Resumo da crise
Livro divulgado pela internet compila os últimos escândalos ... O jornalista Ivo Patarra, de 47 anos, apresentou seu livro O Chefe para duas editoras. A obra foi recusada por ambas, e Patarra decidiu recorrer a um meio mais rápido e abrangente para divulgar o texto – a internet. Com isso, ele indica um caminho para escritores na mesma situação. O endereço do site criado pelo autor dá uma pista do tema de seu livro: <http://www.escandalodomensalao.com.br>. O Chefe é uma compilação detalhada dos escândalos que abalaram o governo Lula, desde que VEJA revelou o esquema de corrupção nos Correios, em maio de 2005, até o encerramento da CPI dos Bingos, em junho deste ano. São 403 dias de crise, segundo as contas do autor. O livro procura estabelecer uma cronologia desses eventos, e não traz novidades ou grandes revelações sobre a lama petista. Mas deixa sua posição muito clara: o chefe referido no título é, evidentemente, o presidente Lula. "Esse negócio de que ele não sabia de nada é balela. Lula é o grande beneficiário do esquema de compra de deputados", opina Patarra. O autor admite que já votou no PT – e, embora nunca tenha se filiado a nenhum partido, no início dos anos 90 foi assessor de imprensa da prefeitura petista de Luiza Erundina. "Mas aquele era um governo autêntico. Cometeu muitos erros, mas por inexperiência, e não por falta de caráter", diz Patarra. Fonte: Rev. Veja, ed. 1974, 20/09/2006.
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O Chefe
Nas décadas de 60 e 70
do século 20, não foram poucos os brasileiros a desafiar os “donos” do poder
e a combater por liberdade e democracia. Muitos tombaram, mas a luta não foi
em vão. Hoje o Brasil é um país livre e democrático, como demonstram os
serviços prestados pela imprensa na apuração do escândalo do mensalão. Nesse
início de século 21, a luta das forças progressistas é por justiça social e
distribuição de renda. E a luta passa prioritariamente pelo combate à
corrupção. A construção de uma sociedade sem tantas desigualdades pressupõe
uma imprensa atuante, sempre pronta a denunciar o clientelismo, o
fisiologismo e o chamado toma-lá-dá-cá. Jornalistas têm a missão de zelar
pela transparência das ações do poder constituído e pela boa aplicação do
dinheiro público, apontando desvios e demais expedientes que lesem os
direitos e os legítimos interesses do povo. Se houver responsabilidade e
espírito público, teremos nas mãos as ferramentas necessárias para assegurar
investimentos em projetos sérios, eficientes e de alcance social. Dessa
forma, transformaremos o Brasil num país desenvolvido e em uma grande nação.
O escândalo do mensalão confirma, uma vez mais, que a imprensa livre,
pluralista e vigilante é imprescindível à democracia e ao Estado de Direito.
Nada melhor para a sociedade do que jornalistas determinados, incapazes de
se curvar a pressões econômicas, chantagens políticas ou ao benefício das
sempre generosas verbas publicitárias, em troca da omissão e do silêncio
sobre o jogo sujo dos “donos” do poder. Este livro homenageia dezenas de
profissionais de imprensa, aqui citados nominalmente. São repórteres que não
se intimidaram, não abaixaram a cabeça aos poderosos da vez, e contribuíram
de forma decisiva para desvendar e elucidar o mais extenso e complexo
esquema de corrupção governamental da história brasileira, em todos os
tempos. * Ivo Patarra - Nascido em São Paulo em 1958, Ivo Patarra, jornalista, foi repórter dos jornais Folha de S.Paulo, Folha da Tarde, Diário Popular e Jornal da Tarde. Como profissional independente publicou, entre outras, as reportagens "Nova York - São Paulo de motocicleta: 73 dias de aventura e emoção", "Fome no Nordeste Brasileiro" e "Morte de Juscelino Kubitschek: acidente ou atentado?". Ivo Patarra também respondeu pelos departamentos de comunicação das Prefeituras de São Paulo, Guarulhos, Osasco e São Bernardo do Campo.
Fonte: <http://www.escandalodomensalao.com.br>, 09/2006.
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