ELEIÇÕES ANDES-SN:
Confira a entrevista com a candidata à presidência
Nos
dias 11 e 12/5, o ANDES-SN realiza eleição para escolha da sua diretoria
para o biênio 2010-2012. Cada um dos 62 mil professores aptos a votar neste
pleito deve procurar a sua Seção Sindical para se certificar quanto aos
horários e locais de votação.
Embora duas chapas
tenham se inscrito durante o 29º Congresso do ANDES-SN, realizado em Belém
(PA), de 26/1 a 1/2, apenas a Chapa 1 -
ANDES AUTÔNOMA E DEMOCRÁTICA cumpriu, no prazo determinado pelo
Regimento Eleitoral, as etapas necessárias à homologação da chapa.
De acordo com o
Regimento Eleitoral, podem votar os docentes sindicalizados ao ANDES-SN até
10/2 e que estavam com suas contribuições em dia até o dia 15/3. Os docentes
sindicalizados via Seções Sindicais reorganizadas poderão votar desde que
tenham se recadastrado até 10/2.
Mais informações,
clique aqui
Confira também a
entrevista concedida pela candidata à presidência do Sindicato Nacional
docente, Marina Barbosa Pinto, ao jornal da Adur-RJ Seção Sindical:
1 – Quais os desafios
que a Diretoria do ANDES-SN terá para o próximo biênio? Poderia resumir as
prioridades da chapa 1 para a direção do Sindicato?
No atual
estágio do capital, tem sido apregoada a idéia de que são possíveis
“relações civilizadas” entre o capital e o trabalho. É claro que isto não
ocorre onde há independência e autonomia da parte dos trabalhadores. A
tática mais utilizada pelos setores dominantes e pelo governo para
viabilizar esse tipo de relações de produção é a cooptação, é a tentativa de
aparelhamento, pela sedução via oferta de resultados imediatos,
principalmente econômicos e pela troca de favores; não conseguindo, partem
para a política de divisão do movimento social. Sob esse aspecto, um desafio
que temos pela frente é a continua luta pela unidade do movimento docente.
Não se trata de perseguir uma unidade apenas conceitual, trata-se de
vivenciar a práxis na unidade que permita o enfrentamento das questões
estruturais que atingem a universidade brasileira e por consequência trazem
desdobramentos para toda sociedade. Outro desafio que temos pela frente é
expandir essa concepção de unidade, que compreende a autonomia e
independência sindical e o exercício da democracia nas nossas ações
políticas, é a expansão do sindicato no universo tão complexo das
instituições de ensino superior. Se queremos uma universidade com padrão
unitário de qualidade temos que levar esta discussão a todos os docentes do
país e integrá-los na base do sindicato. É uma tarefa imensa, mas
indubitavelmente necessário o seu enfrentamento estratégico para que o país
pense a educação brasileira de forma completa.
Quanto às prioridades, temos que lembrar o conjunto de pontos do nosso
programa; Em defesa do Ensino Público e Gratuito; Em defesa da autonomia e
da democracia nas universidades; Em defesa da dignidade do trabalho docente;
Em defesa dos Cefets, das Fatecs e Etes; Em Defesa do caráter universitário
dos Colégios de Aplicação, espaço relevante de formação docente, lutar pela
ampliação de vagas de concurso docente e pela Carreira Única; Em defesa dos
docentes do Setor das Particulares; Em defesa da seguridade social, dos
direitos dos aposentados e da previdência social pública e pelo regime de
repartição; Em defesa dos Hospitais Públicos e Universitários; Em defesa da
Ciência e da Tecnologia; Em defesa da autonomia e da soberania dos povos,
contra as políticas do FMI, Banco Mundial, OMC e demais tratados de livre
comércio; Em defesa dos direitos trabalhistas e sindicais; Em defesa dos
movimentos sociais; Pela ampliação e fortalecimento do ANDES-SN. Estas são,
portanto, as nossas prioridades que procuraremos realizar. Faço um destaque
especial à necessidade de enfatizar a retomada do protagonismo dos
professores para que possamos, a partir do cotidiano da vida universitária,
revigorar o agir coletivo dos docentes que caracterizou a história recente
da universidade brasileira. Dar vida, pois, a esse conjunto maior de ampla
capilaridade entre os docentes, a direção e o sindicato, é a nossa
prioridade especial, condição básica para fortalecer o nosso sindicato.
2 – Quais as medidas
que nova Diretoria pretende empreender para se aproximar da base e mobilizar
os docentes para o enfrentamento ao governo?
Temos a prática de tomar decisões nas instâncias democráticas do movimento
docente organizado no ANDES-SN. Nos locais de trabalho cabe às Assembléias;
nacionalmente, essas decisões cabem ao Conad, instância intermediária, e ao
Congresso nacional do sindicato que toma as decisões como instância
superior, gerando as Políticas Sociais e organizando o Plano de Lutas para
execução no decurso do ano. No 29º Congresso, realizado em janeiro deste ano
na cidade de Belém, foram estabelecidos como eixos centrais de luta: a
valorização do trabalho docente nas universidades, contra todas as formas de
sua precarização; a luta em defesa de uma universidade pública, estruturada
com base no princípio constitucional de autonomia; ações contra as
tentativas de subordinação do sindicato a diretrizes que emanam dos
governos; e contribuição ativa e decisiva, no âmbito da CONLUTAS, no
processo de unificação e construção de uma nova central, classista, sindical
e popular. Esse, portanto, é o nosso referencial. Embora esse conjunto seja
um todo, não podemos esquecer que o aprofundamento do diálogo com o
professor em cada local de trabalho é fundamental para emular a mobilização.
A universidade, hoje, sofre com a precarização, o desrespeito à carreira
docente, a ameaça de desmonte de conquistas fundamentais como a DE, que são
essenciais para fazer avançar o ensino, a pesquisa e a extensão, e pena com
as imposições autoritárias do governo que insiste na política de
divisionismo na tentativa de moldar a universidade ao produtivismo, à
concorrência desenfreada e à meritocracia visando submete-la à lógica do
mercado e o movimento docente à esterilização política. Não será fácil.
Procuraremos mostrar que é necessária a recuperação da auto estima, que é
preciso voltar à discussão e ao debate e retomar o olhar sobre a
universidade e a sociedade, tendo o professor como sujeito especial nessa
empreitada de recomposição da universidade no cenário brasileiro.
3 – O governo Lula
empreendeu medidas com intuito de fragmentar o movimento docente e o
Sindicato Nacional. Uma delas diz respeito ao apoio fomentado ao grupo da
oposição – Proifes, que, tem criado células no âmbito das IFES. Esse grupo
tem criticado o ANDES-SN, sustentando que o Sindicato Nacional se opõe, de
forma intransigente, a toda a política do governo Lula, que as deliberações
do ANDES-SN não atingem a base em seu cotidiano, e que não há uma renovação
dos quadros da Direção Nacional. Poderia comentar essas críticas?
De início, gostaria de chamar a atenção para o fato de que a política do
governo Lula segue de perto as diretrizes educacionais do governo FHC.
Naquela época, estavam juntas todas as forças que se contrapunham às ações
neoliberais, cujo início remonta ao governo Collor de Mello. Quem viveu
esses momentos da luta há de se lembrar o esforço que fizemos para levar uma
plataforma da educação para a Constituinte, da luta conjunta no Fórum em
Defesa da Escola Pública por meio qual fizemos uma proposta extremamente
democrática para a LDB, além dos Congressos de Educação que construíram o
Plano Nacional de Educação, Proposta da Sociedade Brasileira. Com Lula no
poder, o movimento docente manteve a sua autonomia sindical e continuou a
agir criticamente em relação às novas propostas construídas com arremedos de
democracia, isto tanto em relação à reestruturação da universidade, quanto
ao Prouni que caminha na contramão da universidade pública e gratuita e
favorece o viés da privatização e o Reuni – Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais – sem garantias de financiamento para uma expansão de
qualidade e fundado na suposta competência da educação privada de
gerenciamento com melhores resultados, isto à custa da sobrecarga de
trabalho do professor além da introdução da variável pedagógica do novo
bacharelado de duvidosa eficácia na formação de profissionais, portanto, um
engodo que custará caro à universidade brasileira. Diante da nossa
resistência e independência, o governo passou a tentativa de desautorizar o
sindicato usando a tática de colocar na mesa de negociações das federais, de
forma acintosa, representantes da associação Proifes, com apoio da CUT,
firmemente aliada ao governo. Claramente e de forma pública, o governo
estabeleceu a sua ligação com uma entidade que busca dividir o movimento
docente. Quando o movimento docente recusou-se a assinar acordos impostos
pelo governo, foi no Proifes que o governo buscou o respaldo para a sua
truculência. Não podemos negar que há dificuldades de mobilização em várias
categorias, inclusive a dos docentes, mas não será com a subserviência ao
governo nem com a anulação dos princípios de autonomia sindical que iremos
resolver. Caberá ao movimento docente buscar e encontrar os seus caminhos,
por isto o ANDES-SN continua vivo e é respeitado pelo conjunto da sociedade
brasileira.
4 – A nova Diretoria
do Sindicato Nacional assumirá suas funções em um ano de eleição
presidencial, quando a candidata da situação se valerá do PROUNI, do REUNI,
das políticas de ações afirmativas (cotas) e da recente onda de contratação
de professores universitários em todo o Brasil como mote eleitoreiro. Como o
ANDES-SN poderá explicitar as mazelas da Universidade Pública para a
sociedade, na contracorrente dessa propaganda governista de falso
investimento nas instituições de ensino superior?
Certamente, que a propaganda oficial tentará utilizar alguns programas
aplicados pelo governo Lula. É evidente que não será tão simples diante dos
dados disponíveis. De acordo com o PNE aprovado no governo anterior, o
Brasil deveria elevar em dez anos a oferta de ensino superior para 30% entre
os jovens de 18 a 24 anos; segundo balanço realizado recentemente por
instituições governamentais apenas 13,7% da população dessa faixa etária
estava matriculada no ensino superior. Um dado importante diz respeito aos
gastos com educação em geral: enquanto o Congresso de Educação (1997)
propunha a elevação dos gastos de 3,5% para 10% do PIB, em uma década, o PNE
do Congresso Nacional indicou como meta 7% do PIB, artigo que foi vetado por
FHC, veto que foi mantido pelo governo Lula. Continuamos com alto índice de
analfabetismo e índices baixos de aproveitamento escolar. E o que dizer da
propaganda barulhenta da nova fórmula para o vestibular que vem naufragando
nos escândalos do vazamento dos exames, sem falar nas interrogações sobre a
sua exeqüibilidade. Ademais, é sabido que o sistema educacional brasileiro
está fraturado pela política de desconexão entre as diversas modalidades de
ensino. Da parte do ANDES-SN só há um caminho a seguir: continuar lutando
por uma proposta de educação de alcance social, tendo como base o ensino
público e gratuito, em todas as modalidades, para todos os cidadãos
brasileiros.
5 – Reportagem recente
da revista NOVA ESCOLA afirma que os jovens no Brasil não desejam ser
professores, evidenciando o desprestígio da profissão no país. Afirma que
apenas 2% dos estudantes que estão concluindo o Ensino Médio têm como
primeira opção no vestibular graduações diretamente relacionadas à atuação
em sala de aula, pois entendem que o docente é mal remunerado e pouco
valorizado. Embora não invista na Educação Básica, na contracorrente, o
governo tem incentivado, principalmente por meio do REUNI, a ampliação das
licenciaturas no país. Poderia comentar essa contradição. O que pode ser
feito, sob o ponto de vista estratégico, para valorizar a figura do docente
no Brasil e aumentar a credibilidade desses profissionais perante a
sociedade?
O que leva
ao desinteresse pela graduação para a docência é, sem dúvida, a
desvalorização da profissão. Em geral, são baixos os salários e a formação
deixa muito a desejar se considerarmos as necessidades especiais a serem
atendidas para se formar o educador. Como a demanda por docentes é questão
central, o governo apregoa soluções e entre estas aponta a expansão via
REUNI, É sabido que uma das fórmulas desse programa é a introdução de dois
ciclos: um que seria o bacharelado interdisciplinar, que atribuiria um
certificado, e o seguinte que seria o profissionalizante para os que a ele
obtivessem acesso. Quem vive a universidade sabe que a intenção do governo é
a formação de grandes turmas de alunos e a imposição de uma sobrecarga de
trabalho ao professor. Assim, apesar da propaganda, fica evidente que não é
esse o caminho para a formação de bons professores. Penso que a aplicação do
Plano Nacional de educação, proposto pelas entidades, faz indicações muito
atuais. É necessário investir e integrar a educação brasileira em um sistema
coerente, estruturar carreiras e malhas salariais de modo a permitir
segurança e reconhecimento aos professores como fundamentos de um projeto
emancipador para o nosso país.
Fonte:
ANDES-SN/ Adur-RJ Seção Sindical
|