Brasileiro é acusado de roubo por universidade americana

 

Interpol aguarda EUA solicitar captura do professor Pedro Paulo dos Santos.
Escondido no Rio, teria desviado mais de US$300 mil da Georgetown University

A seção da Interpol do Rio de Janeiro aguarda pedido do governo dos Estados Unidos para tentar prender um professor, suspeito de desviar mais de US$ 300 mil da Georgetown University, renomada instituição de ensino superior americana. Ex-funcionário da universidade,  Pedro Paulo dos Santos, de 39 anos, responde a processo na Justiça Americana por roubo, lavagem de dinheiro, fraude bancária e fraude postal. Há informações de que ele está escondido em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio.

A prisão do carioca precisa ser solicitada por meios diplomáticos pelo governo americano. Caso seja localizado pela polícia, Pedro Paulo dos Santos não poderá ser extraditado para os EUA. Ele será julgado e, se for condenado, cumprirá pena no Brasil. "No nosso País, um procurado internacional só pode ser capturado se isso for solicitado pela Justiça que o condenou. No caso de um brasileiro, capturado no Brasil, ele não pode ser extraditado do País", explicou o delegado Vanderley Martins de Brito, chefe da Interpol no Rio de Janeiro.

Fonte: G1, Daniel Haidar, Rio, 13/2/2007.

 


Interpol espera pedido de prisão. (Foto-Divulgação)


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O brasileiro aproveitou-se de seu cargo - coordenador do programa de estudos brasileiros da Georgetown - para desviar os dólares. De acordo com os autos do processo, Santos preenchia notas de cobrança para supostos serviços de consultoria do “palestrante” Nelson, falsificava a assinatura da supervisora do departamento, Naomi Moniz, e depois enviava notas fiscais de Nelson Arias Inc., uma empresa fictícia. Depois que a universidade liberava os cheques, Santos os endossava como Nelson Arias e depositava em sua conta, na de sua sobrinha ou na do marido dela.

A extensão do golpe só foi descoberta depois de uma investigação do serviço secreto americano. Santos é acusado de fraude bancária, fraude postal, lavagem de dinheiro e roubo. Caso seja condenado, pode ter de cumprir até 30 anos de prisão e receber uma multa de até US$ 1 milhão.

Fuga para o Brasil

A universidade levou cinco anos para se dar conta do esquema criminoso. A instituição só percebeu o fato em janeiro de 2005, alertada pelo Riggs Bank de que Santos estava depositando cheques da universidade em sua própria conta bancária.

Confrontado por auditores, Santos admitiu o roubo e disse que iria penhorar sua casa para devolver o dinheiro à universidade. Mas, no dia seguinte, ele deixou um recado no telefone de um funcionário da universidade, informando que estava “a dez minutos de embarcar” em um avião rumo ao Brasil. “Vou estar no Brasil na hora em que você pegar este recado”, disse Santos.

Santos fugiu dos Estados Unidos em março de 2005, e, segundo informações, está escondido no Rio.

Os detalhes do caso vieram à tona no final de janeiro, depois que a Justiça americana abriu o sigilo dos autos do processo. A procuradoria pediu que o sigilo fosse quebrado porque pretende pedir à Interpol que incorpore o nome de Santos em sua lista de fugitivos.

Estranhamento

Segundo uma ex-aluna do departamento que não quis se identificar Santos causava um certo estranhamento porque adorava pregar em público sua admiração pelo presidente americano, George W. Bush, e suas convicções republicanas. Segundo ela, Santos “fabricou” também seu próprio currículo. No entanto, a universidade não divulga o documento.

A porta-voz da Georgetown, Julie Bataille, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que, por causa do “caso Santos”, a universidade está adotando controles mais rígidos para evitar esse tipo de fraude financeira. Ela disse que não poderia falar mais sobre o caso porque o processo ainda corre na Justiça americana.

Procurada pelo Estado, Lília Schwarcz também preferiu não se manifestar, alegando que não conhece Santos e que está acompanhando o caso a distância.

O departamento de seleção da Georgetown foi criticado por ter sido negligente na contratação de Santos, uma vez que o brasileiro já tinha “ficha suja”. Em 1999, ele foi condenado por entrar ilegalmente nos Estados Unidos, depois de ter sido anteriormente deportado.

Será difícil que o governo norte-americano capture Santos. Caso o professor Pedro Paulo dos Santos seja localizado no Brasil, não será extraditado para os Estados Unidos. Ele será julgado no País e, em caso de condenação, aqui cumprirá pena. Nossa Constituição proíbe a extradição de brasileiros. O Departamento de Justiça americano não comenta possíveis pedidos de extradição de Santos.

 

Fonte: Diário do Nordeste/Ag. Estado, 13/2/2007..


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