Novas técnicas de orientação vocacional
Na
hora de escolher a carreira, há novos programas de aconselhamento
profissional. Os estudantes que prestarão vestibular em 2007 começam o ano com um enorme desafio: optar por uma carreira. Na prática, tal decisão representa esboçar um projeto de vida, questionar valores, habilidades e a qualidade de vida que se pretende ter. "Essa é uma fase difícil, que exige empenho", diz o pedagogo Silvio Bock. Ele recomenda que os jovens comecem a investigação conversando com profissionais das áreas que lhes interessam. Uma segunda providência é visitar as faculdades e se informar sobre os cursos oferecidos.
Os três jovens
entrevistados para esta reportagem tiveram muitas dúvidas ao passar por essa
fase e, às vésperas do vestibular, buscaram apoio profissional. Cada um se
submeteu a um tipo de orientação. A seguir, eles comentam sobre suas
experiências. TESTE DE MATURIDADE
Sua opinião sobre o método: essa foi a primeira vez que Camila encarou sessões de terapia. "No começo, foi difícil aceitar que eu não estava madura para decidir sobre meu futuro. Eu tinha impressões distorcidas sobre as profissões", diz. Que atividade mais a ajudou na tomada de decisão: as conversas com profissionais em atuação nas áreas pelas quais tinha interesse. "Passei a tarde num escritório de advocacia e acompanhei uma ida ao fórum", diz. Depois dessa experiência, ela conversou com sua psicóloga e descobriu que até os pontos fracos de sua personalidade são úteis no exercício do direito – a sua escolha. "Sou teimosa. Não paro de argumentar enquanto não assimilam meu ponto de vista", diz.
Sua opinião sobre o método: "Todas as pessoas do grupo se ajudavam e, ao final, eu senti que a decisão não foi imposta por um orientador", diz.
Que atividade mais
a ajudou na tomada de decisão: "Tínhamos de escrever num papel qual
presente daríamos a nossos colegas a fim de ajudá-los em sua carreira. Todo
mundo me deu coisas relacionadas à moda, como tecidos e revistas femininas",
diz. Nessa hora, Carmem percebeu que passa a imagem de uma pessoa ligada em
moda. "Não há nada de mal nisso. Eu venci o preconceito que tinha, de achar
que moda era uma carreira fútil, e assumi esse sonho", diz. BBT (sigla em alemão para teste com fotos de profissões)
O que é: uma atividade importada da Suíça na qual o psicólogo distribui 96 cartões com imagens de situações de lazer e de trabalho. Deve-se separá-los em três grupos: os que agradam, os que desagradam e aqueles que são indiferentes. Pode ser aplicado em grupo ou individualmente. Também é aprovado pelo Conselho de Psicologia. Quanto tempo leva a orientação: no mínimo três sessões semanais. Qual o custo da orientação: cerca de 100 reais por hora, em consultórios particulares. Ela é gratuita em universidades. Onde procurar os psicólogos que aplicam o teste BBT: nos cadastros da Associação Brasileira de Orientação Profissional (www.abopbrasil.org.br) e da USP de Ribeirão Preto. Quem fez o teste BBT: Nicolas Gallbach, de 23 anos. Ele estava na dúvida entre engenharia, arquitetura e administração. Sua opinião sobre o método: as fotos o estimularam a refletir sobre algumas questões como "Eu gosto de ficar dentro de um escritório?" e "Pretendo ser empresário?". Que atividade mais o ajudou na tomada de decisão: a reflexão com base nas fotos. Nicolas percebeu que gostava mais de trabalhar com dinheiro, um bem palpável, do que de desenvolver projetos e sonhos. Excluiu, pois, as alternativas da engenharia e da arquitetura.
Fonte: Rev. Veja, Camila Antunes, ed. 1990, 10/1/2007 |