Reservas internacionais já quase equivalem à dívida externa

 

As compras de dólares feitas pelo Banco Central no mercado de câmbio bateram recorde
pela terceira vez neste ano. Em maio, foram adquiridos cerca de US$ 15,1 bilhões,
um aumento de 25% em relação ao valor registrado no mês anterior
 

Os números ainda são preliminares, e os dados finais só devem ser divulgados no mês que vem. Ainda assim, mostram que, a exemplo do que já vinha ocorrendo, a ação mais forte do BC no mercado de câmbio não tem conseguido impedir que o dólar continue caindo. 

Neste mês, as compras se reduziram. Até o último dia 15, haviam sido adquiridos US$ 6,1 bilhões. Neste ano, as operações do BC no câmbio já somam US$ 55,1 bilhões – 60%   a mais que os US$ 34,3 bilhões registrados ao longo de 2006. 

E, graças à ação do BC, as reservas internacionais – onde são depositados os dólares comprados – chegaram a US$ 143,3 bilhões na segunda-feira. 

Caso o BC mantenha as compras por ao menos mais algumas semanas, as reservas em moeda estrangeira podem superar o total da dívida externa de longo prazo de todo o país. No fim de março, esse endividamento era de US$ 147,8 bilhões. Isso significaria que, mesmo no caso de crise internacional, as divisas existentes no Brasil seriam suficientes para governo e empresas honrarem seus compromissos no exterior. 

Ontem, o presidente do BC, Henrique Meirelles, disse, sem falar em valores, que as compras de dólares continuarão até que se julgue que as reservas tenham atingido um nível satisfatório. Meirelles também voltou a rebater as críticas sobre os custos dessa atuação, dizendo que os benefícios trazidos pelo aumento das reservas compensam eventuais perdas. 

Uma das críticas que se faz à ação do BC está ligada aos juros praticados no Brasil. Isso porque as compras de dólares são feitas com reais obtidos por meio da venda de títulos públicos, e a rentabilidade desses papéis segue a variação da taxa Selic, hoje em 12% ao ano. 

Em compensação, diz Meirelles, o aumento das reservas reduz a vulnerabilidade externa, pois ajuda a garantir que o governo terá poupança em dólar para ser usada no pagamento de parcelas da dívida externa. 

Os números divulgados ontem também mostram que o BC tem sofrido seguidos prejuízos com suas operações envolvendo o "swap cambial reverso", nome dado ao contrato negociado com bancos na BM&F. 

Esse instrumento equivale a uma compra de dólares no mercado futuro – logo, o BC tem prejuízo sempre que o dólar cai. No mês passado, as perdas sofridas foram de R$ 2,1 bilhões. Consideradas somente essas operações, a valorização do real já custou R$ 4,1 bilhões ao BC entre janeiro e maio.

 

Fonte: Folha de S. Paulo, 21/6/2007.

 

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