EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Líder do mercado de
transgênicos no Brasil firmou acordo com editora para distribuição
A
Monsanto firmou uma parceria com a editora Horizonte Geográfico para a
distribuição de material didático e de publicações sobre agricultura e meio
ambiente nas escolas públicas brasileiras. Apresentada como parte do projeto
de responsabilidade social da empresa, a iniciativa já provocou reações de
parlamentares e de organizações da sociedade civil que enxergam nela uma
forma de propaganda dos produtos transgênicos da empresa. No Rio Grande do
Sul, o deputado estadual Frei Sérgio Görgen (PT) denunciou com veemência o
projeto da empresa, lamentando o fato de que ele conte com o apoio do
Ministério da Cultura, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura. “Esta
empresa, além de incentivar o contrabando de soja transgênica no Brasil,
fazer lobby para a aprovação da Lei de Biossegurança e cobrar caro pelo uso
das sementes, agora investe pesado na lavagem cerebral de milhares de
crianças”, criticou. A editora rejeitou a acusação. “Janela para o Mundo”
A página da Monsanto
na internet (www.monsanto.com.br)
detalha os objetivos do Projeto “Janela para o Mundo”, destacando a parceria
firmada com o Ministério da Cultura. Segundo Cristina Rappa, gerente de
Comunicação da Monsanto do Brasil, a empresa escolheu “o tema agricultura e,
por extensão, ambiente, não só por estarem vinculados ao nosso negócio, mas,
também, pela importância que esses assuntos têm para o futuro do País e do
mundo”. “Nos últimos anos”, acrescentou Rappa, “temos ouvido tanto no Brasil
sobre o agronegócio, mas, muitas pessoas, principalmente as que vivem nos
centros urbanos, desconhecem como são produzidos os alimentos, as principais
culturas produzidas no Brasil, etc.”. Lúcio Mocsányi, diretor de comunicação
da empresa, diz que a idéia do projeto “foi especialmente atrativa para a
empresa, que prioriza iniciativas ligadas à educação”. Preocupação de educadores
A Rede Brasileira de
Educação Ambiental (Rebea) iniciou uma campanha através de sua página na
internet (http://www.rebea.org.br)
convocando educadores e ambientalistas a enviarem cartas e mensagens
eletrônicas para a revista Horizonte Geográfico, para o órgão gestor da
Política Nacional de Educação Ambiental e para o Ministério da Educação
(MEC), solicitando uma avaliação do projeto “Janelas para o Mundo” e a
suspensão de suas atividades até o resultado da avaliação. Segundo Vivianne
Amaral, da Rebea, é preciso ter regras claras em relação a iniciativas de
empresas e de organizações não-governamentais em escolas públicas no que diz
respeito à execução de projetos de educação ambiental, distribuição de
material para-didático e formação de alunos e professores. O projeto em
parceria com a Monsanto está distribuindo um total de 11 mil kits
educativos. A posição da editora O diretor geral da Editora Horizontes Geográficos, Peter Milko, rechaçou as afirmações de que o projeto estaria sendo utilizado pela Monsanto para fazer propaganda de seus produtos transgênicos nas salas de aula. “Em nenhum texto é mencionado o patrocinador ou algum produto ou tecnologia desenvolvida por ele”, assegurou Milko, em nota divulgada no dia 15 de abril. Segundo ele, a Monsanto aceitou, em 2005, a proposta da editora para investir no projeto. Através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a empresa terá uma isenção fiscal de 30% sobre o valor de R$ 480 mil investidos, revelou ainda. O papel do patrocinador, segundo Milko, é fornecer recursos financeiros próprios, ou através da Lei Rouanet, para viabilizar a ação educativa promovida pela editora. “Várias empresas patrocinaram outras etapas do Janela para o Mundo, e os resultados foram reconhecidos positivamente pelo poder público e por prêmios da iniciativa privada”, concluiu. Fonte: Ag. Carta Maior, Marco Aurélio Weissheimer, Porto Alegre, 26/04/2005. |