Brasil melhora em
matemática e piora em leitura,
Dados são do ranking do Pisa, elaborado pela organização. O Brasil melhorou em matemática, mas piorou em leitura, de acordo com os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e divulgado a cada três anos. Em 2006, o país conseguiu 370 pontos em matemática, contra os 356 obtidos em 2003. Já no ranking de leitura, a queda em 2006 foi dez pontos: em 2003, o Brasil tinha 403 pontos e passou a ter 393 no último relatório divulgado nesta terça-feira (4). O Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) é quem aplica a pesquisa no país e divulgará as notas por estado nessa terça. A situação é crítica para o país na avaliação da leitura: o Brasil se encontra no grupo de países que têm mais de 50% dos estudantes com dificuldades para usar a leitura como ferramenta para obter conhecimentos em outras áreas. Nessa escala, o Brasil fica lado a lado de países como Qatar, Quirguistão, Azerbaijão, Argentina, Tunísia, Indonésia, Montenegro, Colômbia, Romênia, Sérvia e Bulgária. Isso significa que a média dos estudantes do país consegue apenas localizar informações ou reconhecer temas de um texto, habilidades do nível 1, o mais básico de cinco categorias. Organizar informações, descobrir o que é mais relevante, avaliar criticamente e demonstrar a compreensão detalhada do conteúdo lido, habilidades dos alunos com as maiores médias, são distantes do contexto médio do país. Na matemática Já em matemática, a escala é divida em seis níveis e a média brasileira também se encontra na categoria mais elementar. Segundo a classificação da OCDE, no nível 1, onde está a média brasileira, os estudantes conseguem responder a questões envolvendo contextos conhecidos, nos quais todas as informações estão claramente definidas. E não conseguem, por exemplo, generalizar as informações ou aplicar o conhecimento, habilidades de estudantes classificados no nível de maior complexidade. A melhora na matemática, de acordo com o relatório da OCDE, se deve ao aumento de pontuação dos estudantes de nível mais elementar. Posições Em 2003, 41 países foram avaliados. Já em 2006, esse número passou para 57. Com isso, a posição do Brasil no ranking flutuou. Mesmo assim, seja com melhora ou com piora, o país ocupa as últimas posições da listagem: na avaliação de leitura é o 8º pior, só à frente de Montenegro, Colômbia, Tunísia, Argentina, Azerbaijão, Qatar e Quirguistão. Em matemática, é o 4º pior, superando somente a Tunísia o Qatar e o Quirguistão. Nas primeiras colocações do ranking de matemática estão Taipei (549 pontos), Finlândia (548) e Hong Kong (547). Já na lista dos melhores na avaliação de leitura aparecem a Coréia do Sul (556 pontos), a Finlândia (547) e Hong Kong (536). Em ciências, de acordo com relatório parcial divulgado na última quinta-feira (29), o Brasil conseguiu 390 pontos à frente apenas da Colômbia, Tunísia, Azerbaijão, Qatar e Quirguistão. O que é o exame O Pisa avalia conhecimentos e habilidades que capacitam os alunos para uma participação efetiva na sociedade. A avaliação em leitura busca saber qual é a compreensão, o uso e a reflexão dos estudantes sobre textos escritos para alcançar objetivos. Já na matemática a intenção é medir a capacidade de atender suas necessidades no mundo para, por exemplo, expressar idéias bem fundamentadas. Sua principal finalidade é produzir indicadores dos sistemas educacionais. São avaliados alunos na faixa dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países. As avaliações acontecem a cada três anos, com ênfases distintas em três áreas: leitura, matemática e ciências. Em cada edição, o foco recai principalmente sobre uma dessas áreas. Em 2000, o foco era na leitura; em 2003, a área principal foi a matemática; em 2006, a avaliação teve ênfase em ciências. Amostra Segundo o Inep, as provas da última edição do Pisa foram aplicadas em agosto de 2006 a 9.345 alunos de 15 anos (nascidos entre 1º de maio de 1990 e 30 de abril de 1991) matriculados na 7ª ou na 8ª série do ensino fundamental ou em qualquer série do ensino médio de 630 escolas brasileiras de todas as unidades da federação.
Fonte: G1, Simone Harnik, 4/12/2007.
RANKING DA EDUCAÇÃO
A culpa é sempre dos outros, a mídia nunca veste a carapuça. Na quarta-feira (5/12), os jornalões espernearam contra o baixo desempenho de nossos alunos no ranking internacional de compreensão de leitura. Todos, sem exceção, caíram em cima das autoridades estaduais ou federais da área da educação. O Estado de S.Paulo, seguindo a paranóia privatista, chegou a aventar a hipótese de que um ranking só com alunos da rede privada deixaria o país em 27º lugar, e não na vexatória 49º posição do conjunto de escolas. A mídia não teria uma parcela de responsabilidade na incapacidade de nossas crianças e jovens em entender o que lêem? Alguém já abriu o Globinho, o Estadinho e a Folhinha, cadernos infantis dos sábados, para verificar a qualidade dos seus textos? E a Folhateen, das segundas-feiras, estimula os adolescentes a refletir sobre o que lêem ou é apenas uma convocação para modismos e consumismo juvenis? A imprensa é uma importante ferramenta de fomento de leitura – o desleixo e a pobreza de seus textos vão aparecer lá adiante, na sala de aula. Conviria que treinasse um mea-culpa.
Fonte: Observatório da Imprensa, Alberto
Dines, 6/12/2007.
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