GOVERNO
LULA DA SILVA INVESTE
NOVAMENTE CONTRA UNIVERSIDADE GRATUITA
A deputada até faz uma análise interessante da insuficiência de investimentos públicos na educação e ainda do fato de que, desde 1995, o montante recolhido sob a rubrica “impostos” tem sido reduzido, ao lado do brutal aumento de taxas e contribuições. E nós completamos: hoje, os impostos representam apenas 44% dos tributos recolhidos pela União). Deste modo, a vinculação de receitas estabelecida na Constituição Federal para educação e saúde é burlada e os recursos desviados para pagamento do serviço da dívida (46% do total de recursos em 2003). Ao valor que resta dessa burla, aplica-se outra tungada nas verbas vinculadas: sob o pomposo nome de Desvinculação de Receitas da União (DRU), 20% são desviados para outros fins. Pois bem, a deputada menciona todas essas burlas e tungas, mas nada propõe no sentido de impedi-las, ou mesmo minimizá-las. Sob a justificativa de que é necessário ampliar o número de vagas em universidades públicas e evitar a instituição de mensalidades nestas instituições, a deputada consegue atingir a plenitude sofismática, propondo a inclusão de novo parágrafo:
Isto é, para que a universidade pública possa continuar sendo gratuita, todos aqueles que já a cursaram ou venham a cursar, pagarão um percentual de seus salários por toda a vida! E quem pagará? Na justificativa da PEC, a deputada explica: “Quem pagará esta nova contribuição social para a educação superior? Embora uma resposta detalhada caiba à lei que vai regulamentar a PEC, é importante adiantar: paga-la-ão os atuais portadores de diplomas de graduação e pós-graduação “stricto sensu” (mestrado e doutorado), em proporção variável a uma renda bruta anual que se considerar suficiente para caracterizar a capacidade contributiva.” E quem é privilegiado? Ainda na justificativa, a deputada toma as devidas precauções, de modo que somente os privilegiados paguem: “Prevendo-se na regulamentação duas alíquotas [...] de 2%, com renda bruta média de R$ 35.000,00 e contribuição média de R$ 700,00, [...] de 3%, com renda bruta média de R$ 70.000,00 e contribuição média de R$ 2.100,00.” Isto é, a deputada propõe que somente paguem os que ganham acima de R$ 35.000,00 anuais. Se considerarmos que este novo imposto somente será pago por assalariados e que esses recebem 13 + 1/3 salários (12 salários + 13º + férias) chegamos ao altíssimo salário mensal de R$ 2.625,00 como novo ponto de definição de privilegiados! Ou seja, à época da proposição, em torno de 10 salários mínimos mensais. Pois bem, essa proposta encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça e de Redação em 24 de dezembro de 2003 e desde então não se tocou mais no assunto. No dia 28 de abril de 2005, descobrimos que ela não havia morrido, apenas estava hibernando. Veja só o que consta no Portal da Câmara.
Fonte: Boletim ADunicamp, Encarte, 6/5/2005 |