3ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres
O lema das mobilizações este ano é “Seguiremos em marcha até
que todas sejamos livres”, e suas reivindicações se baseiam em
quatro campos de ação: autonomia econômica das mulheres; bens comuns
e serviços públicos; paz e desmilitarização; e violência contra as
mulheres. Cerca de 3 mil mulheres de todas as regiões do país estão
fazendo uma caminhada entre dez cidades, de Campinas a São Paulo,
para dar visibilidade à luta das mulheres brasileiras e reivindicar
mudanças em suas vidas.
Redação
Entre os dias 8 e 18 de março, a Marcha Mundial das
Mulheres organiza sua 3ª Ação Internacional no Brasil. Neste
período, 3 mil mulheres de todas as regiões do país estão fazendo
uma caminhada entre dez cidades, de Campinas a São Paulo, para dar
visibilidade à luta das mulheres brasileiras e reivindicar mudanças
em suas vidas.
A Ação começou no Dia Internacional das Mulheres (8/3), em
um grande ato público no Largo do Rosário, no centro de Campinas, e
termina em São Paulo, no dia 18, em um ato na Praça Charles Miller.
O lema das mobilizações é “Seguiremos em marcha até que
todas sejamos livres”, e suas reivindicações se baseiam em quatro
campos de ação: autonomia econômica das mulheres; bens comuns e
serviços públicos; paz e desmilitarização; e violência contra as
mulheres.
Esta Ação faz parte de uma grande mobilização internacional
que vai até o dia 17 de outubro. Estão programadas atividades em 51
países, entre eles Canadá, Colômbia, França, Espanha, entre outros.
O encerramento será em Kivu do Sul, na República Democrática do
Congo.
Trajeto e programação
A marcha passará por dez cidades paulistas: Campinas,
Valinhos, Vinhedo, Louveira, Jundiaí, Várzea, Cajamar, Jordanésia,
Perus e Osasco.
Além da caminhada pela manhã, no período da tarde as
mulheres participarão de atividades de formação sobre diversos
temas, entre os quais: trabalho doméstico; saúde da mulher e
práticas populares de cuidado; sexualidade, autonomia e liberdade;
educação não sexista e não racista; economia solidária e feminista;
soberania alimentar, reforma agrária e trabalho das mulheres no
campo; agroecologia; biodiversidade, energia e mudanças climáticas;
políticas de erradicação da violência doméstica e sexual; tráfico de
mulheres e direito ao aborto. As atividades de formação serão
conduzidas pelas próprias marchantes.
Durante o trajeto está previsto um ato público na cidade de
Várzea (13/3), em que será lançado um livro sobre o histórico do dia
8 de março. As mulheres também promoverão panfletagens, batucada e
demais intervenções junto à população das cidades por onde
passarão.
Ação contará ainda com duas participações especiais. No dia
11, em Louveira, a feminista brasileira, radicada na França, Helena
Hirata, debate o trabalho das mulheres e a autonomia econômica. E em
Perus, no dia 16, Aleida Guevara, médica cubana e filha de Ernesto
Che Guevara, fala sobre paz e desmilitarização.
Números e equipes
Participam da marcha 3 mil mulheres vindas de 25 estados:
AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, GO, MA, MG, MS, PA, PB, PE, PI, PR, RJ,
RN, RO, RR, RS, SC, SE, SP e TO. São várias delegações em cada
estado, contando também com mulheres de diversos movimentos sociais
como MST, CUT, Contag, Consulta Popular, UNE, MAB e MMC.
A Marcha é construída integralmente pelas mulheres, que
foram divididas em equipes de cozinha, limpeza, infra-estrutura,
segurança, comunicação, formação e cultura, saúde, água e creche. A
cozinha será fixa e o transporte das três refeições será feito por
caminhões. Além das equipes, as delegações se revezam para os
trabalhos de limpeza dos alojamentos e cozinha.
As mulheres ficam alojadas em ginásios e tendas (veja a
localização dos alojamentos abaixo) e chegam marchando às cidades.
Serão utilizados 50 mil litros de água potável e consumidas
uma tonelada de feijão, duas de arroz, uma de carne moída, além de
outros alimentos como macarrão, legumes e frutas.
Reivindicações e plataforma política
As reivindicações da Ação estão baseadas em quatro eixos
que concentram temas chave para a vida das mulheres em todo o mundo.
São eles: autonomia econômica das mulheres; bens comuns e serviços
públicos; paz e desmilitarização; e violência contra as mulheres.
Esses eixos foram adaptados à realidade das mulheres
brasileiras e deram os contornos da plataforma de reivindicações que
será apresentada à sociedade a ao Estado durante a marcha. Entre
elas está a criação de aparelhos públicos que liberem as mulheres do
serviço doméstico, a não privatização de nossos recursos naturais, o
aumento do salário mínimo, o fim de todas as formas de violência
contra a mulher, a realização da reforma agrária e a legalização do
aborto.
A marcha também pretende demonstrar sua solidariedade à
população do Haiti após o terremoto que atingiu o país em janeiro.
Haverá coleta de contribuições para a reconstrução da ação das
mulheres da Marcha no Haiti e do movimento feminista do país.
Sobre a Marcha Mundial das Mulheres
A Marcha Mundial das Mulheres nasceu em 2000 como uma
grande mobilização contra a pobreza e a violência. Naquele ano, as
ações começaram justamente em 8 de março e terminaram em 17 de
outubro (Dia Internacional pela Erradicação da Pobreza), organizadas
a partir do chamado “2000 razões para marchar contra a pobreza e a
violência sexista”.
A inspiração para a criação da Marcha partiu de uma
manifestação realizada cinco anos antes (em 1995), no Canadá. Na
ocasião, 850 mulheres marcharam 200 quilômetros, pedindo,
simbolicamente, “Pão e Rosas”. A ação marcou a retomada das
mobilizações das mulheres nas ruas, fazendo uma crítica contundente
ao sistema capitalista como um todo. Ao seu final, diversas
conquistas foram alcançadas naquele país, como o aumento do salário
mínimo, mais direitos para as mulheres imigrantes e apoio à economia
solidária.
Histórico de ações internacionais
A Marcha Mundial das Mulheres já realizou duas ações
internacionais, em 2000 e 2005. A primeira contou com a participação
de mais de 5 mil grupos de 159 países e territórios. No ano de
lançamento da Marcha, as militantes entregaram à Organização das
Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, um documento com 17 pontos de
reivindicação, apoiado por cinco milhões de assinaturas.
A segunda ação mundial, em 2005, novamente levou milhares
de mulheres às ruas. A Marcha construiu a Carta Mundial das Mulheres
para a Humanidade, em que expressa sua visão das alternativas
econômicas, sociais e culturais para a construção de um mundo
fundado nos princípios da igualdade, liberdade, justiça, paz e
solidariedade entre os povos e seres humanos em geral, com respeito
ao meio ambiente e à biodiversidade. De 8 de março a 17 de outubro
daquele ano, as feministas construíram uma grande Colcha Mosaico
Mundial de Solidariedade, composta por um retalho de cada país.
Tanto a carta quanto a colcha viajaram por 53 países e territórios
dos cinco continentes.
Fonte: Ag. Carta Maior, 11/3/10
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