Lula diz que não acobertará ninguém e que cortará própria carne 

 

Na abertura do Fórum Global de Combate à Corrupção, presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que levará investigações sobre denúncias de corrupção no Executivo e no Legislativo às últimas conseqüências e que não acobertará ninguém. 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu no início da noite desta terça-feira (7), em Brasília, que levará as investigações sobre denúncias de atos de corrupção no Executivo e no Legislativo às últimas conseqüências e que cortará na própria carne se for preciso. Foi a primeira manifestação do presidente após a entrevista do presidente nacional do PTB, deputado federal Roberto Jeferson (PTB), que denunciou a existência de um esquema de mesada no Congresso Nacional, que seria articulado pelo tesoureiro do PT, Delúbio Soares. As declaraçaões de Lula foram feitas na abertura do Fórum Global de Combate à Corrupção, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Em seu pronunciamento, o presidente repetiu várias vezes que seu governo não compactuará com a impunidade, prometendo fortalecer as instituições responsáveis pelo combate à corrupção. "Independentemente do uso político-eleitoral que alguns estão fazendo, no meu governo, levarei as investigações até as últimas conseqüências", disse Lula. "Por isso jurei a Constituição. Sou o principal guardião das instituições deste país, funcionário público número um", acrescentou.

Lula lembrou que a corrupção é um problema crônico no país, que atravessa várias décadas e mesmo séculos. E fez uma referência ao governo anterior, ao dizer que "privatizações inadequadas, sucateamento da máquina pública e terceirização da gestão estatal" contribuiram para o aumento da corrupção no país.

O presidente também listou várias medidas de seu governo em favor da transparência dos gastos públicos e do enfrentamento da corrupção. Entre elas, citou o desmantelamento de esquemas de corrupção que duravam 12 anos, como a máfia do sangue, desmontada pela Operação Vampiro, a partir da ação da Polícia Federal.

Numa referência às denúncias feitas por Jeferson, Lula disse que o Congresso não pode estar sujeito à compra e que é preciso transparência. Para o presidente, o país sairá mais fortalecido dessa conjuntura e agora não é o momento de anunciar medidas administrativas, que não resolverão problemas de décadas e séculos. Mas o governo tomou duas medidas nesta direção hoje, afastando as diretorias dos Correios e do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). Para assumir o posto de presidente do IRB, o ministro da Fazenda, Antonio Paloccci já indicou o ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcos Lisboa. O IRB é subordinado ao Ministério da Fazenda.

Foram as duas primeiras medidas do governo após as denúncias de Roberto Jefferson. Lula assegurou que não haverá um pacote de medidas, mas que as investigações serão aceleradas de modo que nenhum envolvido, caso tenha sua culpa comprovada, fique impune.

 

Fonte: Ag. Carta Maior, 07/06/2005.


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