ADUR-RJ TEM NOVA DIRETORIA

 

          A nova diretoria da ADUR-RJ tomou posse nesta quarta-feira (30). Os componentes desta diretoria para o próximo biênio 2005-2007 são:

Presidente: Lenir Lemos Furtado Aguiar (IB)
Vice-Presidente: Lenício Gonçalves (IB)
Vice-Presidente: Celia Regina Otranto (IE)
Secretário: Adivaldo Henrique da Fonseca (IV)
Secretário: Dari Cesarin Sobrinho (ICE)
Tesoureiro: Francisco de Assis da Silva (ICE)
Tesoureiro: Delson Lima Filho (IT)


 

Fotos: Aline Pinto Pereira

Discurso do Magnífico Reitor Ricardo M. Miranda na posse da nova diretoria da ADUR-RJ.



Confraternização: nova diretoria, antiga diretoria, colaboradores e amigos da ADUR-RJ.

 



Discurso de posse da chapa Autonomia e Luta à Diretoria
da ADUR-RJ, biênio 2005/2007

 

Caros colegas, boa tarde!

É com muita honra e alegria que assumimos o desafio de estar à frente da Diretoria da ADUR nos próximos dois anos. Gostaríamos de agradecer a confiança dos nossos colegas, que legitimaram pelo voto o desejo de permanecer lutando por melhores condições de trabalho e pela qualidade do ensino público.

Esperamos poder corresponder às expectativas e cumprirmos uma gestão tão notável quanto as anteriores, que com muito trabalho e competência, contribuíram para que a ADUR, nestes últimos 25 anos, fosse reconhecida pela dignidade com que tem participado das lutas históricas da categoria.

Pedimos licença para traçarmos um breve paralelo com as idéias do escritor Ítalo Calvino, utilizando para isto suas Seis Propostas para o Próximo Milênio.

Ítalo Calvino era cubano, naturalizado italiano, e foi membro do Partido Comunista até 1956, tendo participado da resistência ao fascismo durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1985, preparou algumas conferências para serem lidas na Universidade de Harvard, com o objetivo de propor cinco condições para uma Literatura de qualidade. Estas cinco condições seriam a Leveza, a Rapidez, a Exatidão, a Visibilidade e a Multiplicidade. Consistência seria o tema da última conferência, que nem chegou a ser concluída, devido à morte súbita do autor, cabendo, a esposa de Calvino, a tarefa de reunir e publicar os últimos textos do marido no referido livro.

Segundo Calvino, estes seis elementos seriam imprescindíveis à elaboração de um bom texto, garantindo uma redação coerente. Porém, com um pouco de sensibilidade podemos estar sugestionados à aplicação destes princípios em nosso cotidiano. 

A leveza pode se fazer presente no dia-a-dia da ADUR, já que esperamos resgatar o espírito de Associação Docente, conjugando-o com a luta sindical. É preciso ter leveza para cativar os filiados para uma luta que é histórica, e que não queremos que esteja circunscrita apenas a um mesmo grupo. É preciso ter leveza para promover a oxigenação do sindicato, por meio da renovação dos agentes políticos, e mais do que isso: despertar a solidariedade entre os professores. Queremos que a sede da ADUR possa ser um espaço de debates, de convivência entre os docentes e também de troca de experiências humanas.

Quanto à rapidez, Calvino destacou a ação do tempo, no qual a agilidade, a mobilidade e a desenvoltura precisariam ser constantes. Esta idéia nos remete à necessidade de olharmos para as transformações sociais, políticas e econômicas que atravessamos nos últimos tempos e de percebermos como essas transformações atingem a universidade pública, para pensarmos ações rápidas de defesa dessas instituições que se constituem em importante patrimônio da sociedade brasileira.

Faz algumas décadas, os professores das Universidades públicas vêm expressando preocupação e debatendo intensamente temas como a carreira docente e salário, paridade entre ativos e inativos, isonomia salarial, defesa da Universidade pública e o papel das instituições federais no sistema de ensino superior do país. Temos lutado para garantir que a Universidade pública permaneça sendo um referencial de ensino, pesquisa e extensão, assim como resistido contra a precarização do trabalho docente, que se manifesta pela não reposição de vagas decorrentes de aposentadorias e pelo declínio dos investimentos federais em pesquisa e em infra-estrutura. Esta precarização também é evidente quando vemos o arrocho salarial da categoria docente e dos demais servidores públicos, que receberam, no primeiro semestre deste ano, o reajuste de 0,1%.

Do mesmo modo, lutamos contra a privatização das Universidades públicas – uma das imposições do Sistema Financeiro Internacional ao governo brasileiro, que tenta demonstrar uma suposta incapacidade de arcar sozinho com os custos do ensino superior no país. Diante do quadro atual, precisamos ter rapidez e coragem na ação,  e por isso nos encontramos atualmente em greve. Apesar do questionamento de alguns, a greve é, ainda, nosso principal instrumento de luta.

***

Quanto à exatidão, reconhecemos sua importância, no nosso caso, na busca pela informação e conhecimento dos fatos, procurando manter um espírito crítico em relação à realidade. A exatidão se faz presente em nosso compromisso com a verdade, considerando suas implicações para a sociedade. 

Entretanto, admitimos a inexistência de uma única certeza, assim como a de uma interpretação unívoca sobre os mais diferentes aspectos. Respeitamos essas diferenças, as diversidades que movimentam a história e que também nos obriga a estarmos atentos aos mais distintos discursos e argumentações. E por isso, estamos imbuídos do espírito democrático, acreditando que somente assim seremos capazes de levar adiante nossas lutas.

A nossa visibilidade, então, pode se fazer presente quando nos unimos em torno dos nossos objetivos, lutando pelo o que acreditamos, embora muitas vezes saibamos que seremos julgados por isso.

Neste momento, porque lutamos pelas nossas convicções, para garantir o direito constitucional à revisão salarial e preservar, minimamente, as condições de existência da Universidade pública, estamos em greve.

E é nesta conjuntura de greve que se dá a posse da nova Diretoria da ADUR-RJ. Há aproximadamente 90 dias, 38 Universidades públicas do país estão paralisadas, lutando pelo reajuste linear de 18% para a categoria docente, a partir dos pilares de isonomia e paridade, defendidos pela base do ANDES-SN.

Assim como a disputa por um reajuste salarial decente, a greve dos professores pode contribuir para a ampliação do debate sobre a política do governo para o serviço público e para a Universidade pública brasileira.

Neste sentido, a nova Diretoria da ADUR-RJ pretende dar continuidade a esta luta, reafirmando os pressupostos defendidos pelo Movimento Sindical da UFRRJ e também pelo Movimento Nacional. Foi pensando nisso, que “batizamos” a nossa chapa de ADUR: Autonomia e Luta, pois desejamos manter nossa liberdade de pensamento em relação aos partidos políticos, religiões ou órgãos governamentais de qualquer natureza, incluindo as administrações universitárias. Do mesmo modo, respeitamos as deliberações de nossa base e acreditamos no diálogo com os filiados, assim como com os representantes de entidades como o SINTUR e o DCE, para juntos, otimizarmos nossa luta em prol da Universidade pública. 

Somos também partes desta rede multiplicadora, na medida em que, como professores, procuramos estabelecer uma relação dialética com os nossos alunos, na construção do conhecimento e da aprendizagem. Temos um papel social importante, buscando a transformação de um país em uma nação mais digna, humana e igualitária. 

Como mencionamos inicialmente, a última conferência de Ítalo Calvino deveria tratar da Consistência, mas não foi escrita a tempo. Contudo, deduzimos que ter consistência é ser coerente com o que acreditamos e perseverar em cima desta crença. É não deixar de lado as convicções e as razões que nos levaram a idealizar, fundar, conversar, administrar e participar da Associação de Docentes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, acreditando no seu poder transformador, assim como no longo caminho que há para ser trilhado, junto com os nossos filiados.

Não existem idéias, princípios, categorias, entidades absolutas, estabelecidas de uma vez por todas. Tudo o que existe na vida humana e social está em constante mudança, tudo é perecível, tudo está sujeito ao fluxo da História. Segundo o princípio dialético, a História é produto social da ação dos homens. “O problema não está em interpretar a realidade, mas em transformá-la(Karl Marx).

Obrigada.

      Seropédica, 30 de novembro de 2005.


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