Índice de Percepções de Corrupção - 2005

 

Pelo oitavo ano, a percepção internacional sobre a corrupção no Brasil permanece no mesmo nível.


De acordo com a opinião de observadores internacionais, refletida no Índice de Percepções de Corrupção divulgado em 18/10 pela Transparency International, o grau de corrupção atribuído às relações entre o Estado e a sociedade no Brasil não se alterou em relação aos sete anos anteriores.  

Para que se possa determinar a evolução do país no ranking, é impossível comparar a lista do ano passado (que incluía 146 países) com a deste ano (com 159 países). Essa comparação deve ser feita eliminando-se da lista deste ano os países que não apareciam no ano passado e reordenando a lista resultante, Ao se fazer isso, verifica-se que o Brasil passou da 59º posição para a 61º posição no ranking. Levando-se em consideração a margem de erro que afeta a posição de cada país, isso indica que o Brasil não piorou nem melhorou.  

O Índice reflete opiniões sobre a integridade das relações mantidas por todas as instituições do Estado, em todas as esferas, e não corresponde apenas aos governos nacionais, embora as ações destes últimos sejam muito determinantes na formação da opinião internacional. Assim, quando um governo empreende um conjunto organizado de iniciativas anticorrupção e que seja percebido como significativo pela opinião internacional, isso tende a se refletir numa melhoria da pontuação atribuída ao país.  

Países cuja classificação permanece inalterada são países que não são vistos pelos formadores de opinião internacionais como tendo empreendido medidas eficazes para reduzir as fraudes. É o caso do Brasil.  

O fato de que o Brasil não teve sua posição significativamente alterada pode ser visto no gráfico seguinte, em que a horizontal corresponde ao ranking de 2004 e a vertical ao de 2005. O Brasil está assinalado em vermelho. Quanto mais distante o país está da linha transversal, mais sua posição se alterou. 

Cuidados na interpretação de resultados  

Alguns cuidados devem ser tomados quando se ordenam países num ranking baseado em aquilatações deste tipo. Por exemplo, deve-se evitar raciocinar em termos de alterações da posição de países no ranking. Há dois efeitos acidentais que influenciam a posição dos países. O primeiro é que, como o ranking não tem uma quantidade fixa de países (em 2005 são 159, mas em 2004 eram 146, foram 133 em 2003 e 102 em 2002), a inclusão de novos países evidentemente provoca queda na posição de muitos outros. Isso faz com que, quanto mais baixa a posição de um país num certo ano, mais baixo provavelmente será seu ranking no ano seguinte, sem que isso signifique necessariamente um aumento em sua percepção de corrupção – na verdade, a percepção pode até melhorar, e ainda assim o país em questão pode "cair" no ranking.  

O segundo efeito, que é ainda mais decisivo, decorre da própria natureza de um ranking: Se um país sobe (desce) n posições no ranking, n outros países necessariamente cairão (subirão) uma posição, mesmo que não tenha havido alteração na percepção a seu respeito. O efeito combinado dessas subidas e descidas provoca movimentos nos países para cima e para baixo que não podem ser compensados.  

Além desses efeitos acidentais, a comparação de um ano a outro é em geral desaconselhada pela própria metodologia, pois mudanças nas pesquisas componentes do índice e ajustes estatísticos introduzidos no processo de normalização dos números afetam os resultados.
 

Fonte: Transparency International/TransparênciaBrasil


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