MEC
dará bolsa para evitar
aposentadorias
O
Ministério da Educação vai criar um programa de concessão de bolsas de
até R$ 3.000,00 mensais para estimular a permanência em atividade dos
professores de ensino superior que podem se aposentar neste ano.
Segundo o MEC, o benefício será destinado a 20% do total de professores
universitários em condições de aposentadoria, embora inicialmente estejam
previstas apenas 300 bolsas.
Segundo cálculos do presidente do Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das
Instituições de Ensino Superior), Luiz Carlos Gonçalves Lucas, cerca de
8.000 professores já reúnem os requisitos para pedir a aposentadoria.
A medida foi decidida anteontem, véspera da marcha contra a reforma da
Previdência realizada por servidores públicos e na qual associações federais
de professores tiveram papel preponderante na organização.
Com o anúncio, o governo espera frear a corrida às aposentadorias que vem
ocorrendo nas instituições de ensino superior.
De acordo com o secretário de Educação Superior do MEC, Carlos Antunes, as
bolsas vão variar de R$ 2.000 a R$ 3.000 por mês e serão concedidas a
professores que já completaram o tempo para a aposentadoria integral. O
programa, segundo ele, não vai beneficiar aqueles que podem requerer a
aposentadoria proporcional.
A Constituição (artigo 37, inciso XVI) permite que os professores, mesmo
aposentados, tenham outras atividades docentes. Por esse motivo, a concessão
da bolsa é legal, de acordo com o MEC.
Os critérios para a concessão do auxílio ainda não estão totalmente
definidos, porém as bolsas devem começar a ser liberadas a partir de julho,
segundo Antunes, que esteve ontem em São Carlos (interior de São Paulo).
O MEC não sabe qual o volume de recursos disponível. Também não está
definido por quanto tempo o professor que permanecer em atividade terá
direito à bolsa. Segundo o ministério, a medida tem caráter emergencial.
O programa é uma parceria do ministério com a Capes (Fundação Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que vai pagar as bolsas.
Antunes disse que, para ser beneficiado, o professor precisa ser titular de
alguma universidade federal e ter, no mínimo, título de doutor, produção
científica e compromisso com aulas na graduação e na pós-graduação.
Segundo estimativas do Ministério da Previdência, cerca de 20% dos
professores e técnicos das universidades federais e dos institutos de
pesquisa já estão em condições de se aposentar.
Segundo o secretário, a expectativa é que sejam concedidas inicialmente
cerca de 300 bolsas, mas esse não é um número definitivo. "Não é um programa
definitivo, é provisório, apenas para enfrentarmos a emergência e para não
deixarmos as universidades perderem qualificação."
"Não vamos deixar a Previdência contaminar as universidades. Vamos criar um
programa de concessão de benefícios para não perdermos a qualificação nas
universidades públicas", disse o ministro da Educação, Cristovam Buarque, em
São Carlos.
Antunes afirmou que os professores beneficiados com as bolsas terão de
apresentar um programa de trabalho. "Nós queremos dedicação integral",
afirmou.
O secretário disse ainda que o MEC está autorizando a realização de
concursos para a contratação de 14.500 professores, em todo o país, para as
universidades federais. Esse concurso, segundo ele, vai ajudar a repor as
vagas de docentes que estejam desocupadas. Assim, quando o quadro estiver
menos desfalcado, as bolsas deverão ser suspensas.
O ministério, no entanto, ainda não sabe quanto tempo esse processo pode
demorar.
Fonte: Folha de São
Paulo, 12/06/03. |