Corte do CNPq ameaça bolsistas
 

Decisão de 2002 de não-pagamento de taxas escolares poderá prejudicar alunos  de  pós-graduação  

O fim do pagamento das taxas escolares por parte do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), usadas para o custeio das mensalidades dos cursos de pós-graduação, está provocando apreensão aos bolsistas das universidades particulares de todo o país. A decisão, tomada no início do ano passado, poderá fazer com que os estudantes passem a custear seus cursos de mestrado e doutorado. Para tentar resolver o problema, alunos entregarão documento relatando a situação ao ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, que estará em Porto Alegre no dia 30. Eles ainda tentam audiência com o ministro, em Brasília, em maio. Segundo a assessoria do CNPq, o corte no pagamento deveu-se à redução no orçamento do órgão, que chegou a 45%. Ainda não há previsão para o retorno do pagamento, mas o governo federal pretende, a partir de junho, estabelecer outra taxa aos alunos, que poderá ser utilizada para compra de livros ou outros investimentos.

O pró-reitor de Ensino e Pesquisa da Unisinos, Pedro Gomes, disse que o presidente do CNPq, Erney Camargo, teria sugerido que os alunos utilizassem esse valor para o pagamento das mensalidades em aberto. O dinheiro será repassado a cada três meses e será o equivalente a um mês de bolsa dos doutorandos, ou seja, R$ 1.072,00. O total retroativo não será pago. A Unisinos prepara uma reunião com seus bolsistas para verificar quais medidas serão adotadas. Segundo Gomes, o CNPq deve cerca de R$ 170 mil para a instituição em mensalidades, desde maio de 2002, quando houve o último repasse. 'Esse problema também é dos bolsistas que estudam de graça.'

Já na PUC-RS, a cobrança das mensalidades poderá começar em maio. A atual bolsa concedida pelo CNPq para os mestrandos do país é de cerca de R$ 724,00 ao mês e, segundo o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da PUC, Urbano Zilles, o valor das mensalidades a ser repassado aos alunos oscila entre R$ 500,00 e R$ 550,00 por mês. 'Essa cobrança inviabiliza os projetos em andamento, uma vez que temos dedicação exclusiva determinada em contrato', argumentou Márcia Cavalcante, estudante do mestrado em Educação da PUC e integrante da comissão de mobilização dos bolsistas. Zilles ressalta que não são poucos os casos de alunos que abandonaram seus empregos ou mudaram de cidade para se dedicar integralmente ao projeto de pesquisa. No RS, são 4,4 mil beneficiados pelas bolsas, sendo mais da metade deles das universidades federais.

 

Correio do Povo, 22/04/2003 - Porto Alegre RS - Fabiane Madeira


 

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