Guia
A
principal causa de intoxicação entre os brasileiros, demonstra um
levantamento do Muitos remédios se tornam ineficazes ou perigosos quando associados a outros. Mas mesmo alimentos e fitoterápicos podem interagir de maneira nociva com remédios. A automedicação é um mau hábito cultivado por 60% dos brasileiros. "Para complicar, há uma desatenção generalizada por parte dos médicos com os problemas causados por certas combinações", diz o toxicologista Gilberto De Nucci. Eis as associações mais frequentes e arriscadas: REMÉDIO + REMÉDIO Combinação: CORTICOIDES E ANTI-INFLAMATÓRIOS Nomes comerciais*: os corticoides Meticorten e Decadron e os anti-inflamatórios não esteroides Spidufen, Cataflam, Voltaren e Feldene Efeitos: dores de estômago e maior risco de sangramento e formação de úlceras Recomendações: especialmente quando o tratamento com corticoide dura mais de cinco dias, não se devem combinar os dois medicamentos Combinação: ANTIÁCIDOS E ANTIBIÓTICOS Nomes comerciais: Aldrox, Pepsamar e Mylanta Plus e antibióticos em geral Efeitos: os antiácidos mais comuns diminuem a taxa de absorção do antibiótico. Até 70% do seu princípio ativo deixa de ser aproveitado Recomendações: é um erro tomar um antiácido para combater a dor de estômago que o antibiótico possa provocar. É preciso esperar pelo menos uma hora depois da ingestão do antibiótico para tomar o antiácido Combinação: REMÉDIOS PARA EMAGRECER E ANTIDEPRESSIVOS Nomes comerciais: os antidepressivos cujo princípio ativo é a fluoxetina, Daforin, Deprax, Fluxene e Prozac, e os remédios à base de sibutramina Reductil, Plenty e Vazy Efeitos: a fluoxetina inibe enzimas que metabolizam a sibutramina, potencializando seus efeitos colaterais. Ocorrem aumento da pressão arterial e taquicardia. Recomendações: os dois medicamentos só devem ser tomados juntos com acompanhamento médico rigoroso. Dependendo do metabolismo de cada pessoa, até as doses pequenas podem interagir de forma perigosa Combinação: INIBIDORES DE APETITE E ANSIOLÍTICOS Nomes comerciais: os anorexígenos Inibex, Desobesi-M, Dualid e Hipofagin e os benzodiazepínicos Valium, Lorax e Lexotan Efeitos: o paciente pode ter irritabilidade, confusão mental, alteração de batimentos cardíacos e tontura. Em casos graves, a combinação pode desencadear psicoses e esquizofrenia Recomendações: a associação não deve ser feita em nenhuma hipótese. Só é cogitada pelos médicos em casos extremos de obesidade mórbida
REMÉDIO + ALIMENTOS Combinação: BRONCODILATADORES E GORDURA Nomes comerciais: Euphyllin e Bamifix Efeitos: o princípio ativo dos broncodilatadores, ao ser absorvido no intestino, compete com a digestão da gordura dos alimentos – um dificulta a absorção do outro. Em menor quantidade, o remédio perde o efeito esperado e as crises respiratórias voltam muito antes do previsto Recomendações: não se devem fazer refeições ricas em gordura duas horas antes nem duas horas depois de tomar o medicamento. É o tempo mínimo para que ele passe pelo intestino e caia na corrente sanguínea em quantidade suficiente Combinação: ANTIBIÓTICOS DO GRUPO QUINOLONA E LATICÍNIOS Nomes comerciais: Floxacin, Cipro, Trovan e Tavanic Efeitos: o leite e seus derivados neutralizam a atividade do antibiótico Recomendações: o alimento e o remédio não devem ser ingeridos juntos. Depois de consumir um laticínio, deve-se esperar cerca de três horas, tempo da digestão, antes de tomar um antibiótico. Os alimentos também só podem ser consumidos duas horas depois da ingestão do medicamento REMÉDIO + BEBIDAS Combinação: ANTIPARASITÁRIOS E ÁLCOOL Nomes comerciais: Flagyl, Periodontil, Pletil e Facyl Efeitos: a associação causa dores de cabeça, taquicardia, náuseas e sudorese. Em casos extremos, pode desencadear convulsões Recomendações: os tratamentos contra parasitas são curtos – duram, em média, até três dias –, mas a interação pode acontecer mesmo com doses moderadas de álcool. Depois do tratamento, é preciso esperar 24 horas até que o medicamento seja eliminado do organismo Combinação: PARACETAMOL E ÁLCOOL Nomes comerciais: Tylenol, Acetofen e Dôrico Efeitos: o álcool e o paracetamol, presente em analgésicos, são metabolizados no fígado e, em combinação, produzem um resultado altamente tóxico. Utilizada com frequência, a mistura pode lesionar o fígado. O uso concomitante e recorrente das duas substâncias pode ser fatal Recomendações: não existe ideia mais equivocada do que tomar um comprimido de paracetamol para curar a dor de cabeça de uma ressaca. É recomendável esperar, no mínimo, seis horas para ingerir qualquer bebida alcoólica depois do analgésico Combinação: ANSIOLÍTICOS E CAFEÍNA (presente sobretudo em café e nos chás verde, preto e branco) Nomes comerciais: Valium, Lorax e Lexotan Efeitos: dependendo das doses de remédio e de cafeína ingeridas, os efeitos do ansiolítico são anulados. Em geral, o nível de stress do paciente aumenta ao perceber que o medicamento não faz efeito Recomendações: deve-se esperar entre oito e doze horas para ingerir cafeína, mesmo em doses pequenas Combinação: ANSIOLÍTICOS E ÁLCOOL Nomes comerciais: Valium, Lorax e Lexotan Efeitos: um potencializa a ação do outro se administrados conjuntamente. Há diminuição da frequência da respiração e pode ocorrer até mesmo parada respiratória Recomendações: é preciso esperar doze horas até que o princípio ativo do tranquilizante tenha deixado o organismo para consumir bebidas alcoólicas. Ou aguardar doze horas depois de ingerir álcool para tomar o medicamento REMÉDIO + FITOTERÁPICOS Combinação: ANSIOLÍTICOS E VALERIANA Nomes comerciais: Valium, Lorax e Lexotan Efeitos: a valeriana, indicada como um ansiolítico natural, pode potencializar a ação de outros medicamentos de efeito calmante semelhante. Entre os perigos, letargia e queda de pressão arterial Recomendações: na falta de informações conclusivas sobre os riscos, o melhor a fazer é evitar a associação Combinação: GINKGO BILOBA E ÁCIDO ACETILSALICÍLICO Nome comercial: Aspirina Efeitos: no organismo, as ações anticoagulantes das substâncias se somam, aumentando o risco de sangramentos internos Recomendações: só é seguro tomar ginkgo biloba depois de no mínimo dez dias do uso de Aspirina
* Marcas mais vendidas.
Fonte: Rev. Veja, Ana Paula Buchalla, ed. 2112, 13/5/09.
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