Brasil é o maior desmatador

 
 

Relatório aponta Brasil como maior desmatador. Seriam 31 mil quilômetros quadrados
de floresta derrubada anualmente, segundo Bird
 

Um novo relatório divulgado pelo Banco Mundial (Bird), (8/4), mostra que, entre 2000 e 2005, o Brasil foi o país que mais desmatou no mundo. Seriam 31 mil quilômetros quadrados de floresta derrubada anualmente, segundo o órgão. Em segundo lugar aparece a Indonésia: 18,7 mil km2 por ano. Em terceiro está o Sudão, com 5,9 km2.

A Amazônia é onde mais se desmata no Brasil. Os dados oficiais do governo brasileiro, computados pelo Inpe, indicam taxa de derrubada média anual na região de cerca de 22 mil km2 - ainda que dois dos três maiores índices já registrados sejam de 2004 (27.379 km2) e 2003 (25.282 km2). O Inpe não monitora outros biomas, como o cerrado e a mata atlântica.

As informações do Bird fazem parte do Relatório de Monitoramento Global 2008, que avalia o status de cumprimento das Metas do Milênio. De acordo com ele, a perda de área florestal no planeta foi de 73 mil km2 por ano entre 2000 e 2005. A África Subsaariana é a região que mais derrubou, cerca de 47 mil km2 - a América Latina e Caribe aparecem com 41 mil km2.

O leste asiático e a região do Pacífico surgem com um incremento florestal, devido especialmente a projetos de reflorestamento mantidos na China. Esse movimento mascara os altos índices de desmatamento registrados na Indonésia.

Além disso, nos últimos anos, a Indonésia cresceu sua taxa de desmatamento de florestas tropicais para alimentar o mercado mundial, especialmente o europeu, de biocombustíveis. Grandes regiões do país foram derrubadas e queimadas para dar espaço a plantações de dendê, afirmam organizações não-governamentais e observadores independentes. Como o país não mantém um programa de acompanhamento de desmatamento, como o Brasil, a extensão dos danos é estimada.

Sustentabilidade

O relatório indica que a redução dos índices mundiais de pobreza não será sustentável se florestas forem perdidas, estoques de peixes, reduzidos e o solo, degradado. “A extinção de recursos naturais e a degradação ambiental comprometem a perspectiva de crescimento em longo prazo de muitas nações em desenvolvimento”, escrevem os autores.

O Bird pede uma ação global coordenada para controlar as mudanças climáticas e lembra que eventos extremos, como secas e enchentes, afetam principalmente os mais pobres.


Fonte: O Estado de S. Paulo, 9/4/2008.
(Cristina Amorim, com Reuters)

 


Mapas de desmatamento da Amazônia estarão na internet

          

Google põe serviço no ar em 2008, após líder indígena brasileiro pedir ajuda para mapear área
 

O Google está prestes a colocar na internet, com acesso aberto, mapas detalhados da devastação na floresta Amazônica. A iniciativa surgiu após um pedido de ajuda do líder indígena Almir Suruí ao Google Earth para mapear a terra de sua tribo e, assim, protegê-la do desmatamento. A tribo fica no município de Cacoal, em Rondônia, e faz parte da Terra Indígena Sete de Setembro.

Em entrevista ao Estado, a diretora dos programas do Google Earth, Rebecca Moore, disse que ainda neste ano o site terá os mapas, que ficarão disponíveis para qualquer internauta. A iniciativa deve lançar ainda mais pressão sobre o governo, já que qualquer pessoa poderá acompanhar onde a floresta está desaparecendo.

Atualmente, o Inpe, órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, já publica na internet imagens de satélite de desmatamento na Amazônia. Porém, elas estão “brutas”, o que pode dificultar a visualização e o entendimento pelos leigos.

Tanto para a tribo dos índios suruís, de 1,2 mil habitantes, como para o Google a iniciativa é considerada “histórica”. O Google Earth é um serviço de imagens de satélite e mapas via internet acessado diariamente por milhões de pessoas.

O pedido foi feito há cerca de um ano e, agora, a empresa diz estar prestes a concluir seu trabalho de mapeamento, mas não divulgou de qual satélite utilizará as imagens. “O Brasil será um local estratégico. Imagine o quanto poderia salvar em termos de florestas com essas imagens”, afirmou Rebecca.

Ontem (8/4), o Google colocou no ar imagens e textos em inglês dos esforços do líder Almir Suruí em sua tribo. “Podemos ver como as terras desses indígenas estão cercadas de desmatamento”, disse Rebecca. Entre as informações no site, está a constatação de que, nos últimos cinco anos, 11 líderes indígenas na região foram assassinados. Almir, segundo o Google, estaria obstinado com a missão de salvar seu território, colocando correntes e barreiras para evitar invasões.

Amanhã, o índio estará em Londres e será a estrela no anúncio do Google de seus novos projetos de mapeamento no mundo. “Almir foi escolhido como um dos 35 personagens identificados no mundo e que podem ser considerados como heróis na defesa dos direitos humanos”, disse Rebecca.

A empresa, porém, afirma que não vai se limitar a colaborar só com Almir Suruí. “Temos um número importante de organizações não-governamentais (ONGs) nos procurando para saber como podem mapear áreas na floresta para fortalecer o controle e evitar o corte das árvores. Estamos estudando uma série de projetos nesse sentido”, afirmou a executiva.

Questionada se o governo brasileiro já havia sido consultado sobre a divulgação das novas imagens, Rebecca evitou responder. “Não posso falar ainda muito sobre isso. Mas tenho certeza de que todos ficarão impressionados com o que verão.”

O Google ainda pretende adicionar palavras na língua falada pelos integrantes da tribo nas ferramentas de busca da empresa americana. Mas Almir Suruí diz que não vai fornecer ao Google informações sobre como utilizar os recursos da floresta para curar doenças.

 

Fonte: O Estado de S. Paulo, Jamil Chade, 9/4/2008.

 


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