Congresso destitui presidente do Equador
O
Congresso do Equador destituiu nesta quarta-feira o presidente Lucio
Gutiérrez por "abandono de cargo" e nomeou o vice-presidente Alfredo Palácio
para comandar o país. Em sessão especial convocada pela oposição, 60 dos
parlamentares votaram pela saída do presidente. A medida evita o processo de impeachment, a exemplo do ocorrido em 1997, quando o Congresso retirou do poder o presidente Abdalá Bucaram por incapacidade mental. As Forças Armadas do Equador também retiraram seu apoio ao presidente, em comunicado feito pelo ministro da Defesa, Nestor Herrera. De acordo com a agência de notícias France Presse, Gutiérrez deixou o palácio de helicóptero. Membros do governo disseram desconhecer a resolução do Congresso.
Protestos
Crise A oposição diz que a reestruturação do tribunal constitui interferência do Executivo no Poder Judiciário e acusa o presidente de buscar poderes ditatoriais. Gutiérrez se defende dizendo que as mudanças foram feitas dentro da lei.
Trazer Gutiérrez custará ao
Brasil R$ 60,7 mil Vai custar no mínimo US$ 24 mil (R$ 60,7 mil) aos cofres públicos a operação de resgate do presidente deposto do Equador Lucio Gutiérrez em Quito pela FAB (Força Aérea Brasileira). O valor leva em conta apenas o combustível e a manutenção do Boeing-737/300, da FAB, conhecido como "Sucatinha". A aeronave gasta cerca de US$ 2.000 para cada hora de vôo, em média. O valor foi calculado levando em conta apenas o percurso de cerca de 13 horas de vôo, ida e volta, de Brasília a Quito. O avião decolou do aeroporto de Rio Branco (AC) às 2h05 da madrugada e pousou 45 minutos depois na Base Aérea de Porto Velho (RO), onde há mais infra-estrutura para acomodar a tripulação. Por telefone, o comandante da operação, brigadeiro Joseli Parente Camelo, disse que ele e o resto da tripulação nem sequer se instalaram em hotéis. Permaneceram na base, diante da possibilidade de terem de embarcar "a qualquer minuto". Ele é secretário de Coordenação de Acompanhamento de Assuntos Militares do GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência).
Salvo-conduto O programa "Bom Dia Brasil", da Rede Globo, chegou a noticiar que a aeronave havia sobrevoado o território equatoriano e retornado ao Brasil, pois não teria autorização para pousar em Quito. A FAB e Camelo negaram oficialmente tais informações. A FAB aguarda o fim da negociação política entre o Itamaraty e o governo equatoriano, cuja Presidência foi assumida pelo vice de Gutiérrez, Alfredo Palacio, na quarta-feira. A principal preocupação neste momento é com a segurança física do ex-presidente, devido aos protestos de populares nas ruas de Quito. Tão logo receba garantias do governo equatoriano em relação à segurança de Gutiérrez, o Itamaraty determinará à FAB que o ex-presidente seja resgatado. O "Sucatinha" deve fazer a rota Porto Velho-Rio Branco-Quito-Rio Branco-Brasília. Fonte: Folha de S. Paulo, Iuri Dantas, 23/04/2005. |