AQUECIMENTO GLOBAL
CONTEXTO
Os efeitos são sentidos. E não há saída
Antes do
esperado, o fenômeno começou a mudar vida na Terra
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Conseqüências trágicas: mais furacões, como o Rita em 2005 |
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Pesquisadores
já alertavam havia várias décadas que o planeta sentiria no futuro o impacto
do descuido do homem com o ambiente. As previsões, contudo, diziam que os
efeitos só surgiriam daqui a mais trinta ou quarenta anos. Sinais recentes,
como ondas de calor inéditas e furacões avassaladores, mostram que a
catástrofe causada pelo aquecimento global já teve início. E o pior: a
ciência não sabe como reverter esses trágicos sintomas. A saída para a
geração que quase destruiu a sua espaçonave Terra é adaptar-se a secas,
furacões, cheias e incêndios florestais.
CLIMA
Será que já começou?
Temperaturas muito altas no Brasil, na Europa e nos EUA podem ser a mais
recente cilada do aquecimento global
Uma
onda de calor acima do normal varreu a Europa e os Estados Unidos nas
últimas duas semanas, provocando centenas de mortes, dizimando
plantações e disparando um novo alerta sobre as rápidas mudanças que
ocorrem no clima da Terra. Os ingleses assistiram perplexos ao
termômetro bater na casa dos 36,5 graus, a temperatura mais alta
registrada no mês de julho no país desde 1911. Na Holanda, 200 pessoas –
idosos em sua maioria – sucumbiram aos efeitos do calor. O temor dos
europeus é que se repita a maré quente verificada em 2003, que deixou um
saldo de 32.000 mortos, 15.000 deles só na França. Na semana passada,
com a temperatura batendo nos 39 graus em Paris, o governo francês
decidiu se precaver e convocou estudantes de medicina e médicos
aposentados para fazer plantões nos hospitais. |
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37,7º C - ESTADOS UNIDOS - No dia 17, uma sobrecarga no consumo de energia, usada
para refrigeração, causou um blecaute no Queens, bairro de Nova York. O
apagão durou oito dias |
Nos Estados
Unidos, em regiões da Califórnia e em Nova York, as temperaturas
chegaram à casa dos 40 graus, causando uma centena de mortes e
provocando blecautes por causa da sobrecarga no consumo da energia usada
pelos sistemas de refrigeração. No Brasil, os habitantes da Região
Sudeste também foram surpreendidos pelo calor excessivo – e fora de
hora. Em pleno inverno, São Paulo registrou temperaturas superiores a
30,2 graus. Isso não acontecia no mês de julho desde que começaram as
medições do clima na cidade, há 63 anos. |
Em todas as regiões do
globo afetadas, a explicação para a onda de calor é a mesma. Segundo os
meteorologistas, as massas de ar frio que deveriam amenizar o verão no
Hemisfério Norte e esfriar o inverno no Brasil foram desviadas por sistemas
de alta pressão, que funcionam como bloqueios atmosféricos. Esses fenômenos
sempre existiram e são ocorrências próprias da dinâmica do clima. Nas
últimas décadas, porém, vêm se tornando mais freqüentes e intensos. Um
levantamento feito pela Universidade de East Anglia, na Inglaterra, mostrou
que, nos últimos quarenta anos, a maior parte da Europa vive verões e
invernos mais quentes. Diz o meteorologista Carlos Nobre, do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais: "Ainda não conseguimos determinar com
precisão por que os bloqueios de ar frio estão ocorrendo com freqüência
maior. Mas é grande a probabilidade de que por trás deles esteja o
aquecimento global provocado pelo homem".
30,2º C -
BRASIL - São Paulo registrou no dia 24 a
temperatura mais alta dos últimos 63 anos num mês de julho. A poluição
cobriu a cidade |
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O aquecimento
global, causado pelos gases tóxicos produzidos por fábricas, automóveis
e termelétricas, não é mais uma vaga ameaça ao futuro do planeta. Ele se
tornou realidade. Está por trás dos furacões cada vez mais devastadores,
das inundações, do derretimento das calotas polares e do avanço das
áreas desérticas. Um estudo recente da Nasa, a agência espacial
americana, confirma que a temperatura média na Terra no último século
subiu 1 grau, mais da metade disso nos últimos trinta anos. Um grau
parece pouco, mas é o bastante para provocar transtornos no clima e
alterar o equilíbrio das forças que regem a natureza.
As perspectivas
para a evolução do clima no planeta não são animadoras. Um relatório da
ONU estima um aumento na temperatura média da Terra entre 2 e 4,5 graus
até 2050. Os resultados podem ser catastróficos para o meio ambiente e
para os seres humanos. Segundo os estudiosos da ONU, à medida que as
temperaturas sobem no mundo, os riscos de ondas de calor extremo
aumentam. O número de mortes relacionadas às altas temperaturas deve
dobrar nos próximos vinte anos. "Simulações feitas por programas de
computador indicam que, em 2050, verões quentes como o de 2003 serão
freqüentes na Europa", disse a VEJA a climatologista Clare Goodess, da
Universidade de East Anglia. |
As ondas de calor
costumam produzir muitas vítimas porque o corpo humano é programado para
funcionar numa temperatura interna constante de 37 graus – e não tolera
grandes variações. Sob temperatura externa muito elevada, os vasos
sanguíneos das camadas superficiais da pele se dilatam e o corpo aciona os
mecanismos do suor. Ambos os processos resfriam o organismo e impedem seu
superaquecimento. Se o organismo perde a capacidade de regular a temperatura
corporal – o que ocorre com mais freqüência em bebês, pessoas idosas, com
pressão alta ou cardiopatias –, a hipertermia pode levar à morte em poucos
minutos por parada cardíaca ou danos causados ao cérebro. O socorro tem de
ser imediato, o que nem sempre é possível quando populações inteiras ficam
expostas a ondas de calor como as que se têm abatido sobre a Europa e os
Estados Unidos.
Fonte: Rev. Veja, Leoleli Camargo, ed. 1967,
2/8/06.
Provas do aquecimento
global
Junho/2006
Vista panorâmica de região montanhosa do Alaska,
em 1941. |
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Em 2004, o mesmo ponto do Alaska apresenta uma paisagem muito diferente:
o piso de gelo
transformou-se em lago. |
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O
documentário Uma verdade inconveniente, que contou com participação do
ex-presidenciável americano Al Gore, traz essa imagem do Parque Glacial
Nacional dos Estados Unidos, em 1932. |
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Após 56
anos, já é possível perceber a diminuição na quantidade de gelo no mesmo
ponto do Parque Glacial Nacional. |
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O Monte
Kilimanjaro, na África, em 1970. |
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O mesmo
ponto do Kilimanjaro 30 anos depois. |
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A parte
peruana da Cordilheira dos Andes 20 anos atrás. |
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O mesmo ponto dos Andes peruano atualmente, com menor cobertura de gelo.
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