Brasil: R$ 95,6 bi para a dívida pública contra R$ 20 bi para educação e saúde

 

 

O governo brasileiro destinou R$ 95,6 bilhões ao pagamento de juros da dívida pública. O montante equivale a 4% do Produto Interno Bruto (PIB) e foi economizado entre janeiro e outubro deste ano, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional.

Todo esse dinheiro deixou de ser investido em educação, saúde, moradia, cultura e reforma agrária, entre outros direitos essenciais aos quais a população trabalhadora brasileira não tem acesso. Mesmo assim, a notícia foi dada pela imprensa comercial com um tom ufanista, como se isso fosse positivo para os brasileiros, e não apenas para o capital internacional, como, de fato, é.

No jargão neoliberal, essa “economia” que o Estado realiza para pagar juros de uma dívida que já foi paga, em detrimento das necessidades básicas da população, é chamada de superávit primário. No mesmo período de 2007, esse superávit foi de R$ 61,3 bilhões (2,92% do PIB), o que representa um aumento de 55%. Ou seja, apesar de ter arrecadado mais, o Brasil deixou de investir nas questões sociais.

Todos os gastos do governo com educação e saúde, entre outros, somaram apenas R$ 20 bilhões no mesmo período. Embora esse investimento seja 41% maior do que o realizado no mesmo período de 2007, ainda está bem abaixo da meta para 2008, que é de R$ 45,5 bilhões. (Veja o gráfico abaixo)

É por causa dessa realidade, que a mídia e o governo mascaram como positiva, que desde 2001 o movimento Auditoria Cidadã da Dívida, da qual o ANDES-SN faz parte, reivindica a realização de uma auditoria da dívida pública, mecanismo previsto na Constituição Federal.

Durante o Seminário Internacional Auditoria da Dívida na América Latina, realizado entre 12 e 14 deste mês por várias entidades sindicais e da sociedade civil organizada, em Brasília, o movimento deu exemplos de países que fazem auditoria de suas dívidas públicas, como Equador, Peru, Bolívia, Argentina e Paraguai.

No Equador, a Auditoria da Dívida já significou a inclusão, na nova Constituição equatoriana, da impugnação das dívidas ilegítimas, assim como da proibição da estatização de dívidas privadas, configurando como  ilegais  as  práticas  de  usura  e  anatocismo (juros sobre juros),

 

principais causas da explosão das dívidas externa e interna no Brasil e em vários outros países. A nova Constituição também prevê uma auditoria permanente das dívidas.

A Auditoria Equatoriana também já gerou resultados práticos, como a suspensão de contratos e o questionamento do pagamento de empréstimos irregulares.
 

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Compare o que foi investido pelo governo em áreas realmente importantes para a população com o que foi destinado aos banqueiros internacionais:

 

Fonte: ANDES-SN, 25/11/2008.

 


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