Cartas na mesa

 

Representantes de entidades universitárias e governo se reúnem para discutir  soluções  para  a  crise  das  universidades


O secretário da SESu (Secretaria do Ensino Superior) - órgão ligado ao MEC (Ministério da Educação) -, Carlos Roberto Antunes, recebeu ontem, dia 4, em Brasília, uma comitiva com representantes das principais entidades universitárias do país. A pauta da reunião, mais uma vez, foi a discussão de alternativas para superar a crise que atinge o setor.

De acordo com o reitor da UERN (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte) e presidente da ABRUEM (Associação Brasileira dos Reitores de Universidades Estaduais e Municipais), José Walter da Fonsêca, a audiência foi muito produtiva e serviu para ampliar o debate sobre o papel das universidades no novo governo. "Fomos ao MEC para estabelecer os novos fundamentos da educação superior do país", afirma.

No encontro, os representantes universitários tiveram a oportunidade de expor todos os problemas que enfrentam nas suas IES. Por sua vez, Antunes reiterou o interesse da entidade em interagir com as universidades a fim de retomar o diálogo, amplamente desgastado durante os últimos sete anos. "O secretário teve uma posição muito mais de ouvir as nossas propostas para, numa próxima reunião, analisar o que pode ser feito", conta o presidente da ABRUEM.

Apesar do objetivo pluralista do encontro, as questões da autonomia universitária e do financiamento das IES foram os principais focos da reunião. Segundo Fonsêca, a grande maioria das universidades públicas enfrenta sérias dificuldades para recuperar suas instalações, como laboratórios e bibliotecas, e, principalmente, para remunerar seus professores. "Os salários dos docentes estão defasados há, aproximadamente, sete anos", ressalta.

Para solucionar os problemas financeiros, os representantes das entidades apresentaram algumas propostas de utilização de recursos oriundos de fontes alternativas, como parte dos prêmios não retirados das loterias e também um percentual sobre as transações comerciais das empresas transnacionais que atuam no país. "Temos uma série de idéias e queremos saber a viabilidade delas, discutindo-as com o governo", conta o reitor da UERN.

Além das propostas alternativas de captação de recursos, durante o encontro, também foi debatida a regulamentação do ensino a distância para a capacitação de professores dos ensinos fundamental e médio, que, até 2006, segundo a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), deverão ser graduados. De acordo com Fonsêca, o MEC já se posicionou favoravelmente a este tema e as universidades também estão incentivando esta discussão para que possam atender esta demanda rapidamente.

Uma nova reunião entre secretário da SESu e representantes universitários já está marcada. Ambos deverão se encontrar na reunião do CRUB, que acontecerá no mês de abril, em Santa Catarina."O ministro Cristovam e eu estaremos presentes à reunião", afirma Antunes. Antes disso, porém, o secretário se encontra com os reitores das universidades estaduais e municipais na próxima terça-feira, dia 11, às 15h30, em Brasília. Este encontro deverá tratar das questões especificas destas IES.

Além de Antunes e Fonsêca, estiveram presentes ao encontro também o presidente do CRUB (Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras), Paulo Alcântara, o presidente da ABMES (Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior), Édson Franco, o presidente da ANUP (Associação Nacional das Universidades Particulares) Heitor Pinto Filho, o presidente da ABRUC (Associação Brasileiras das Universidades Confessionais) e reitor da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Antonio Carlos Caruso Ronca e demais representantes de IES.


A SESu e as Federais

Na manhã de ontem, o secretário Carlos Roberto Antunes se encontrou com os representantes da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes da Instituições Federais de Ensino Superior).O tema da reunião também foi a solução de problemas das IES. Segundo Antunes, dois pontos principais foram debatidos: a eliminação das amarras administrativas que impedem uma maior agilidade das instituições e o novo conceito de ensino superior que o ministério tenta implementar, batizado de Universidade 21. "É fundamental que as instituições de ensino superior possam se relacionar com a sociedade", ressaltou.

Para tanto, o secretário da SESu, juntamente com os representantes das IES, acredita que estas barreiras burocráticas têm de ser removidas o mais rápido possível. Algumas poderão ser eliminadas mais rapidamente, no entanto outras dependem de uma articulação com outros ministérios do governo, como explica Antunes. "Sob alguns pontos já há uma definição, mas ainda tenho de conversar com o ministro Cristovam sobre outros aspectos", salientou.

Quanto a construção do novo modelo universitário, o Universidade 21, Antunes reitera que é muito importante o engajamento das IES nesta questão. Para ele, é fundamental que as instituições de ensino superior possam se mobilizar para elaborar novas perspectivas de atuação e o ministério, juntamente com a SESu, já trabalha na idealização deste novo sistema. "É preciso construir novas concepções de universidades", concluiu.

 

Fonte:  Portal Universia – 05/02/2003.


 

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