Orçamento não acompanha crescimento da pós

 

O Brasil tem hoje 122,3 mil estudantes de mestrado e doutorado. Um número 84,6% maior do que há 10 anos, mas ainda pequeno para o tamanho do País. Os dados constam do Mapa da Pós-graduação, divulgado na terça-feira pela Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior (Capes) do Ministério da Educação, mostram que os programas de mestrado e doutorado vêm crescendo, mas o orçamento não acompanha.

Hoje, apenas cerca de 40% dos doutorandos e mestrandos estudam com bolsas.

"Estamos crescendo, mas ainda estamos bastante longe de atingir o desafio da formação de recursos humanos no País", disse Jorge Guimarães, presidente da Capes.

Uma das estatísticas da Capes mostra que, dos 260 mil professores que dão aulas hoje no ensino superior, apenas 20% têm doutorado e cerca de 30% têm mestrado. A meta da Capes é dobrar o número de doutores formados por ano, dos atuais 8,1 mil (dado de 2003) para 16 mil em 2010.

Para isso é necessário um investimento de R$ 1,6 bilhão. O maior desafio, de acordo com Guimarães, é o financiamento da pós-graduação.

Bolsas

As matrículas subiram em média 11% nos mestrados e 14% dos doutorados a cada ano nos últimos 10 anos. Mas o orçamento da Capes, diz o presidente, subiu apenas cerca de 2% ao ano nesse período, com exceção de 2003 e 2004, quando houve um acréscimo foi em torno de 30%.

Mas boa parte desses recursos foi no reajuste das bolsas de estudo, aumentadas em 18% no ano passado. O número de bolsas, no entanto, continuou limitado. Hoje, 47% dos estudantes de doutorado e 32% dos de mestrado recebem bolsas.

Como a maior parte dos programas exige dedicação, se não integral pelo menos por boa parte do dia, a falta de bolsas limita o número de pessoas que podem fazer a pós-graduação.

A Capes é hoje responsável por cerca de 55% das bolsas concedidas, seguida pelo CNPq, com cerca de 30%. A participação das fundações estaduais de amparo à pesquisa, como a Fapesp, é em torno de 13%.

Participação estadual

É justamente nessa participação estadual que a Capes vê espaço para crescimento. "A participação estadual é muito pequena. Especialmente se levarmos em conta que, em última instância, essas pessoas formadas vão beneficiar os Estados", disse o presidente da Capes.

A dificuldade com essa lógica é o fato de a maior parte dos Estados alegar que não tem nem mesmo recursos para financiar o ensino médio - sua obrigação, de acordo com a Constituição - e estar pedindo dinheiro à União para manter os sistemas estaduais de ensino.

A outra ponta que a Capes pretende acionar são as empresas, estatais ou privadas, e os fundos setoriais. Uma das empresas que estão negociando com a Capes é a Petrobras.

"Muitas dessas empresas precisam de recursos humanos específicos e podem colaborar com a formação de programas ou com bolsas para a formação de quadros", afirmou Guimarães.

A concessão de bolsas e o desenvolvimento de cursos também deverá levar em conta a política industrial do País. Hoje, a maioria dos programas e, conseqüentemente, das bolsas, acaba na área de humanas e ciências sociais. O governo quer aumentar o investimento nas áreas de fármacos, engenharias, defesa e cinema.

Fonte: O Estado de S. Paulo, 25/04/2005


Estudo mostra que apenas 32% dos mestrandos e 47% dos doutorandos têm ajuda
 

Um levantamento divulgado ontem pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes), do Ministério da Educação, mostrou que apenas 32% dos mestrandos e 47% dos doutorandos brasileiros têm bolsas de estudo. O estudo constatou ainda um crescimento anual de 11% nas matrículas nos cursos de mestrado e de 14% nos de doutorado.

O MEC quer fazer acordos com instituições estaduais e empresas públicas e privadas para que também ofereçam ajuda financeira aos estudantes.

- Não temos a ilusão de que seja possível aumentar o orçamento da Capes e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) na mesma proporção do crescimento da demanda. Vamos convidar as empresas e os estados para parcerias - disse o presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães.

Capes quer dobrar número de doutores até 2010

Outra meta da Capes é dobrar o número de doutores até 2010. Atualmente, 8.100 alunos por ano completam o doutorado. Para chegar a 16 mil em cinco anos serão aplicados R$1,6 bilhão. O dinheiro virá da Capes, do CNPq, dos fundos setoriais do Ministério da Ciência e Tecnologia e de parcerias.

Existem hoje no país 122,3 mil estudantes nos cursos de mestrado e doutorado. Desse total, 44,3 mil têm bolsas de estudo. A maior parte dos estudantes de pós-graduação está concentrada nas regiões Sul e Sudeste. São Paulo (50,5 mil), Rio de Janeiro, (18,3 mil) e Rio Grande do Sul (11 mil) são os estados com maior número de mestrandos e doutorandos.

Novas bolsas priorizam pesquisa em áreas industriais

A instituição com maior número de bolsistas na pós-graduação é a Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro: 92% dos 1.263 mestrandos e 97% dos 843 doutorandos têm bolsa. Na Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, 77% dos doutorandos e 65% dos mestrandos têm a ajuda. O governo pretende destinar programas de bolsas de iniciação científica para as regiões Norte e Centro-Oeste.

Na semana passada, 1.653 novas bolsas começaram a ser dadas pela Capes, com prioridade para pesquisas em áreas industriais (medicamentos, artigos de informática e microeletrônica). O objetivo é ajudar a indústria a ampliar a oferta de emprego. As áreas com maior número de alunos na pós-graduação hoje são as humanas, as engenharias, a computação e a saúde.
 

Fonte: O Globo, 25/04/2005.


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