Espanha barra brasileiros
O país impede a entrada de oito viajantes por dia e embaixada não dá assistência aos detidos
Pelo direito internacional, cada nação tem liberdade para decidir sobre a entrada de estrangeiros em seu solo, e as justificativas das recusas não são obrigatórias. Às duas cabia apenas um único direito – a assistência da embaixada. “Minha irmã conseguiu falar com o Itamaraty, mas não tivemos nenhum retorno”, declara Patrícia. Um amigo dela que mora em Madri chegou a ir ao consulado, mas não encontrou nenhum funcionário. Ligou diversas vezes para o telefone de emergência do órgão, deixou mensagens, mas não teve retorno. Resultado: elas ficaram sem nenhum apoio durante três dias, comendo pão duro, carne seca e batatas fritas esmagadas com 40 pessoas numa sala de 50m2 e poucas cadeiras. Não tinham onde tomar banho ou dormir e a disputa pelo telefone era tensa. “Tinha uns 30 latinos lutando na fila por um minuto no telefone público. Eu levei 14 horas para conseguir falar com a minha família. E os policiais gritavam com a gente, dizendo que quem estava pagando a nossa comida era o governo espanhol e que o Brasil não gastava um centavo com a nossa permanência lá”, conta Camile.
O Itamaraty alega, através da sua assessoria de imprensa, que os funcionários do consulado não tinham como telefonar para elas porque o número disponibilizado era um telefone público. O professor de mestrado de Patrícia enviou ao órgão um fax com documentos que comprovavam a participação da pesquisadora num congresso, mas não teve retorno porque, segundo o Itamaraty, não havia o número no fax. Nenhum funcionário da embaixada deu assistência às brasileiras. O cônsul-geral do Brasil em Madri, Gelson Fonseca Júnior, apenas pediu esclarecimento às autoridades espanholas por telefone e e-mail, no dia seguinte. O órgão afirma que o consulado em Madri recebe cerca de 150 chamadas por dia, tem apenas três diplomatas e poucos funcionários. Ou seja, falta estrutura para atender à comunidade brasileira na Espanha, que aumenta a cada dia. Pelo visto, resta aos turistas contar com a própria sorte.
Fonte: Rev. IstoÉ, Carina Rabelo, ed. 1999, 27/2/2008.
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