Educação? Não é com Tarso Genro
O
ministro Tarso Genro portou-se como um magistrado diante do relatório da
Unesco que classificou o sistema educacional brasileiro em 72º lugar numa
lista de 127 países: "O resultado não é nem da história do atual nem do
último governo, mas a história de sucessivos governos que não tinham sentido
republicano, estratégia, e não consideravam a educação um bem público
essencial. (...) Queremos que o governo atual seja um marco que fará essa
virada".
Tomara, mas, se
depender do doutor Genro, é improvável que isso aconteça. Pelo seguinte:
Tudo bem. Um país onde
o ministro se orgulha de não aplicar suas idéias (sejam elas quais forem) no
cargo que ocupa, tem muita sorte quando se classifica no início da segunda
metade do mundo. O doutor Genro vai mais longe. No livro, refere-se à fusão
nuclear e ao "manto fáustico-produtivista". "Escola", "professor" ou
"aluno", no singular ou no plural, nem pensar. Como o livro é dele,
paciência.
Tarso Genro é um raro
pensador político capaz de dissertar sobre "gestão da esquerda" e "utopia
realista da esquerda" sem que as palavras "educação" e "universidade" passem
pelo seu teclado. Por essas e outras, os brasileiros sustentaram (e
sustentam) o bacharelismo verboso de "governos que não tinham sentido
republicano, estratégia, e não consideravam a educação um bem público”. * Elio Gaspari – jornalista, colunista dos jornais Folha de S. Paulo e O Globo. Fonte: Folha de S. Paulo, 10/11/2004 |