Brasil tem segunda pior distribuição de renda do mundo



O Brasil tem a segunda pior distribuição de renda do mundo de acordo com o índice de Gini - que mede a desigualdade de renda em valores de 0 (igualdade absoluta) a 1 (desigualdade absoluta). O índice do Brasil é de 0,60, sendo superado só por Serra Leoa (0,62). A Áustria é uma das nações que tem a melhor distribuição de renda do mundo (0,23).

Segundo o Radar Social, estudo divulgado nesta quarta-feira pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), embora o país tenha conseguido melhorar alguns de seus principais indicadores sociais, a distribuição de renda ainda é um dos piores problemas do país.

De acordo com a pesquisa, 1% dos brasileiros mais ricos - 1,7 milhão de pessoas - detém uma renda equivalente a da parcela formada pelos 50% mais pobres (86,5 milhões de pessoas).

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, avalia que esse estudo irá fazer com que o governo receba mais cobranças sobre o que está sendo feito na área social.

"Com certeza vai aumentar a cobrança sobre o governo e cobrança sobre as políticas sociais do governo. Mas o objetivo do trabalho é justamente esse: permitir uma melhor avaliação da nossa realidade, permitir avaliar as nossa políticas e dar um instrumento para a sociedade de maneira geral para que possa ajudar o governo, inclusive criticamente, para nós melhorarmos", disse.

O Radar Social faz uma análise das condições de demografia, educação, saúde, trabalho, renda, moradia e segurança no país e aponta quais os principais problemas de cada uma dessas áreas. Ele será divulgado a cada dois anos com os dados atualizados.

Iniciativa

Junto com o documento, o Ministério do Planejamento divulgou as principais iniciativas do governo para combater esses problemas e constam do site da pasta (www.planejamento.gov.br/radarsocial).

Apesar de todo esforço para identificar quais os principais problemas na área social, o governo não irá tomar nenhuma atitude de imediato. "É claro que ele [o Radar] tem uma influência. Mas imediata não acho que seja possível", disse Bernardo.

De acordo com ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse há alguns dias que o governo precisa "aumentar a disponibilidade de elementos que aumento a vigilância social". Nesse caso, o ministro acredita que o estudo permitirá que mais pessoas tenham acesso ao que é feito na área social.

Ainda no que diz respeito à renda, praticamente um terço da população brasileira (31,7%) era considerada pobre em 2003. Ou seja, 53,9 milhões de pessoas viviam com uma renda per capita de até meio salário mínimo.  Alagoas é o Estado em que contabilizou mais pobres (62,3%).

Santa Catarina é o que está na melhor condição, com apenas 12,1% da população sendo considerada pobre.

O Ipea é ligado ao Planejamento e no estudo defende um modelo de desenvolvimento que combine crescimento com geração de ocupação e renda.



Fonte: Folha de S. Paulo, Ana Paula Ribeiro, 01/06/2005.


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