralista desta noite". A adoção do texto "envia uma mensagem positiva: que estamos dispostos a proteger a economia para que os americanos possam ter acesso ao crédito de que necessitam para criar empregos e fazer funcionar as empresas".

"Apelo à Câmara para que atue rapidamente e adote este projeto de lei", disse Paulson.

 

Veja como ficou o plano de ajuda aos bancos
 

   
     
   
     
   
     
   
     
   
     
   
     
   
     
   
     

Fonte: G1, 2/10/08.
 Com informações da France Presse, Reuters e Agência Estado.

 


Veja como a crise econômica já afetou o Brasil

 
 

Quedas da bolsa e aumento do dólar estão entre os sintomas.


O governo brasileiro vem afirmando que o país está preparado para lidar com a crise que tomou conta do sistema bancário americano. É tido com certo, porém, que nenhum país não está imune.

Saiba quais são os principais setores da economia brasileira que já sentem os efeitos da turbulência nos mercados.

Bolsa

A Bolsa de Valores de São Paulo foi a primeira a sentir os impactos da crise. Na segunda-feira, 29, auge do nervosismo, o índice da Bovespa (Ibovespa) chegou a cair 10,2%, uma das maiores quedas de sua história.

A bolsa brasileira acaba sendo ainda mais castigada pelo fato de estar baseada em um país emergente, o que, aos olhos do investidor estrangeiro, significa maior risco.

Alguns analistas acreditam, porém, que a queda acentuada da Bovespa não é apenas reflexo da crise americana.

Segundo esses especialistas, a bolsa brasileira está, na realidade, voltando a um patamar de normalidade, depois de alguns meses de euforia.

O ápice foi em maio desse ano, quando a bolsa chegou a seu recorde, com 73 mil pontos.

Apesar de acumular uma queda de 22% no ano, o volume de negócios atual não chega a ser ruim: cerca de 43 mil pontos, mesmo patamar de março do ano passado.

Dólar

O agravamento da crise fez com que a moeda americana chegasse ao patamar de R$ 1,90, enquanto em maio a moeda podia ser negociada na faixa de R$ 1,65.

Dólar mais caro é prejudicial para os importadores e também para brasileiros que pretendem viajar para o exterior.

Há, ainda, um efeito indireto sobre a inflação, já que o dólar mais caro acaba encarecendo diversos produtos, pressionando a inflação para cima.

O Banco Central deu sinais de que, se dólar continuar nesse nível, será obrigado a dar continuidade ao aumento dos juros, apesar da crise.

Crédito

As empresas brasileiras, principalmente as exportadoras, vêm sentindo as conseqüências da escassez de crédito no mercado bancário internacional.

O fato preocupa o governo, já que metade das exportações brasileiras – o equivalente a US$ 100 bilhões – é financiada por bancos no exterior.

Em agosto, o volume de crédito para exportação revelou-se 32% menor do observado em abril do ano passado, antes da crise.

O governo brasileiro afirmou que está formulando um plano para ampliar as linhas de financiamento ao exportador.

Crescimento

Ainda é cedo para mensurar o impacto da crise no crescimento econômico, mas há estimativas de desaquecimento para 2009.

A pesquisa semanal do Banco Central do Brasil com analistas revela que a expectativa de crescimento é de 3,5% para o próximo ano. Há cinco meses, essa mesma previsão era de 4%.

O governo também já admite uma freada no PIB, prevendo algo em torno de 3% e 3,5%. Ao preparar o orçamento de 2009, em agosto, o governo havia previsto um PIB 4,5% maior.

Bancos

Até o momento, nenhum banco brasileiro foi afetado pela crise. Um dos motivos para essa maior blindagem está na legislação bancária local, mais restrita quanto à terceirização dos chamados créditos podres.

Além disso, os bancos brasileiros vêm registrando resultados financeiros extremamente positivos nos últimos anos, o que lhes permitiu criar um colchão para momentos de maior turbulência.

De qualquer forma, o Banco Central do Brasil, por precaução, adotou medidas para aumentar a liquidez do sistema bancário, como leilões de dólar e diminuição do compulsório (espécie de garantia que precisa ser depositada no BC).
 

Fonte: G1, 2/10/08, Da BBC.

 


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