Pós-graduação no exterior

 

Dicas para conquistar uma bolsa de estudos

As inscrições de brasileiros em programas de especialização nas universidades da França, da Espanha e do Japão aumentaram 50% nos últimos três anos. Também há mais candidatos a bolsas de estudos em instituições dos Estados Unidos e da Inglaterra.

Especialistas atribuem esse movimento ao peso que uma experiência internacional confere ao currículo dos profissionais. Embora a pausa na carreira para estudos não reverta em ganhos salariais imediatos – conforme contou a executiva que ilustra esta reportagem –, restam poucas dúvidas de que a viagem vale a pena. As lições da experiência começam no momento em que se decide brigar por uma bolsa de estudos. Conquistá-la exige habilidade de investigação (para achar o curso mais apropriado), organização de tempo (para conciliar projetos de vida e de trabalho com os estudos) e boa comunicação (para se sair bem nas entrevistas de seleção). (...) roteiro para ajudar os candidatos nessa disputa:

 "A recolocação não é imediata"    

Foto: Ana Araujo

A executiva da Vale do Rio Doce Giovanna Testa Victer fez uma especialização em desenvolvimento social na Inglaterra bancada pelo programa Chevening. Ela viajou em 2002, mas sua preparação para pleitear a bolsa começou um ano antes. Giovanna contou como foi sua experiência, levando em conta as dúvidas mais comuns dos candidatos que pretendem estudar no exterior.  

Carga de estudo: é pesada. "Os professores pediam que lêssemos 400 páginas por semana. Sobravam, no máximo, três horas ociosas por dia". 

Exigência do idioma: erros gramaticais são descontados da mesma forma para estrangeiros e nativos. "Apesar de ser fluente na língua, fiz um curso de inglês acadêmico um mês antes de começarem as aulas".

 

Dinheiro da bolsa: é contado. Não dá para badalar e pagar restaurantes. "Minha estratégia era cozinhar em casa – uma forma de economizar e manter uma alimentação saudável." Também é impossível trabalhar durante o curso.

Chances de arrumar trabalho no exterior: existem, mas a maioria das bolsas de estudos impõe que o aluno retorne ao Brasil ao término do curso. "Recebi algumas propostas, mas tinha o compromisso de voltar".

Recolocação no mercado de trabalho brasileiro: não é imediata. "Passei por dois empregos antes de conseguir uma colocação que valorizasse minha pós e pagasse mais do que eu ganhava antes de viajar".  

Tem de saber responder  

No fim dos anos 70, o headhunter Robert Wong foi selecionado para receber uma bolsa de pós-graduação em engenharia na Inglaterra. Vinculou-se tanto à organização do programa que passou a compor sua comissão avaliadora. Hoje, Wong seleciona candidatos para sete fundações ou universidades. A seguir, as perguntas que ele faz e as respostas que gosta de ouvir – e também as dicas dos erros e chavões a ser evitados.

Pergunta: Por que você quer estudar no exterior?
Resposta-modelo: "Porque quero ser um especialista na minha área e, na volta, pretendo ser um elo entre o Brasil e o seu país." Deixe claro que seu objetivo é estreitar as relações comerciais e fechar negócios com empresas do país onde vai estudar.
Evite:
usar expressões genéricas e comuns demais, como "Quero abrir meus horizontes e ampliar meus conhecimentos".  

  Foto: Lailson Santos

Pergunta: O que você faz no tempo livre?
Resposta-modelo: "Pratico musculação e ando de bicicleta pelo menos duas vezes por semana." Não tenha receio de ressaltar seus hobbies ou atividades extracurriculares, como jogar futebol ou dar aulas num cursinho comunitário. Falar sobre aventuras como viajar pela Europa de mochila nas costas também conta pontos a seu favor.
Evite:
dizer que só estuda ou trabalha. Uma resposta assim demonstra que o candidato é alienado e não tem a cabeça aberta. Ou, pior, não sabe organizar seu tempo.  

Pergunta: Por que você se candidatou à bolsa na universidade em questão?
Resposta-modelo: "Porque esse curso tem ênfase prática, alternando aulas com trabalho em empresas" ou ainda: "Porque a grade curricular prioriza disciplinas que os cursos no Brasil deixam a desejar". Mostre que pesquisou sobre o curso ou a universidade e sabe o diferencial que eles têm em relação aos cursos no Brasil.
Evite: respostas gerais, como "Porque a universidade tem tradição". Elas demonstram que você não tem conhecimentos sobre a instituição onde pretende estudar.

Pergunta: Por que devemos escolher você, e não outro candidato?
Resposta-modelo: "Porque estou disposto a contribuir, com esta experiência, para a divulgação da cultura do meu país." Mostre seu entusiasmo em querer participar de grupos e associações de divulgação da cultura na universidade.
Evite: respostas que só ressaltam aquilo que o candidato deseja para si, como "Quero me inserir na cultura do seu país e melhorar o meu currículo".

Pergunta: Quem você considera um ídolo?
Resposta-modelo: "Uma pessoa que, em um período difícil da minha vida, me ensinou a ser forte." Dê como exemplo alguém que lhe ensinou alguma coisa concreta na vida. É importante mostrar que você passou por adversidades, soube superá-las e reconhece quem o ajudou.
Evite: símbolos consagrados, como Gandhi ou Che Guevara. Especialmente se não conhece sua biografia.


                                                                                                            Foto: Royalty-Free/Keystone

 

Fonte: Rev. Veja, Camila Antunes, ed. 1972, 6/9/2006.


Opiniões sobre os artigos ...


Coletânea de artigos


Home