A QUADRILHA
Aqui, Maurício
Marinho descreve quem são os principais operadores do PTB dentro dos
Correios:
"Nós somos três
e trabalhamos fechado. Os três são designados pelo PTB, pelo Roberto
Jefferson. É uma composição com o governo. Nomeamos o diretor, um
assessor e um departamento-chave. Eu sou departamento-chave.
Tudo o que nós fechamos o partido fica sabendo".
A DEMOCRACIA
INTERNA
Neste trecho,
Maurício Marinho comenta como as informações sobre os "acertos" são
partilhadas entre os membros da quadrilha:
"Tudo o que é
feito aqui tem a parte do presidente, do partido. (...) Nós temos
que ver qual é o tipo de acerto. Tenho que comunicar a ele
(refere-se a Roberto Jefferson), ao diretor (refere-se ao diretor de
administração, Antonio Osório Batista). Todo mundo tem que participar
sabendo o que está sendo feito".
O CHEFE
Maurício Marinho
deixa claro, aqui, que está a serviço do PTB e que seu chefe é o
deputado Roberto Jefferson, presidente do partido:
"O PTB é que me
dá cobertura. Ele (refere-se a Roberto Jefferson) me dá
cobertura, fala comigo, não manda recado. (...) Eu não faço nada
sem consultar. Tem vez que ele (Jefferson) vem do Rio de Janeiro só
para acertar um negócio. Ele é doidão!"
OS HOMENS
DO CHEFE
Nesta altura,
Maurício Marinho conta quem são os dois principais auxiliares do
presidente do PTB, o deputado Roberto Jefferson, e diz que a nomeação
do irmão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, pode significar um
entrave para o esquema:
"As duas
pessoas-chave dele são o Osório (refere-se ao diretor de
administração dos Correios, Antonio Osório Batista) e o presidente
da Eletronorte (refere-se a Roberto Garcia Salmeron).O único
probleminha (na Eletronorte) que ele tá administrando é que colocaram
como diretor de engenharia o irmão do Palocci".
OS VALORES
DAS PROPINAS
Nesta passagem,
Maurício Marinho explica que as propinas cobradas variam de 3% a 10%,
dependendo do tipo de negócio em questão:
"Quando é pregão
com alta concorrência, vou ser bem franco pra ti, é coisa pequena, de
3% a 5%.
Em alguns casos, tem que subir 3% (refere-se à parte que vai para
escalões superiores), fica 2%, isso dentro da empresa, isso é fechado.
Quando é serviço, 10%. Consultoria é ajustado antes, a gente senta e
conversa..."
AS FORMAS
DE PAGAMENTO
Maurício Marinho
explica como as propinas que ele cobra podem ser pagas, deixando claro
que todas as formas são igualmente aceitas:
"Aquilo que
eu acerto é comigo. Eles (refere-se a quem paga as propinas) fazem
de várias formas: dólares, euros, tem esquema de entrega em hotéis. Se
é em reais, tem gente que faz ordem de pagamento, abre conta..."
LOCAL DE
PAGAMENTO
Para
tranqüilizar seu interlocutor, Maurício Marinho explica que os
"acertos" podem ser feitos em vários escalões dos Correios, mas
adverte que é recomendável tomar "muito cuidado" para que as
negociações fiquem sob sigilo:
"Tem gente
que vem e acerta aqui, acerta lá. Não tem problema nenhum. (...)
Vamos conversar mais ou menos às 18, depois das 18, que acabou o
expediente e o pessoal vai embora, fica só a secretária, depois vai
embora também e acabou. Durante o dia é meio complicado. (...) A gente
tem muito receio de determinadas reuniões fora daqui"
APENAS UM
EXEMPLO
Para dar uma
idéia sobre a amplitude de seu trabalho, Maurício Marinho comenta que,
encarregado de elaborar um edital, ele precisava direcioná-lo de modo
a beneficiar as quatro empresas indicadas por parlamentares amigos. O
edital prevê a compra de medicamentos a ser fornecidos aos servidores
dos Correios:
"Nós temos
que atender quatro. As quatro (empresas) que vieram indicadas por
deputado A, senador B. Brincadeira de 60 milhões pra começar a
conversa".
ACHAQUE
ORGANIZADO
Neste trecho,
Maurício Marinho reclama que o PTB não rouba de forma organizada. Ele
defende que cada indicado do partido no governo federal deveria saber
exatamente sua meta de recolhimento de propinas:
"Estou
preocupado com o ano que vem. O partido é desorganizado. (...) O
que compete aos Correios, à Infraero, à Eletronorte, à Petrobras?"
TAMANHO DO
ESQUEMA
Nesta frase,
Maurício Marinho informa que os achaques do PTB, além de nos Correios,
ocorrem em outras empresas públicas:
"Nós temos
outras dezoito empresas de porte nacional".
|