O berço das
pesquisas
Entre as dezenas de universidades espalhadas pelo Brasil, uma boa opção para quem quer ensino de qualidade e gratuito são as 39 federais. No seu conjunto, elas têm todos os cursos de graduação existentes no País, 500 mil estudantes e oferecem cerca de 80 mil vagas todos os anos. Além disso, é em seus laboratórios que são realizadas muitas das pesquisas que contribuem para o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil. O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Mozart Neves Ramos, que também é reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), cita o desempenho das universidades federais no Provão como uma mostra da qualidade delas. "Entre as 10 universidades mais bem colocadas no último Provão, sete são federais", diz. "As outras três são a Unicamp, a USP e a PUC do Rio." Entre essas sete, destacam-se as Federais do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, que ficaram empatadas em primeiro lugar com 95% dos seus cursos com conceitos A e B. Em segundo lugar vem a Universidade Federal de Viçosa (MG), empatada com a Unicamp, com 92% de A e B. Ramos aponta outros destaques entre as universidade federais brasileiras. Segundo ele, cada federal tem suas características. Por isso, algumas delas se sobressaem em determinadas áreas. "É o caso, por exemplo, da de Viçosa, que se destaca com bons cursos em Ciências Agrárias", explica. "No caso da universidade que eu dirijo, a UNPE, o seu forte são as Ciências Exatas e a Informática. Outros destaques são as Federais do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, nas Engenharias, a do Rio Grande do Sul, em Ciências Humanas, e a de São Paulo - a Unifesp, antiga Escola Paulista de Medicina -,-- em Saúde." O presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Marlon Freire de Melo, ressalta outros aspectos das universidades federais brasileiras. "Elas não se dedicam apenas ao ensino", explica. "Todas realizam pesquisas - de campo e nos laboratórios - e trabalhos de extensão, isto é, de apoio às comunidades nas quais estão inseridas, principalmente nas áreas de saúde, educação, esportes e informática. Há ainda os hospitais universitários, que formam a maioria dos médicos brasileiros e atendem grande parte da população carente", completa. No entanto, Melo também vê problemas na federais. "Elas sofrem muito com a falta de investimentos do governo federal", diz. "Isso se reflete na falta de contratação de professores e funcionários para substituir os que se aposentam e num certo sucateamento de sua infra-estrutura." Apesar disso, ele ainda acha essas universidades uma boa opção para quem quer estudar de graça numa boa faculdade. "As federais estão pedindo socorro, mas ainda são a melhor oferta de educação pública, gratuita e de qualidade", assegura. "Continuam sendo referência em ensino, pesquisa e extensão." Essa fama foi justamente um dos motivos que atraíram o terceiranista de Engenharia de Produção Química, André Luís Elias de Oliveira, de 24 anos, para a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). "Não existem muitas faculdades tão bem conceituadas na área que escolhi", justifica. "A UFSCar é uma boa universidade, grande, com excelente infra-estrutura e bons professores." A exemplo de Melo, Oliveira também se preocupa com a queda de investimento, principalmente na reposição de professores. "Se não houver uma renovação, sua qualidano futuro de vai estar em risco", alerta. "O que segura a qualidade por enquanto são os antigos professores." A aluna do curso pré-vestibular Objetivo Juliana Isabel Giuli da Silva, de 18 anos, não está, por enquanto, preocupada com as dificuldades enfrentadas pelas universidades federais. "Elas têm bom conceito, bons cursos e boa infra-estrutura", diz. "As federais sempre se destacam nas notas do Provão." Por isso, ela resolveu prestar vestibular para Veterinária em duas delas: a de Lavras (MG) e a de Santa Maria (RS). "Sem falar que é de graça", acrescenta. "Esse dado também contou muito na hora de minha escolha."
Fonte: Portal Universia. |