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Cuidado com o novo
sistema eletrônico do CNPq!
Até recentemente o nosso querido Sistema de Currículos Lattes (do CNPq) provavelmente era o – ou pelo menos um dos – mais completos do mundo. Por volta de 1989-1990, o CNPq fez um esforço hercúleo e bem sucedido, ao transcrever os currículos armazenados em papel para o Banco de Currículos digital. Os programas de então, chamados de "B-Curr", eram simples de preencher e relativamente amigáveis com o usuário. Quando surgiu o "Lattes", os dados (pelo menos os meus) foram transferidos, sem erros notórios, para o novo sistema. O Lattes, enquanto era permitido seu preenchimento off-line, passou por vários estágios de evolução, nem sempre amigáveis com o usuário, mas ainda era bem completo – aliás, sempre exigia da gente mais informações que tínhamos à mão, como por exemplo o CPF dos co-autores de trabalhos e dos orientados (como se a gente trabalhasse no SNI ou na ABIN e não na pesquisa). Dava um trabalho infernal buscar tais detalhes na documentação e, em alguns casos, o sistema não aceitava o preenchimento sem elas. Ao eliminar a possibilidade de preenchimento dos dados off-line, aparentemente, o CNPq efetuou mudanças estruturais profundas no sistema de banco de dados – um processo em que FORAM APAGADAS informações exigidas anteriormente, como datas precisas de varias atividades e eventos tais como palestras e congressos (agora só tem o ano). O mais assustador é que outras informações foram ALTERADAS sem avisar os titulares dos currículos. Por exemplo, eu nasci na Tchecoslováquia, numa região que, após a divisão daquele país nos anos 90 em dois, ficou na República Tcheca. Embora não exista mais, nos meus documentos a Tchecoslováquia sempre constará, pois era o país existente no momento em que nasci. Em um dos bancos de dados do Lattes, hoje só consta a República Tcheca, e o sistema me obrigou a optar por esse "País de Nascimento" (é a opção "mais verdadeira")! Ao constatar a falha em 14 de janeiro de 2007, avisei insistentemente o CNPq sobre este problema pelo e-mail suporte@cnpq.br e telefonemas, mas a única resposta foi uma "automática" via e-mail, dizendo que o problema estava sendo resolvido. Quanto aos idiomas, a história se inverte: existe o Tcheco e o Eslovaco – o primeiro eu domino bem, o segundo apenas razoavelmente. O Lattes, entretanto, me obriga a cometer mais uma incoerência ao escolher o Eslovaco e um idioma inexistente chamado de Tcheco-Eslovaco (novamente a opção "mais verdadeira")! A partir de 2003 comuniquei o CNPq repetidas vezes por e-mail e telefone que um processo meu intitulado "Informatização do Herbário do Museu Nacional", aprovado e encerrado em 10 de setembro de 2002, ainda constava na home-page como "Em análise pelo CNPq". Qual não foi minha surpresa ao abrir o meu Lattes hoje (2/6/2007) e constatar que meu país de nascimento foi mudado para a Alemanha, e que meu processo encerrado em 2002 continua "em análise"! Em janeiro, quando completei meu Lattes a última vez. Preenchi, exaustivamente, vários trabalhos completos que tive aceitos para publicação, uma grande lista de palestras que proferi e eventos de que participei. Em seguida submeti um pedido de bolsa e anexei todos os arquivos exigidos, em formato PDF, e o programa confirmou um envio sem problemas. Em abril um representante do CNPq me telefonou ao Museu Nacional informando que os arquivos HAVIAM DESAPARECIDO por problemas técnicos e me pediu que os reenviasse por e-mail, o que prontamente fiz. Na ocasião, ao verificar o currículo Lattes de novo, constatei que pelo menos cinco trabalhos aceitos que constavam do meu Lattes em janeiro haviam DESAPARECIDO. Não os encontrando nesta semana, tive que caçar os dados novamente debaixo de toneladas de papel... e reenviar. Será que na semana que vem eles vão evaporar de novo? Em 20 de maio (pelo calendário o resultado devia sair no dia 15), num exercício trabalhoso "clica-isso clica-aquilo" consegui ver que meu pleito apareceu como "indeferido" no site do CNPq. Pergunto-me, agora, se avaliação do meu pleito de janeiro não foi prejudicada pelo desaparecimento de vários dados do meu Currículo Lattes, ou pela falsa pendência no antigo processo da Informatização.
Assim, recomendo aos
colegas uma verificação semanal do seu currículo, para ter certeza que não
mudaram, por exemplo, o seu país de nascimento. O pesquisador Brasileiro com
Currículo Lattes não pode dormir sossegado! * Ruy José Válka Alves é pesquisador do Museu Nacional/UFRJ <ruyvalka@yahoo.com>. Artigo enviado pelo autor ao “JC e-mail”. (Nota da Redação: Os grifos são do autor do artigo).
Fonte: JC e-mail (Jornal da Ciência, SBPC),
5/6/2007. Resposta do CNPq à carta “Cuidado com o novo sistema eletrônico do CNPq!”
“Em relação à carta do prof. Ruy José Válka Alves, publicada em 5/6/07 [No JC e-mail], afirmamos que o processo de implantação de procedimentos totalmente eletrônicos e o previsível “período de turbulências” que acompanha esta fase – como alertado pelo CNPq – não influenciaram de nenhuma maneira o julgamento das propostas do pesquisador. O CNPq realizou uma análise em todas as versões do Currículo Lattes do prof. Ruy e não encontrou qualquer alteração ou perdas de informação. Todas as versões, recebidas pelo CNPq desde 6/2/07, estão à disposição do prof. Ruy, assim como o parecer do Comitê de Assessoramento (CA) sobre o processo citado na carta. Importante, também, esclarecer que no Currículo Lattes jamais foi necessário registrar o CPF de co-autores de trabalhos ou orientadores; também nunca foram solicitados, na versão on line ou off line, o dia e mês da produção do pesquisador.
Finalmente, os
critérios, bem como as informações curriculares dos candidatos às
modalidades de apoio do CNPq a serem utilizadas no processo de julgamento,
são definidos previamente pelos Comitês de Assessoramento. Nesse processo,
portanto, o CNPq coloca à disposição dos CA´s o currículo do candidato
apenas com os campos solicitados.” Fonte: JC e-mail (Jornal da Ciência, SBPC), 19/6/2007.
CNPq firma contrato
para certificar artigos publicados Mais uma parceria foi fechada para aumentar a certificação e credibilidade das informações publicadas no Currículo Lattes. A novidade foi o contrato firmado entre o CNPq e a International Digital Object Identifier Foundation para implantar o Sistema Digital Object Identifier (DOI) na Plataforma Lattes. O DOI é um identificador de objetos de propriedade intelectual. Ou seja, ele provê meios para a identificação unívoca de objetos da rede digital, seus dados básicos e sua fonte de origem. Atualmente, sua aplicação está associada à identificação de artigos nas principais revistas científicas. Para o CNPq, o Sistema DOI foi inserido no Currículo Lattes apenas para fins de certificação, mas já possui 34.923 objetos registrados na base da Plataforma. A sua utilização proporciona também o acesso integral do artigo publicado pelos pesquisadores, além de trazer maior confiabilidade à informação cadastrada. A partir de setembro, com o contrato firmado, os novos recursos permitirão o preenchimento automático das publicações científicas simplesmente a partir do DOI da publicação, que é um registro já adotado praticamente por todas as revistas. A digitação pelo pesquisador do DOI do artigo permitirá à Lattes acessar a base de dados da DOI Foundation, preenchendo, automaticamente, o título, o ano, o volume, fascículo, páginas da publicação e o nome do primeiro autor (apenas). A International DOI Foudantion, que mantém o Sistema, é localizada no Reino Unido e possui mais de 28 milhões de DOIs registrados.
Fonte: Ass. de comunicação do CNPq, 19/6/2007.
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