Reforma Universitária
Passo atrás
O
controle sobre o ensino superior será exercido por conselhos, com
representantes de sindicatos e agrupamentos políticos. O sistema de
eleição direta, inadequado para a Universidade, passará a ser usado
sem parcimônia.
Uma
reforma universitária que atrai o apoio do MST e da CUT merece ser
analisada com atenção. |
Centro
de intenso e produtivo debate, a proposta do governo de reforma
universitária pode ser contestada pela sua oportunidade.
Pois antes de se tratar do ensino superior, as gritantes deficiências do
ciclo médio reclamam tratamento urgente e prioritário. Mas esta é uma das
deficiências menos graves do projeto.
Há vários pontos preocupantes na proposta do Ministério da Educação,
praticamente todos derivados da perniciosa influência de corporações
universitárias e dos ditos movimentos sociais na redação do projeto.
A visão ideológica por trás do diagnóstico feito do setor e que inspira as
mudanças sugeridas é a mesma da qual emergiu o projeto da Ancinav e
fundamentou a decisão do governo de apoiar a criação do Conselho Federal de
Jornalismo.
Autoritário e dirigista, o projeto original é preconceituoso contra o ensino
privado, xenófobo — Harvard e Oxford estarão proibidos de se instalar no
Brasil — e permite a infiltração na administração da Universidade de
interesses corporativos e de organizações políticas e sociais.
Uma reforma universitária que atrai o apoio do MST e da CUT merece ser
analisada com atenção.
O controle sobre o ensino superior será exercido por conselhos, com
representantes de sindicatos e agrupamentos políticos. O sistema de eleição
direta, inadequado para a Universidade, passará a ser usado sem parcimônia.
E assim serão soterradas as esperanças de que o ensino superior brasileiro
seja balizado pela meritocracia e constitua um pólo de excelência acadêmica,
como ocorre nos países em desenvolvimento concorrentes do Brasil.
Fonte: O Globo, Editorial, 3/3/2005. |