Brasil avança no ensino superior,
mas ainda fica na lanterna do continente

          


 

 

Estudo do Ipea mostra aumento de 123% na frequência de cursos ao longo da última década
 

O Brasil avançou ao proporcionar maior acesso ao ensino superior à sua população ao longo da última década. No entanto, o país ainda continua na última colocação da América Latina no indicador. Essas são as conclusões do estudo Juventude e Políticas Sociais no Brasil, divulgado na terça-feira (19/1) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo como trabalho, em 2007, 13,2% da população dos jovens (entre 18 e 24 anos) no país freqüentavam a universidade. Embora o número ainda esteja abaixo das metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE) – que prevê estender esse percentual para 30% até 2011 – ele representa um aumento de 123% sobre o resultado que era apurado em1996, de 5,8%.

Apesar do avanço na inclusão educacional, o Brasil ainda não conseguiu sair da "lanterna" do continente. O estudo do Ipea mostra que o Brasil tinha 213 estudantes para cada 10 mil habitantes em 2007. Trata-se de um número inferior ao de países como a Argentina – líder da região, com 531 – e mesmo da Venezuela (389) e da Bolívia (347).

"Claro que quanto maior o nível de qualificação dos trabalhadores, maior é a produtividade e o desenvolvimento do país", diz a economista Priscilla Matias Flori. Segundo ela, as dúvidas que existem são se o ensino superior em oferta hoje é eficiente e capacita os jovens a fazer a diferença no progresso do Brasil. "Considero que a resposta para essas perguntas é a mesma: não. Distribuir diplomas para que o percentual aumente não é a solução", completa.

Avanço desigual

Segundo o estudo, a principal responsável pelo aumento no número de vagas foi a política encampada pelo Ministério da Educação de incentivar a expansão das matrículas no setor privado através de bolsas e financiamentos.

No entanto, "talvez o que mais preocupe seja a qualidade desses cursos superiores, e não a quantidade de pessoas que estão neles. O que vemos, infelizmente, é uma proliferação de universidades particulares que nada acrescentam para o conhecimento do aluno. Esse é um fator que pode acarretar um impacto negativo no mercado de trabalho e, consequentemente, na competitividade do Brasil", analisa Priscilla. O avanço também se dá às custas da desigualdade regional.

No Sudeste, Sul e Centro-Oeste, o indicador de jovens que freqüentam a universidade estava na casa de 16%. Já no Nordeste e no Norte ele era respectivamente de 7,5% e de 9,0%. Também há uma forte diferença quando se leva em conta o local de habitação dos estudantes.

 

 

Fonte: Brasil Econômico, Marcelo Cabral, 20/1/10.

 


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