MST: Como eles estão
depredando a Floresta Amazônica
O
MST descobriu na selva um instrumento bem curioso para "promover a reforma
agrária"
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está em acelerado processo de mutação. Foi-se o tempo em que seus militantes tentavam dissimular as ações criminosas do grupo invocando a causa da reforma agrária. Há muito isso não acontece mais. Como uma praga, o MST ataca, destrói, saqueia - e seus alvos, agora, não são mais apenas os chamados latifúndios improdutivos. Os sem-terra têm se especializado também em invadir fazendas no coração da Floresta Amazônica. As terras da região são de difícil manejo para a agricultura, mas isso pouco importa. Nelas pode-se encontrar em abundância algo bem mais valioso: a madeira. Hoje, existem cerca de 1 000 propriedades rurais invadidas apenas no estado do Pará. Metade delas foi devastada para a retirada ilegal de árvores nobres, como ipê, jatobá e cedro, que atingem altas cotações no mercado. As fazendas localizadas na Amazônia são obrigadas por lei a preservar 80% de suas áreas de floresta. Isso significa que as propriedades rurais guardam um imenso tesouro, e também explica por que o MST substituiu a foice pela motosserra. O caso mais emblemático da nova modalidade de banditismo do movimento pode ser observado na Fazenda Santa Marta, em Tailândia, a 240 quilômetros de Belém. A propriedade tem 20 000 hectares, dos quais 16 000 de floresta nativa. Os sem-terra a invadiram e permaneceram lá até novembro do ano passado. Não plantaram um único pé de feijão, mas dizimaram 2 000 hectares da mata. Uma perícia contratada pelos fazendeiros estimou que 100 000 metros cúbicos de madeira nobre foram retirados da reserva, o equivalente ao corte de aproximadamente 25 000 árvores. No mercado, as toras valem ao todo 40 milhões de reais. "O que os invasores não conseguiram cortar, destruíram. A terra ficou arrasada", afirma Dario Bernardes, o dono da Santa Marta, que obteve a reintegração de posse na Justiça. Como a devastação é lucrativa, o MST e outros movimentos rurais se associaram às madeireiras ilegais. O movimento arregimenta os "sem-terra" entre desempregados e desocupados da região, e as madeireiras cuidam da logística. Depois da invasão, as árvores são derrubadas e cortadas em toras. Caminhões e tratores das madeireiras são enviados para ajudar no transporte. O que sobra é transformado em carvão nos fornos construídos pelos próprios invasores.
A ação predatória dos sem-terra está documentada em fotos, vídeos e imagens já exibidas ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e ao presidente do Incra, Rolf Hackbart. Mas, como sempre, o governo opta pelo silêncio negligente. "Sou da base governista no Congresso, apoio o presidente Lula e tudo o que ele faz de bom pelo país. Mas não posso contemporizar com o que é ilegal, com essa leniência com o MST", afirma o deputado Giovanni Queiroz, do PDT do Pará, membro da Comissão de Agricultura da Câmara. O conflito entre fazendeiros e predadores da floresta já rendeu situações bizarras, como a do proprietário que recebeu uma multa do Ibama, no valor de 1,5 milhão de reais, por causa da devastação em suas terras, ocupadas havia meses pelos sem-terra. "Eles invadem minhas terras, destroem a floresta, impedem meu trabalho e eu ainda sou multado. É inaceitável", protesta Vitório Guimarães, dono da Fazenda Vitória Régia, em Santana do Araguaia, no sul do estado.
O Pará é a terra
prometida dos sem-terra da motosserra. Levantamentos do Incra revelam que os
trabalhadores formalmente assentados pelos programas de reforma agrária são
responsáveis por índices de destruição da floresta proporcionalmente muito
maiores aos de agricultores e pecuaristas da região. No caso dos invasores,
a situação é caótica. Eles contam com a conivência e a leniência do governo
do estado, que, em vez de reprimir e coibir os crimes ambientais, faz
exatamente o contrário. Quando acionada, a governadora Ana Júlia Carepa, do
PT, não só impede a ação de sua polícia contra o MST como também ajuda os
criminosos, distribuindo lonas e cestas básicas nos acampamentos. O
desrespeito à lei é tamanho que já houve até um pedido de intervenção
federal no estado, solicitado pela Confederação Nacional da Agricultura. Em
setembro passado, o Tribunal de Justiça do Pará aprovou a intervenção por 21
votos a 1. O processo foi enviado ao Supremo Tribunal Federal, que pediu
informações à governadora antes de julgá-lo. Para evitar a punição que se
avizinhava, Ana Júlia determinou que a polícia cumprisse as reintegrações de
posse das fazendas invadidas. Diz o desembargador Otávio Marcelino, ouvidor
agrário da Justiça do Pará: "Foi necessária a ameaça de intervenção para que
se começasse a cumprir a lei e respeitar as decisões da Justiça contra os
sem-terra".
Fonte: Rev. Veja, Otávio Cabral, ed. 2147, 13/1/10.
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