Canadá ainda é a terra de oportunidades

 

Muitos falam que o Brasil é um pólo de culturas diferentes e miscigenação. Porém, um dos maiores caldeirões culturais do globo é o Canadá: o país tem a maior taxa de imigração per capta do mundo e é um dos que mais respeitam o estrangeiro. 5,5 dos 32 milhões de moradores não têm nem o francês, nem o inglês (línguas oficiais do país) como língua materna. Considerado como terra de oportunidades pela facilidade de empregos e alta qualidade de vida, hoje, o Canadá é um dos principais destinos do intercambista.

 

Lá existem escolas públicas e privadas e o ensino é administrado pelas províncias. As universidades oferecem as mais diversas formas de graduação e pós, combinando desde a pesquisa pura aos diplomas voltados para o mercado de trabalho. Colocado como um dos melhores ensinos do globo, no Canadá todos os jovens da escola pública têm aulas de crítica da mídia. Nelas, aprendem a ler jornais e revistas e observar como funciona o mundo da comunicação. “Formar o cidadão nos seus diferentes aspectos é uma das premissas mais valorizadas no país”, conta o historiador canadense Timothy Jaffray.

Porém, Luiza Viana, gerente de produtos da CI, embora pontue o ensino canadense como excelente, sinaliza que a moeda local se valorizou bastante e conseqüentemente subiu também o custo de vida no país. “Após 2001, houve um boom de intercâmbio para a região e o Canadá passou a ter 40% do mercado brasileiro em intercâmbio. É uma cifra que tende a se manter estável e não crescer exponencialmente como cresceu”, observa.

Outro ponto importante é que diferentemente da Inglaterra e Austrália, o Canadá não permite que o intercambista com visto de estudantes trabalhe. Viana explica que é preciso sair do Brasil com cursos combinados pré-acordados, que normalmente são ligados ao setor hoteleiro. “É uma condição que o estudante desses cursos não tenha mais tempo de trabalho que de estudo”, verifica. Também dada a grande abertura do país para imigrantes e a facilidade de emprego, hoje já não é tão simples conseguir um visto. “Já tivemos casos de vistos rejeitados”, lembra Viana.

Além do excelente nível educacional, o país oferece algo que muito preocupa os pais de intercambistas: segurança. Desde 1995, o Canadá adotou uma legislação que dificulta o acesso às armas de fogo. Para Jaffray, essa é uma das grandes vantagens de sua terra natal. “Lá não há preocupação. Podemos sair à noite, andar pelas ruas. Lógico que existe violência, mas ela é efetivamente muito menor que nos outros lugares”, observa.

Dada a grande quantidade de imigrantes nas terras canadenses e a cultura de valorização da vida humana, o país avança exponencialmente em políticas governamentais voltadas às minorias da sociedade. Recentemente, o Canadá legalizou a união civil de casais do mesmo sexo. “Lembro que foi bem na época do Tsunami e, enquanto todos os líderes dos outros países deviam estar discutindo como resolver os problemas na Indonésia, eles ficavam aborrecendo o governo canadense por avançar nesta questão. Inevitavelmente, os governos conservadores não gostaram de ter o Canadá como um paradigma de avanço”, conta Jaffray. 

Outro traço característico do país é a valorização dos recursos ambientais. Lá existem centenas de parques nacionais e reservas que protegem mais de 300 mil km2 da natureza selvagem. Jaffray, que morou em uma zona rural, conta que sempre esteve em meio ao verde. “É fantástico acampar no meio do nada. Fugir das pessoas. Ficar em algum lugar recluso é uma tarefa fácil e segura no Canadá”, diz. 

Além de receberem muito bem os estrangeiros, os canadenses também gostam de fazer o intercâmbio, e o alto poder aquisitivo da população facilita tal tarefa. Tim Jaffray, por exemplo, desde pequeno teve contato com estrangeiros. Seus pais, ambos professores do ensino público de Edmonton, na província de Alberta, receberam em suas casas, ao longo dos anos, sete intercambistas brasileiros. Com o tempo e movido pela vontade de rever os “irmãos”, ao 17 anos, Jaffray, passou um ano no Brasil.

A experiência foi tão interessante que daí para frente ele não parou mais: morou em vilas campesinas do norte da China ensinando inglês, em uma reserva natural como voluntário de preservação ambiental no Equador, no Japão por meio de um intercâmbio universitário e em uma cidadezinha da Itália em um curso e arqueologia. Hoje, de volta ao Brasil, Jaffray revê os amigos e comenta o quanto aprendeu durante suas diferentes experiências pelo globo. “É incrível poder conhecer o outro e aprender com o outro. Vi que, mesmo com todos as diferenças, somos todos muito parecidos”, avalia.

 

Fonte: O Aprendiz, Julia Dietrich, 13/12/2007.

 


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