Coordenador de avaliação da Capes apresenta novos parâmetros para avaliar programas de pós-graduação
Uma série de novos parâmetros para avaliação de programas de pós-graduação foi apresentada nesta segunda (2) pelo coordenador de avaliação da Capes, Renato Janine Ribeiro, em reunião na sala do Conselho Universitário (CO) da USP. Entre as principais medidas, estão a delimitação de um número mínimo de docentes para programas de pós-graduação, a obrigatoriedade de publicação de teses e dissertações em bancos digitais (na internet) e a idealização de associações inter-regionais entre programas de pós-graduação dos níveis 6 e 7 (as mais altas) com outros de nível 3 e 4 (regulares). Outro fato importante manifestado pelo professor Janine foi a intenção da Capes em extinguir doutoramentos em programas de pós-graduação de nível 3. Para a professora Suely Vilela, pró-reitora de pós-graduação da USP, o impacto destas medidas não deve ser muito grande para a USP, uma vez que a Universidade já segue muitas delas. “A USP não cria doutorados de nível 3 desde 2002, e nesta gestão foi estabelecido o número mínimo de 8 docentes para os programas de pós-graduação”, esclarece. Além disso, a USP já mantém um banco digital para a divulgação de teses e dissertações (http://www.teses.usp.br), muito embora a publicação dos estudos não seja obrigatória. Em consonância com o pensamento da pró-reitora, Janine acredita que o maior desafio para a USP frente às novas resoluções será a implantação das associações dos programas de pós-graduação, um dos chamados Indicadores de Solidariedade. “A idéia destas associações é evitar que uma excelência se feche sobre si própria.” A idéia é que os programas com os melhores níveis realizem uma espécie de intercâmbio cultural com programas menos qualificados, principalmente das regiões Sul e Sudeste com o Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Com relação à disposição obrigatória das teses e dissertações, Janine adiantou que a idéia é “tornar isso mandatório ainda neste ano”. Ele fez questão de ressaltar que existirão exceções óbvias, principalmente no caso de estudos com relação a desenvolvimento militar e segredos industriais. Também já foi previsto um período de carência para a disposição digital, uma vez que muitas revistas científicas de alto nível só publicam trabalhos inéditos. Janine afirmou que todas estas resoluções já estão em suas etapas finais de validação. “Algumas delas irão para o Conselho Técnico-Científico (CTC) da Capes e em seguida será baixada a portaria cabível, enquanto outras voltarão para discussão nas áreas antes de passarem pelo CTC.” Mestrados profissionais Outra questão debatida no evento foi a situação dos chamados mestrados profissionais, que são os estudos direcionados à qualificação profissional de alto nível. Segundo Janine, estão sendo definidos critérios próprios para a avaliação desta modalidade de pós-graduação, pois o enquadramento acadêmico não é apropriado para analisar o desempenho destes. “O mestrado profissional deveria avaliar, dois anos depois, quais benefícios ele proporcionou na carreira de quem o cursou.” Além disso ele expressou contrariedade com relação ao fato de que o dinheiro público seja usado para agregar valor às empresas sem que nada seja devolvido em troca à sociedade. Além disso, o debate também tratou de questões mais particulares, como a agilidade na coleta das avaliações e reformulações no site da Capes, que facilitariam o preenchimento das fichas de avaliação e a disponibilização de informações sobre os programas de pós-graduação. Este encontro foi o segundo realizado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação, e teve ênfase na área de exatas. As questões relativas à área de biológicas já foram discutidas no primeiro evento, realizado no começo deste ano, e haverá ainda uma terceira edição, em junho, que discutirá estas questões para as ciências humanas.
Fonte: Agência USP, Universidade em Foco, André Benevides, 3/5/2005 |