Lula diz que vai à cúpula da segurança atômica
No
encontro com a secretária americana de Estado, Hillary Clinton, presidente
fala
No encontro de uma hora com Hillary, porém, Lula não deu sinal em nenhum momento de que o Brasil vá ceder às pressões de Washington e assinar o protocolo adicional do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). Apesar da resistência brasileira sobre o protocolo adicional, Obama quer fazer um encontro, em maio, com a maior representatividade possível – no que a presença de Lula é considerada uma ajuda importante. A questão do protocolo, segundo assessores do presidente, não foi citada na reunião realizada no Centro Cultural do Banco do Brasil, atual sede provisória do governo. Na semana passada, em sua visita ao Brasil, o subsecretário de Assuntos Políticos do Departamento de Estado americano, William Burns, indicou o desejo de uma contrapartida nessa área por parte do governo brasileiro. A expectativa americana é que mais países venham a assinar o protocolo adicional depois da Conferência de Revisão do TNP, que será na sede das ONU, em Nova York. Os EUA querem se apresentar como exemplo e, até maio, firmar um compromisso com a Rússia de redução de seus estoques de ogivas nucleares. No âmbito doméstico, querem ratificar o acordo que proíbe totalmente os testes atômicos. A conversa entre Lula e Hillary durou uma hora e foi considerada "agradável", segundo o chanceler Celso Amorim. Por um desencontro da administração do cerimonial, Hillary ficou dez minutos no carro esperando a autorização para subir para o gabinete presidencial. Lula insistiu com a secretária de Estado que é preciso manter o diálogo entre os dois países para que a Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP-16) não fracasse. Reafirmou ainda a importância de Obama prosseguir com o diálogo juntos aos países latino-americanos, e em especial com a América do Sul. O encontro oficial foi encerrado com uma brincadeira de Lula que, sempre que pode, introduz nas conversas a candidata à sua sucessão, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Depois de posar para foto juntando suas mãos com as de Amorim e as de Hillary, Lula chamou a ministra Dilma e puxou sua mão para junto das demais. "Sabe como é, né? Quem sabe um dia", disse Lula, referindo-se à possibilidade de Dilma sucedê-lo no Planalto e de, na condição de presidente da República, vir a se encontrar novamente com Hillary e outros membros do governo Obama. Depois do encontro, Amorim disse em entrevista que as divergências entre o Brasil e os EUA refletem "diálogo, discussão e troca de pontos de vista". Não tendem a se converter em brigas, afirmou, porque se trata de "uma relação entre atores maduros, não de uma criança e um adulto ou de duas crianças". Acrescentou: "Eu não vejo nenhum problema." Lula convidou novamente Obama para vir ao Brasil. Mas a visita de Hillary não foi suficiente para que o governo brasileiro tenha a certeza de ele virá este ano. Palestinos Para Amorim, os acordos de cooperação firmados durante a visita de Hillary – para a reconstrução do Haiti, para evitar a violência contra as mulheres e para promover a igualdade racial – demonstram a convergência de políticas entre os países. De acordo com Amorim, na conversa houve referência ao Oriente Médio, quando o presidente Lula comunicou a Hillary que vai mesmo visitar Israel, os territórios palestinos e a Jordânia, na próxima semana. Disse ainda que estará, em maio, no Irã. Lula reiterou sua intenção de falar com os principais lideres do mundo, entre eles, o próprio presidente Obama, sobre a questão nuclear.
"Nós temos procurado
adotar uma solução pacífica para essa situação", comentou, referindo-se ao
conflito do Oriente Médio e à questão nuclear iraniana. Lula reiterou a
necessidade de manter conversações com o Irã para não isolar o país. Com Amorim, Hillary insinua que o Irã está ludibriando o Brasil Brasil e EUA evidenciaram nesta quarta-feira (3/3) suas divergências em temas como o programa nuclear iraniano e a democracia na Venezuela. Após de três horas de conversa com o chanceler Celso Amorim, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, insinuou à imprensa que o Irã está manobrando o Brasil, a Turquia e a China, e defendeu novas sanções contra Teerã. Como sinal de que não se dobraria à pressão, Amorim insistiu em uma solução negociada e rejeitou a ideia de que o Brasil estaria sendo "enrolado" pelo Irã. O chanceler ouviu ainda o lobby da secretária em favor dos caças F-18 Super Hornet, da americana Boeing. "Estamos observando que o Irã vai ao Brasil, à Turquia e à China e conta histórias diferentes para cada um. Pessoalmente, acredito que só depois de passarem as sanções no Conselho de Segurança da ONU (é que) o Irã vai negociar de boa-fé", afirmou Hillary Clinton. Amorim rebateu: "É possível ainda encontrar uma solução com base nos mesmos conceitos e nas mesmas ideias e preocupações que inspiraram o acordo? A nossa avaliação é que sim", disse, referindo-se ao acerto que prevê a troca de urânio iraniano por combustível nuclear. "Temos a visão de que, de modo geral, as sanções têm efeitos contraproducentes." Horas antes do encontro de Hillary com Amorim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou da posição brasileira em relação à questão nuclear iraniana: "Não é prudente encostar o Irã na parede. É preciso estabelecer negociações. Quero para o Irã o mesmo que quero para o Brasil: usar energia nuclear para fins pacíficos. Se o Irã for além disso, não poderemos concordar." Em missão de convencer o Brasil a afinar sua posição com a de cinco potências (EUA, França, Grã-Bretanha, Rússia e Alemanha) e apoiar sanções, Hillary alertou o governo brasileiro sobre o fato de que, em um momento próximo, a decisão sobre o Irã terá de ser tomada. Com isso, deixou no ar a responsabilidade do Brasil por sua posição. Diante da imprensa, a secretária de Estado tentou derrubar as principais teses que mobilizam o Itamaraty para uma solução negociada. Defendeu que o Irã tornou-se uma força desestabilizadora no Oriente Médio e afirmou ainda ser "evidente" a determinação do Irã em produzir armas atômicas. A número 1 da diplomacia americana insistiu que os EUA, assim como o Brasil, também preferem a negociação com o regime persa. Mas completou que o Irã manteve a sua porta fechada para a solução diplomática. Por fim, lembrou que as sanções constituem uma saída "pacífica". Apesar do cuidado de não deixar escapar nenhuma nesga de flexibilização da posição brasileira, Amorim lembrou que "nunca" informou como o Brasil vai votar no Conselho de Segurança da ONU. Mas insistiu que o acordo de troca de urânio iraniano por combustível nuclear terá o mérito de permitir ao país o enriquecimento do minério em baixos teores, para fins pacíficos. "Será uma perda se o Irã desperdiçar essa oportunidade." Fonte: O Estado de S.Paulo, Denise Chrispim Marin, 3/3/10.
Sociedade Brasileira de Física manifesta posição contrária
Entidade externa preocupação com os possíveis acordos bilaterais entre o
Brasil e países
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