Ciência
Estudo americano identifica as áreas ativadas no cérebro de pessoas apaixonadas. E elas estão longe do centro da razão
O mapeamento dessas áreas foi obtido a partir do cruzamento das imagens cerebrais de dezessete jovens, em dois momentos. No primeiro, eles observavam a foto da pessoa amada; no segundo, as imagens de um conhecido qualquer. Publicado na revista científica The Journal of Neurophysiology, da Sociedade Americana de Fisiologia, o trabalho conclui que as sensações intensas relacionadas ao amor se alojam no centro do cérebro, especificamente no núcleo caudal e na área tegmentar ventral (veja quadro abaixo). Tais regiões são responsáveis também pelo sistema de recompensa cerebral. Elas são ativadas tanto pelo prazer que se sente quando se mata a fome ou a sede, quanto pela satisfação experimentada por um dependente químico ao consumir drogas. O amor apaixonado faz o coração bater mais rápido, a pressão arterial subir, as pupilas dilatar, a temperatura variar bruscamente, o estômago apertar e as mãos tremer. Por uma questão de preservação da espécie, portanto, o ser humano não foi programado para viver constantemente apaixonado. "Se a paixão durasse muito tempo, o organismo entraria em colapso", diz o neurocientista Renato Sabbatini, professor da Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo. Estima-se que a paixão seja um estado com data de validade não superior a 36 meses. Depois disso... Bem, ou você se casou com o objeto de sua extinta paixão, ou partiu para outros 36 meses de pura adrenalina. Claro, há quem tente conciliar as duas coisas – o que pode ser perigosíssimo. Não para a preservação da espécie, evidentemente, mas para a do dono (ou dona) de tão incontroláveis núcleo caudal e área tegmentar ventral.
Fonte: Rev. Veja, Giuliana Bergamo, edição nº 1908, 8/6/05. |