ORIENTE MÉDIO
Por que não param

 

A guerra entre Israel e o Hezbollah é mais que uma briga
entre vizinhos. Envolve os interesses de outros países
da região e até as superpotências
 

 

Foto: Fotos Baz Ratner/AP

 

Foto: Issam Qubeisi/AFP

 
 

Destruição mútua: à esquerda, equipes de resgate socorrem morador ferido pelo foguete do Hezbollah que destruiu seu apartamento em Haifa, no norte de Israel, na segunda-feira passada. À direita, o retrato do xeque Hassan Nasrallah, chefe do Hezbollah, entre as ruínas de prédios residenciais de um subúrbio de Beirute

 

Toda vez que o Oriente Médio pega fogo, o mundo é inundado por imagens dolorosamente familiares de vidas dilaceradas, casas destruídas, pela agonia dos refugiados. A cada espasmo de violência, uma pergunta retorna: por que israelenses, palestinos, libaneses e todos os outros povos da região parecem aceitar tantas mortes e destruição? Uma resposta parcial, baseada nos acontecimentos atuais, é a seguinte: nenhuma dessas populações desejaria passar novamente pelo pesadelo da guerra. Se parecem conformadas, é porque simplesmente não têm como conter os elementos belicosos em seu meio, muitos deles com patrocínio estrangeiro. O atual confronto entre Israel e o Hezbollah não é mais uma simples briga de vizinhos, mas o epicentro de um círculo infernal de interesses e intrigas que envolve os países próximos e até as superpotências. Na semana passada, a segunda da furiosa resposta de Israel ao seqüestro de dois de seus soldados pelo Hezbollah, a guerra que nunca termina entrou em um de seus mais violentos capítulos. Do jeito que está, com o fogo praticamente confinado à guerra aérea e de foguetes, o sofrimento da população civil é terrível. Se a situação sair de controle ou se os combates em terra se intensificarem, o risco é a violência envolver toda a região.

O que está acontecendo no Líbano tem todos os contornos de um novo tipo de guerra, característico do século XXI. A novidade desse gênero de confronto, definido pelo cientista político alemão Herfried Münkler no livro As Novas Guerras, publicado em 2002, é o fato de os conflitos terem se transformado em uma questão privada, em que patrocinadores da violência criam redes de financiamento baseadas em doações de organizações, de comunidades de emigrantes e, inclusive, de Estados. O Hezbollah é o caso típico. O grupo xiita recebeu sua ideologia, seu armamento, dinheiro e, provavelmente, os planos de batalha dos aiatolás do Irã. Para poder se locomover à vontade e não ter problemas com sua linha de abastecimento, aliou-se também à Síria. País pobre, dominado pela ditadura de um clã, a Síria seria totalmente irrelevante nas questões internacionais não fosse seu poder de influir no vizinho Líbano. Para Damasco é bom negócio dispor do Hezbollah para importunar Israel, seu maior inimigo, sem precisar lutar com seu próprio Exército e no seu próprio território.

Outra novidade da guerra no Líbano é que a questão territorial deixou de ser o principal ponto em disputa (aliás, é a primeira guerra em que Israel luta para se defender, e não, como no passado, para avançar em terreno alheio). Em seu lugar, têm maior peso as convicções religiosas e as tensões étnicas. "Essas guerras também são mais baratas", escreveu Münkler. Isso está relacionado a outra característica moderna, a da violência assimétrica, que significa que as disputas são entre inimigos de naturezas diferentes. De um lado está Israel, um Estado constituído e que tem o compromisso de agir de acordo com as regras internacionais, ainda que nem sempre leve isso em conta. Do outro lado está o Hezbollah, milícia religiosa que assume funções de Estado, à revelia do governo libanês. O estoque de mísseis e foguetes do Hezbollah, que só agora estão sendo usados, rivaliza com o arsenal de muitos países. A origem do armamento contém uma lição sobre o Oriente Médio. A maior parte saiu diretamente dos arsenais do Irã. De acordo com investigações forenses israelenses, o foguete de 200 milímetros que matou oito pessoas numa estação de trem em Haifa, no norte de Israel, tinha origem síria. É óbvio que o grupo xiita se preparava para um grande ataque contra Israel em futuro próximo.

O resultado de uma guerra como essa é que não existem mais batalhas tradicionais. Os inimigos procuram se preservar e evitam confrontos diretos. "Em vez disso, a violência dirige-se contra a população civil", escreveu Münkler. O pesado bombardeio israelense no Líbano, que não poupou zonas residenciais na capital, Beirute, já tinha causado até a sexta-feira da semana passada quase quatro centenas de mortos, na maioria civis. Meio milhão de libaneses, o equivalente a 13% da população, tinham abandonado suas casas, sobretudo no sul do Líbano e nos bairros xiitas de Beirute. Os afortunados portadores de passaporte estrangeiro faziam filas para embarcar em barcos e ônibus enviados pelos diversos países para tirá-los da zona de guerra. Acredita-se que os brasileiros no país cheguem a 25.000. Por sua vez, a chuva de foguetes lançados pelo Hezbollah, estimados em mais de 1.000 projéteis, tinha matado trinta israelenses e forçado os moradores de muitas cidades e vilarejos do norte de Israel a viver em abrigos subterrâneos. Há um consenso de que a ofensiva israelense no Líbano é uma resposta desproporcional. O exagero fica evidente se for tomado como referência apenas o fato gerador – o ataque do Hezbollah na fronteira. A equação é outra quando analisada da perspectiva israelense do poder e das intenções do Hezbollah. "A resposta é proporcional à ameaça, e a ameaça é maior e mais ampla que a captura de soldados", disse a ministra de Relações Exteriores de Israel, Tzipi Livni.

O objetivo de Israel é destruir a infra-estrutura do Hezbollah, arrasar com seus depósitos de mísseis e, se possível, matar seus líderes. "O problema é a eficiência dessa estratégia, que está causando muitas vítimas civis", diz o palestino Bassem Eid, diretor de uma ONG de direitos humanos, de Jericó, na Cisjordânia. "Os membros do Hamas e do Hezbollah estão cercados de pessoas inocentes, e tentar atingi-los com ataques aéreos gera um sofrimento exagerado e desnecessário à população civil." A guerra que parece ter explodido de repente vinha sendo cozinhada em fogo lento havia anos. Antes de os ataques de 11 de setembro de 2001 desviarem os holofotes para a Al Qaeda, o Hezbollah era encarado pelos Estados Unidos como a organização terrorista mais ativa e perigosa existente no mundo. Organizado entre a população xiita pelo Irã no início dos anos 80, o Hezbollah é a única milícia armada restante da guerra civil, que acabou em 1990. Desde a saída das tropas sírias do Líbano, no ano passado, seu poder de fogo não tem rival no país. Está fora de cogitação qualquer tentativa de o governo libanês desarmar a organização, como exige uma resolução das Nações Unidas de 2004. A resistência à ocupação israelense servia de justificativa para a existência da milícia xiita. Quando as tropas israelenses se retiraram, há seis anos, o xeque Hassan Nasrallah, chefe supremo do Hezbollah, precisou adaptar seu discurso: conservaria as armas para a eventualidade de novas incursões sionistas.

Pode ser a explicação para a ousadia do seqüestro na fronteira. "Aumentar a tensão com Israel é a forma do Hezbollah de legitimar sua existência como grupo armado", disse a VEJA o israelense Mark Heller, do centro de estudos estratégicos da Universidade Tel Aviv. Há bastante tempo os militares israelenses consideram necessária e inevitável a ofensiva contra o Hezbollah. Se demonstravam retraimento – e chegaram a trocar 429 palestinos e libaneses por um civil israelense e pelos corpos de três soldados, em 2004 –, era devido ao mito de que quem coloca a mão no Líbano queima os dedos. A motivação de Nasrallah para colocar fogo no rastilho de pólvora do Oriente Médio também está além das fronteiras libanesas: o desejo do Irã de usar sua influência sobre o Hezbollah para mostrar os próprios músculos geopolíticos. Os objetivos seriam três: primeiro, desviar a atenção do programa nuclear iraniano num momento em que os Estados Unidos estão prestes a conseguir uma resolução do Conselho de Segurança da ONU condenando os planos atômicos dos aiatolás. Segundo, inviabilizar, ou pelo menos adiar, o plano israelense de retirada unilateral de territórios palestinos ocupados e sepultar, em benefício do Hezbollah, as esperanças libanesas de democracia. Terceiro, exibir seu poder crescente aos vizinhos do Oriente Médio. "O Hezbollah até tem autonomia para seqüestrar soldados israelenses sem consultar o Irã, mas jamais lançaria foguetes de longo alcance e bombardearia Haifa sem o aval dos aiatolás", disse a VEJA o iraniano Abbas Milani, diretor do programa de estudos iranianos na Universidade Stanford, nos Estados Unidos. A Síria é outro país que se beneficia com o caos e a instabilidade na região. A moeda de troca de Damasco, se for solicitada a acalmar as coisas, é o fim das investigações internacionais sobre o assassinato de Rafik Hariri, ex-primeiro-ministro do Líbano, crime do qual o presidente sírio Bashar Assad é suspeito de ser o mandante.  

O fortalecimento do Irã no Oriente Médio deve-se principalmente a um presentão dos Estados Unidos: a derrubada de Saddam Hussein, o arquiinimigo dos aiatolás. As eleições promovidas pelos americanos levaram ao poder a maioria xiita, fortemente influenciada pelo clero xiita do Irã. "Os aiatolás, que já tinham influência sobre os xiitas no Barein, no Líbano, na Arábia Saudita, no Kuwait, no Paquistão e no Afeganistão, agora também têm um pé no Iraque", define o iraniano naturalizado americano Vali Nasr, autor do livro O Renascimento Xiita – Como os Conflitos Dentro do Islã Vão Definir o Futuro. O seqüestro de soldados israelenses apenas duas semanas depois de o Hamas ter capturado um militar em Gaza pode levar quem não conhece bem a história do conflito no Oriente Médio a crer que os atos terroristas são uma saída legítima, ainda que cruel, para a justa luta pela independência nacional palestina. É um engano. Os atentados só endurecem as posições em ambos os lados. Além disso, um Estado palestino não é a prioridade para o Hezbollah e, paradoxalmente, também não para o Hamas. Ambos querem sobretudo a destruição de Israel e a formação de um Estado islâmico nos moldes do existente no Irã. Para esse tipo de gente, qualquer acordo de paz é um revés.

Na rotina estabelecida na longa história do conflito entre árabes e judeus na Palestina, chegou-se àquele momento em que alguém – a ONU, os países árabes, como o Egito e a Arábia Saudita, ou, mais provável, os Estados Unidos – intervém para convencer um ou os dois lados a cessar fogo. Em geral, a superpotência termina recebendo o encargo de apagar o fogo. Desta vez, age sem pressa. O presidente George W. Bush vê o embate no contexto da guerra global contra o terrorismo e já deixou claro que concederá ao Estado judeu algum tempo extra – fala-se em uma semana – para que termine de erradicar o poder bélico do Hezbollah do sul do Líbano. O tempo extra não fará diferença na luta contra o terrorismo ou na busca de segurança para Israel. A história não permite ilusões sobre vitórias israelenses definitivas, por mais esmagadoras que pareçam nos primeiros momentos. Em 1982, Israel invadiu o Líbano e esmagou o Estado dentro do Estado criado por Yasser Arafat e sua Organização para a Libertação da Palestina. Vinte e quatro anos depois, os israelenses empenham-se em destruir o Estado dentro do Estado criado pelo Hezbollah. Desta vez é diferente por várias razões. O Hezbollah pode ser castigado, enfraquecido e, teoricamente, até desarmado, mas não pode ser removido do Líbano. Trata-se de uma autêntica organização libanesa, um partido com 23 deputados no Parlamento, dois ministros no governo e o apoio firme dos xiitas, que representam 40% da população.

O bombardeio do Líbano tem outra dimensão internacional inesperada. Estima-se que existam 20 milhões de libaneses e descendentes espalhados pelo mundo, cinco vezes mais que a população do país. No Brasil, são 7 milhões. Como é verão no Hemisfério Norte, a região estava lotada de visitantes estrangeiros, a maioria visitando parentes. Sete brasileiros foram mortos nos bombardeios. Os ataques uniram os libaneses num sentimento de identidade nacional poucas vezes visto. Nos últimos dez anos, o Líbano viveu uma época de vitalidade cultural, reconstrução e desenvolvimento econômico. Tudo isso está sendo pulverizado pelas bombas israelenses. Se Israel esperava contar com o apoio dos libaneses cristãos, drusos e sunitas em seu esforço para desarmar o Hezbollah, pode esquecer. O que resultará de tudo isso? Seja lá o que acontecer no campo de batalha, nenhuma solução imposta do exterior deverá funcionar. A saída precisará passar pelo sistema político libanês, um intrincado arranjo com espaço para as dezessete seitas cristãs e muçulmanas existentes no país. Não apenas a influência síria é forte nesse processo, como nada acontece sem a aprovação do xeque Nasrallah. A pressão militar não muda a percepção libanesa de que o desarmamento do Hezbollah é um assunto nacional. No fim, se a solução for negociada, o xeque talvez chegue à mesa com o mesmo objetivo inicial: a troca de prisioneiros e a manutenção do status quo militar e político no Líbano. Então se terá feito muito barulho – e gente inocente morreu – para nada.

 

Fonte: Rev. Veja, Diogo Schelp, ed. 1966, 26/07/2006.
Com reportagem de Ruth Costas, Duda Teixeira e Thomaz Favaro.


Israel se escora em resolução do G-8 para negar cessar-fogo

 

 

Saldo impressionante de mortos, resgate de
brasileiros, reunião para discutir a formação de
uma força internacional para intervir no conflito.
No final das contas, Israel se vale do apoio do G-8
para manter ataques ao povo libanês

O saldo dos 15 dias de operações de guerra do governo israelense em território libanês é assustador: cerca de 400 pessoas morreram e outras 1,6 mil sofreram ferimentos. Do total de mortos no Líbano, apenas 30 mantinham ligação direta com o Hezbollah, movimento islâmico xiita libanês de resistência armada e partido político nacionalista, que conta com membros civis e militares. Em Israel, foram contabilizadas 41 mortes - 24 deles de militares -, a maioria delas causadas por mísseis lançados pelo Hezbollah.

O seqüestro de dois soldados israelenses pelo Hezbollah na fronteira entre os dois países, no dia 12 de julho, foi o pretexto para que Israel desse início a incessantes bombardeios e ofensivas terrestres que já resultaram, segundo porta-vozes israelenses, na formação de uma faixa territorial sob domínio de Israel no sul do Líbano, região que conviveu com a presença do exército israelense até 2000.

Por enquanto, o governo brasileiro tem atuado basicamente em duas frentes. O Itamaraty se desdobra na trabalhosa retirada de cidadãos brasileiros – e até se dispôs a ajudar argentinos, paraguaios, bolivianos e canadenses, como confirmou em entrevista coletiva o embaixador Everton Vargas, chefe de gabinete da secretaria-geral do Ministério das Relações Exteriores (MRE) – das regiões de conflito no Líbano. O governo já conseguiu trazer 850 brasileiros de volta. Nos próximos dias, mais três vôos devem trazer pelo menos mais 630 pessoas para o território nacional. Pelo menos outros 750 estão a caminho em comboios de ônibus para Damasco, na Síria, e para Adana, na Turquia, onde o próprio chanceler Celso Amorim pretende acompanhar o embarque de compatriotas para o Brasil.

Por outro flanco, o Brasil tem acompanhado a explosão bélica no Oriente Médio com preocupação. “Ao mesmo tempo em que reitera apoio a todas as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Brasil acompanha com interesse as iniciativas diplomáticas em andamento para a obtenção de um cessar-fogo imediato”, colocou o presidente Lula em nota oficial. “Repudiamos o terrorismo, não importa sob que justificativa, mas não podemos deixar de condenar, nos termos mais veementes, o uso indiscriminado da força, que resultou na morte de grande número de civis inocentes, inclusive mulheres e crianças, e na destruição da infra-estrutura do Líbano”. Sete brasileiros (entre eles, três crianças) perderam a vida em conseqüência dos ataques de Israel ao Líbano.

Nesta quarta-feira (26), uma reunião em Roma, articulada pelo primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, deve reunir o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, e o primeiro-ministro do Líbano, Fouad Siniora, entre representantes de outros países europeus, para discutir o envio de uma nova força internacional ao sul do Líbano - a ONU mantém bases na região; quatro membros das forças de observação foram mortos por bombardeios israelenses nesta quarta-feira (25) - e o “cessar-fogo” imediato de ambas as partes.

Um dos fatos que praticamente desmontam a hipótese do cessar-fogo imediato é a declaração do G-8 (grupo que reúne as sete maiores economias do mundo, mais a Rússia), firmada na reunião de Cúpula ocorrida há duas semanas em Sâo Petersburgo, que reconhece o Hezbollah (liderado por Hassan Nasrallah e fundado em 1982 para enfrentar as forças de ocupação israelenses) e o Hamas (movimento político islâmico sunita armado, acusado de terrorista por países como Israel e EUA, que luta pela libertação da Palestina que conquistou 74 das 132 cadeiras do Parlamento) como responsáveis pelo início da violência atual, por seus ataques a civis e pelo seqüestro dos soldados dentro do território de Israel. A seção de “Perguntas e respostas sobre o ataque de Israel ao Líbano” disponível no site da Embaixada de Israel (http://brasilia.mfa.gov.il), anota que: “Como o G-8, Israel acredita que o caminho para uma solução está na libertação dos soldados seqüestrados, no fim do lançamento de foguetes contra Israel e na plena implementação, pelo Líbano, da Resolução nº1559 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que exige o desarmamento do Hezbollah”, destaca. Ainda segundo as “Perguntas e respostas...” da Embaixada de Israel, a “operação não pode ser encerrada antes que a decisão do G-8 seja implementada”. E segue: “Enquanto negociações diplomáticas forem necessárias para facilitar a implementação, o começo de negociações por si só não dará fim às operações. Isso ocorrerá apenas depois do retorno dos soldados seqüestrados e da remoção da ameaça de mísseis contra Israel”.

Palestina

Em palestra proferida na sexta-feira (21) passada na Universidade de Brasília (UnB), a embaixadora extraordinária e plenipotenciária da Palestina no Brasil, Mayada Bamie, foi categórica. “Não é por causa do seqüestro dos soldados israelenses que eles (Israel) estão fazendo isso (ofensiva militar no Líbano)”, disse, enfatizando que o Hezbollah se caracteriza como um movimento de resistência de crescente influência política no Sul do Líbano. “Eles (Israel) não querem nenhuma força na região; só eles”, resumiu. Para a embaixadora, a atitude israelense é uma prova de que eles (Israel) não querem negociar “nem com o Hezbollah e nem com os palestinos”. “Israel faz tudo o que quer com apoio dos Estados Unidos. Não é uma coisa de hoje”, prosseguiu.

“É mais fácil dizer que é uma guerra de religião. Mas a guerra é de ocupação e dominação”, disse Mayada, citando o confinamento dentro do muro e a dispersão de palestinos em enclaves isolados como exemplos das ambições israelenses. Ela lembrou também que: várias resoluções das Nações Unidas, inclusive com relação à condenação ao muro, não foram aplicadas; Israel mantém nove mil prisioneiros palestinos – entre eles mulheres, crianças e bebês – por força da Lei Representativa, que permite prisões por seis meses, sem julgamento, a qualquer pessoa que apresente “ameaça ao Estado de Israel”; líderes políticos de peso, do porte de ministros, permanecem seqüestrados.

Ao defender mais uma vez o fim da ocupação na Palestina, Mayada assinalou que “muitos judeus são favoráveis à causa palestina”. “Se não houver mudança na sociedade israelense, não haverá mudança nenhuma”, completou, recapitulando o apoio da população francesa à independência da Argélia e os movimentos norte-americanos contra a Guerra do Vietnã.

 

Fonte: Ag. Carta Maior, Maurício Hashizume, Brasília, 26/07/2006.


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