Governador do DF 'demite o gerúndio'
Arruda diz que idéia é acabar com a típica burocracia dos governos. O Diário Oficial do Governo do Distrito Federal (GDF) trouxe na edição desta segunda-feira (1º) decreto assinado pelo governador do DF, José Roberto Arruda, no mínimo, inusitado (veja decreto abaixo). O governador "demitiu" o gerúndio de todos os órgãos do Distrito Federal. "Fica demitido o gerúndio de todos os órgãos do Governo do Distrito Federal. Fica proibido a partir desta data o uso do gerúndio para desculpa de ineficiência", diz o texto do decreto. José Roberto Arruda, que está em Nova York, disse por meio da assessoria de imprensa que o ato é uma provocação e que a idéia é acabar com a típica burocracia dos governos. Alguns exemplos do uso de gerúndio: "estaremos providenciando", "eu vou estar confirmando os dados", "nossa empresa vai estar lhe informando", "a senhora vai estar pagando diretamente em conta corrente", entre outros. Gerúndio é 'opção sábia' A professora da Universidade de Brasília (UnB), doutora em Língua Portuguesa, Wania de Aragão, diz que a atitude do governador Arruda demonstra desconhecimento em relação ao aspecto verbal da língua portuguesa. "O gerúndio é uma categoria verbal e nominal. Este decreto mostra uma profunda ignorância com relação à língua portuguesa", indignou-se. Wania diz que o gerúndio apresenta peculiaridades que só podem ser representadas por meio de seu uso, como a idéia de simultaneidade e de processo. "Sempre que se tenta legislar sobre a língua portuguesa é um desastre. Afinal, a língua é do usuário. Os brasileiros optaram pelo uso do gerúndio, já os portugueses utilizam o infinitivo", esclareceu a professora. Ainda segundo Wania de Aragão, o uso do gerúndio é uma opção extremamente sábia em várias situações. "O que as pessoas recriminam é este bordão que surgiu referente ao uso insistente deste tempo em algumas ocasiões."
Fonte: G1, 2/10/2007.
|
|