DISCURSO DO NOVO PRESIDENTE DO ANDES-SN

 

 

Prezados colegas componentes da Mesa e demais presentes. Ao saudar a todos, gostaria de agradecer a presença de cada um e, em especial, de todas as entidades aqui representadas.  

Nossa manifestação, neste momento em que se renova a diretoria da entidade, é no sentido de reafirmar os compromissos que a corrente política que acaba de ser eleita tem em relação à condução do Sindicato.

Como expresso em nosso programa, militamos pela transformação da universidade brasileira visando a torná-la instituição de domínio público, democrática, ampla no espectro de questões de que se ocupa e criticamente atenta ao trabalho que produz, no contexto abrangente da sociedade e dos conflitos que a constituem. Tendo como referência a proposta do ANDES – Sindicato Nacional para a Universidade Brasileira, lutamos por verbas e salários; pela autonomia de execução orçamentária sem interferência de entidades ou procedimentos privados nas instituições públicas; pela implantação efetiva de políticas que conduzam a um padrão unitário de qualidade

 

para a universidade brasileira; pela ampliação da rede pública de ensino e dos recursos que permitam viabilizar a gratuidade ativa, isto é, financiamento para acesso e permanência dos ingressantes. Fundamentalmente defendemos a concepção de que a educação é direito de todos, obrigação do Estado e deve ser tratada, no setor particular, como concessão de serviço público.

A essa perspectiva, os setores conservadores, na defesa de seu modelo de universidade para a elite e voltada para o mercado, se contrapõem com a exaltação do individualismo, visando a, supostamente, elevar a qualidade acadêmica. Incentivam saídas individuais para resolver problemas de financiamento e salários, viabilizadas, por exemplo, pela atuação das fundações privadas, que têm promovido o desvirtuamento do caráter público e gratuito da universidade, a descaracterização do Regime de Dedicação Exclusiva e, não raro, o uso da credibilidade das instituições públicas de ensino superior para viabilizar atividades ilegais.  

Gratificações e prestação de serviços privados em oposição a salários dignos e à adoção de políticas salariais eficazes e duradouras; eficiência produtivista individual em detrimento do espírito crítico, riqueza e excelência da qualidade intelectual e acadêmica da instituição como um todo; submissão aos interesses e ditames do mercado, controlado pelos detentores do poder econômico no país e no exterior, em oposição a uma universidade compromissada com promover o desenvolvimento humano e a qualidade de vida da população. São esses os principais antagonismos dos embates que temos travado.  

Em particular, temos presenciado a ação deletéria das políticas adotadas pelo governo, que bombardeia a comunidade acadêmica e a sociedade com as mais variadas e falaciosas propostas e medidas, destinadas apenas à manutenção do status quo de centralização do poder e da não-ampliação do financiamento da educação, uma vez que o cerne de sua ação governamental continua o mesmo de governos anteriores – a manutenção do crescente comprometimento do PIB e do orçamento público com o setor financeiro interno e externo.  

Indo além, a conduta governamental atual, em frontal desrespeito à liberdade de organização sindical, tem buscado neutralizar as entidades e os movimentos populares que insistem em permanecer críticos e independentes, em particular quando têm capacidade de se contrapor de modo robusto e fundamentado tanto na crítica e na denúncia dos muitos vieses e incoerências das suas ações, como ao propor soluções e políticas para a educação e demais direitos de cidadania, efetivamente compromissadas com o desenvolvimento social. 

Nesse sentido, vale tudo: da arbitrária suspensão do registro sindical de uma entidade com o nosso histórico e reconhecimento à cooptação explícita de setores outrora combativos no mundo do trabalho, via  desvirtuamento de sua independência em relação ao Estado ao comprá-los por meio do insidioso financiamento oficial e de parcerias com o aparelho governamental. 

No entanto, mesmo neste momento adverso, face à determinação dos muitos que têm construído este Sindicato e suas lutas, temos tido vitórias como a expressiva participação da categoria no processo eleitoral.  

É com determinação que esta diretoria assume a responsabilidade dos embates em curso e os desafios para fortalecer nossa entidade, ampliar nossa capacidade de interlocução com a categoria que representamos e dar a necessária condução para articular nossa ação com os demais setores da sociedade e da universidade afinados com a democracia e com a construção de uma sociedade justa e inclusiva. 

É assim que temos atuado desde nossa constituição e é desse modo, e contando com a participação de cada colega no interior da entidade, que pretendemos continuar a dirigir nossas posturas.  

Confiamos na capacidade de nossas instâncias organizativas para responder aos desafios colocados e, por isso, conclamamos todos a assumir as bandeiras expressas no tema deste CONAD: As lutas sociais e a defesa da universidade pública. 

 

Muito obrigado.

 

Fonte: ANDES-SN, 26/06/2008.

 


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