Canadá recua e retoma política contra aquecimento
Atual administração do país é criticada por não tomar ações práticas para
atingir O primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, anunciou ontem que seu governo mudará a forma como trata as questões ambientais e fará mais para combater o aquecimento global. Ele afastou a ministra do Meio Ambiente, Rona Ambrose, como indicativo de suas intenções, mas não detalhou um plano de ação. A atual administração do Canadá, conservadora, é criticada por não tomar ações práticas para atingir as metas do Protocolo de Kyoto, acordo internacional que visa a reduzir a emissão de gases do efeito estufa do qual o país participa. Ele deveria cortar em 6%, até 2012, suas emissões em relação ao nível registrado em 1990 - que cresceram desde então mais de 30%. O governo conservador, no entanto, lançou seu próprio plano de combate ao efeito estufa, que amplia o prazo para 2050. Segundo cientistas, o controle precisa acontecer o mais rápido possível para que a humanidade não sofra com mudanças climáticas perigosas. Críticas ao plano foram feitas pela comunidade internacional e pelos próprios canadenses. O Partido Conservador tem forte apoio de Alberta e outras províncias ocidentais ricas em petróleo. O uso do recurso como combustível é uma das principais fontes de gases-estufa. “Nós precisamos fazer mais pelo ambiente”, disse Harper ontem. “Reconhecemos que, particularmente quando se trata de ar limpo e mudanças climáticas, os canadenses esperam muito mais.” Pesquisas de opinião pública indicam que este é um dos temas mais importantes no Canadá hoje, isso num ano em que podem ocorrer eleições no país e que a oposição cresce em apoio popular firmando o pé em políticas mais agressivas de controle das emissões. O novo líder do Partido Liberal, Stephane Dion, prometeu honrar o Protocolo de Kyoto se substituir Harper. “Eles querem fingir fazer alguma coisa? O que precisamos mesmo é de uma grande virada”, disse Dion. A discussão entre os dois promete esquentar o debate político no país em 2007. Segundo o primeiro-ministro, os conservadores fizeram mais pelo ambiente em um ano de casa do que os liberais durante seus 12 anos de liderança.
(AP e Reuters) Enquanto isso o vizinho ...
Petrolífera Exxon
financia negação do efeito estufa,
Empresa gastou US$ 16 milhões para confundir a opinião pública, diz estudo A ExxonMobil, um dos grandes conglomerados do setor petrolífero, usou uma tática já conhecida para lançar dúvidas sobre o aquecimento global. Segundo um grupo de cientistas, a empresa gastou US$ 16 milhões em ações para confundir a opinião pública, assim como já havia feito a indústria do tabaco no passado. Naquele caso, o alvo era a relação entre cigarro e problemas de saúde. "A ExxonMobil produziu incertezas sobre as causas antrópicas das mudanças climáticas globais, assim como as companhias de tabaco fizeram na tentativa de negar que os produtos feitos por ela causavam câncer de pulmão", disse Alden Meyer, da União dos Cientistas Responsáveis (UCS, na sigla em inglês) por meio de uma teleconferência. A instituição americana lançou um relatório sobre o tema nos Estados Unidos. O porta-voz da ExxonMobil não respondeu de imediato às ligações para comentar as conclusões do documento. A UCS, instituição não-governamental sediada em Cambridge, Massachusetts, disse que a empresa de energia teve sucesso em sua tática. A partir de um investimento modesto ela conseguiu criar incertezas no público em muitos pontos que já eram consenso na comunidade científica. Entre as estratégias apontadas pelo grupo está a contratação de pessoas contrárias às mudanças climáticas globais e utilização da influência da empresa na administração Bush para moldar os comunicados oficiais e as políticas de governo em relação ao tema. O relatório também atesta que a ExxonMobil financiou estudos legítimos sobre mudanças do clima, mas muito mais dinheiro foi dado para 43 organizações, entre 1998 e 2005, para que esses grupos jogassem dúvidas no ar. "Esse documento revela pela primeira vez o grau dos esforços para exagerar nas incertezas em relação ao clima" disse James McCarthy, pesquisador da Universidade Harvard. Ano quente Ao mesmo tempo em que a UCS revelou a estratégia de lobby da Exxon para negar o efeito estufa, o Escritório Meteorológico Britânico confirmou ontem previsões já feitas por cientistas ingleses de que 2007 será provavelmente o ano mais quente da história, devido aos efeitos combinados de um El Niño incipiente e do aquecimento global. Segundo o escritório, há 60% de chances de que a temperatura média global neste ano seja maior que a de 1998, até agora o ano mais quente desde que os registros começaram a ser feitos, em meados do século 19. Em 1998, a temperatura ficou 1,2 C acima da média de 14 C para todo o planeta. Embora uma mudança desse tipo pareça pequena, ela pode aumentar a força de tempestades mundo afora ao fazer evaporar mais água do oceano, fortalecendo também os furacões.
(Deborah Zabarenko, da Reuters) |