Candidatura Serra é retrocesso, dizem professores universitários
"Sob
o governo Serra, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais
armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu
primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa
autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas.
Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo
sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de
impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se
encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das
Universidades federais", diz manifesto assinado por professores
universitários.
Redação
Um grupo de
professores universitários lançou um
manifesto em defesa da educação pública. O documento denuncia o que
representaram os anos FHC para o ensino superior e o que José Serra fez com
a educação pública de São Paulo, no curto período em que governou o Estado.
A íntegra do manifesto é a seguinte:
Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas
e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante
preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa
de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.
Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais
armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu
primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa
autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas.
Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo
sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de
impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se
encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das
Universidades federais.
Esse “choque de gestão” é ainda mais drástico no âmbito do ensino
fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede
Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007,
crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois
níveis educacionais.
Os salários da Rede Pública no Estado mais rico da federação são menores que
os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre,
entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de
trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os
professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede
Pública. Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra
costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e
sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo.
Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações,
desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe
com cassetetes.
Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito
anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi
construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais
foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as
contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações
gerou um déficit de 7.000 professores. Em contrapartida, sua gestão
incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na
Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via
terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos
currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação
continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu
sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.
No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador
geral da república”. Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta
pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo
julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação
política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma
orquestração de boatos dissemina dogmas religiosos. A celebração
bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra
paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor.
<Endereço
para assinar o manifesto>
Fonte: Ag. Carta Maior, 17/10/10.
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