Brasil
pode cair mais em tecnologia
Para Fórum Econômico
Mundial, país tem de investir mais em educação
Sem
investimentos pesados – e urgentes – em educação, o Brasil poderá seguir
numa trajetória descendente no ranking que mede o desenvolvimento de ICT
(sigla em inglês para tecnologia da informação e da comunicação).
"A América Latina não se move de modo rápido o suficiente em relação à Ásia
em termos de acesso à internet, por exemplo. No Brasil, a real fraqueza não
é a questão da internet, mas a burocracia na máquina administrativa, no
ambiente regulatório e a falta de clareza nas prioridades do Orçamento para
a educação", avaliou Augusto López-Carlos, diretor-executivo do Fórum
Econômico Mundial.
No começo de março, o Fórum Econômico Mundial Brasil divulgou um ranking que
mostrava o Brasil na 46ª posição entre os países com maior grau de
desenvolvimento tecnológico em 2004. Na avaliação anterior, o país estava em
39º lugar. Ontem, o economista López-Carlos esteve em SP para detalhar os
componentes da pesquisa.
O índice leva em consideração diversos fatores da estrutura econômica e
tecnológica de um país, desde o ambiente macroeconômico passando pela
capacidade que as empresas e os governos têm de adotarem ferramentas de
tecnologia da informação. Aos diversos itens, são atribuídas notas de 0 a
100. Quanto menor o valor, maior é o grau de avanço tecnológico dessa
sociedade.
No indicador que mede o número de usuários de internet por 100 habitantes, o
Brasil obtém nota 53, a Argentina, 47 e o Chile, 34. Esses dados são de
2002, última informação disponível.
Mas, na avaliação de López-Carlos, o indicador mais preocupante para o
desenvolvimento tecnológico brasileiro está na dificuldade para abrir
pequenas empresas. Em países como Israel, os pequenos empreendimentos são um
dos principais responsáveis pelo surgimento de novas tecnologias.
"Segundo sondagem com empresários, a nota para a facilidade de abrir um
negócio no Brasil é 96. No Chile é 52", argumentou o economista. Entre os
países latino-americanos, o Chile é o mais bem colocado e ocupa a 35ª
posição. Cingapura lidera o ranking.
Piores indicadores
Nos itens relativos à educação, o Brasil recebe as piores avaliações. Com
relação à qualidade das escolas públicas, o Brasil recebeu uma nota 81. No
indicador que mede a qualidade do ensino de ciências e de matemática, a nota
é 79.
"Os investimentos em educação podem levar certo tempo para dar resultado,
mas têm que ser feitos com urgência. O desenvolvimento tecnológico é uma
corrida, quem não avança fica para trás", sentenciou López-Carlos.
Fonte: Folha de S. Paulo, Cíntia Cardoso,
7/4/05. |