Fuga de cérebros
Documento do Banco Mundial mostra que países pobres estão perdendo para nações mais ricas porções significativas de sua mão-de-obra mais qualificada. O fenômeno, conhecido como fuga de cérebros, deflagra um círculo vicioso especialmente perverso, pois quadros de bom nível educacional são fundamentais para o desenvolvimento de qualquer país. De acordo com o estudo, de 25% a 50% dos cidadãos com diploma de nível superior de nações como Gana, Moçambique, Quênia, Uganda e El Salvador vivem no estrangeiro, em algum país da OCDE, organização que congloba 30 das mais ricas economias do planeta. No caso de Haiti e Jamaica, a proporção de universitários desterrados ultrapassa a impressionante marca de 80%. O Brasil, ao lado da Índia, da China e da Indonésia, aparece no estudo como uma das nações com melhores perspectivas de desenvolvimento, uma vez que menos de 5% de sua população com diploma superior vive num país da OCDE. É um dado de fato animador, mas que precisaria ser relativizado. É possível que a proporção de cérebros expatriados cresça numa análise qualitativa, que, em vez de buscar o número de universitários vivendo fora, tentasse captar por exemplo quantos são os doutores atuando no estrangeiro. Vale lembrar que, dependendo do campo de atuação, é praticamente obrigatório trabalhar num grande laboratório norte-americano ou europeu. De toda forma, o Brasil parece encontrar-se numa situação privilegiada quando comparado a outros países pobres e em desenvolvimento. É preciso explorar melhor essa vantagem aperfeiçoando as pontes entre a Universidade e a indústria.
Embora o país se saia
relativamente bem nos rankings que procuram avaliar a produção científica,
faz péssima figura quando se trata de converter sua capacidade intelectual
em produtos concretos e rentáveis, como se pode verificar pelo reduzidíssimo
número de patentes brasileiras. Fonte: Folha de S. Paulo, Editorial, 31/10/2005. |