Ensino para adultos
A Andragogia é uma teoria antiga,
mas ainda pouco utilizada nas salas de aula brasileiras. Mais do que passar
o conhecimento, o professor de adultos precisa da ajuda do aluno o tempo
todo se quiser chegar ao seu objetivo de ensinar
Ensinar adultos exige não só conhecimento de
conteúdo, como também a descoberta de novas maneiras para transmissão dele.
A Andragogia, conceito que estabelece uma postura diferente da exigida pela
pedagogia tradicional, coloca o professor como "facilitador" e demanda uma
horizontalidade nos papéis em sala de aula.
O termo Andragogia, cujo significado é "ensino para adultos", começou a ser
usado nos anos 50 por educadores europeus e cunhado na década de 70 pelo
norte-americano Malcom Knowles. Apesar do longo tempo em discussão, nas
salas de aula brasileiras ainda falta, segundo os especialistas, uma postura
andragógica por parte do professor. "A Andragogia transcende a metodologia e
está muito mais centrada na postura do líder do processo", diz o professor
do MBA da Cândido Mendes, mestrando em Administração de Empresas da PUC-Rio
e pesquisador sobre Andragogia, Rodrigo Goecke.
Segundo a Andragogia, o ensino deve levar em conta a experiência de vida do
aluno, a situação deste (se ele trabalha ou não, por exemplo) e como o
conteúdo que está sendo passado pode ser discutido pensando-se no dia-a-dia
e nas situações cotidianas. "Para isso não há técnicas, há diversas
experiências que podem ser desenvolvidas a partir da atitude do professor",
afirma Goecke. Estas experiências devem contemplar não só o ensino em si,
mas também o sistema de avaliação, do qual o aluno também pode ajudar no
planejamento.
Conheça no quadro abaixo os princípios da
Andragogia segundo Malcom Knowles.
Princípios da andragogia
1. Adultos preciam ser envolvidos nos
processos de planejamento e avaliação do ensino que estão recebendo;
2. Experiência (e erros) fornecem a base para atividades de
aprendizado;
3. Adultos são mais interessados em aprender assuntos que tenham
relevância para seu trabalho ou vida pessoal;
4. O aprendizado adulto é um problema mais centrado do que orientação
de conteúdo. |
Condições de aprendizado
Para o professor da Faculdade de Educação e diretor do Centro de Educação a
Distância da UnB Bernardo Kipnis, a Andragogia, essencialmente, prega que se
devem criar maneiras novas para que o aluno aprenda. "O que varia são as
condições dele. O professor deve pensar em como trabalhar para que o aluno
se sinta motivado e interessado no que está aprendendo. Para isto, o
diferencial será a experiência de vida e a bagagem deste aluno", explica.
A postura mais "democrática" do professor é o que cria o ambiente
andragógico em sala de aula e exige ainda mais liderança por parte dele. "Em
uma situação destas, pensando friamente, é muito mais fácil virar baderna do
que em uma sala onde o professor é ditatorial. O docente precisa ter seu
foco bem determinado e não deixar que a discussão livre saia do eixo", diz
Goecke.
Treinamento de docentes
Com o maior ingresso de docentes vindos diretamente do mercado de trabalho,
sem orientação metodológica de ensino, portanto, a Educação fica
prejudicada? Goecke e Kipnis acreditam que a contratação de docentes deve
levar em conta as duas coisas: experiência acadêmica e profissional. "Hoje,
para determinados cursos, o conhecimento profissional tem um peso muito
grande, mas este professor pode não ter bagagem educacional. Por outro lado,
existe uma tradição de valorização da titulação, que às vezes não atende ao
conhecimento prático do mercado", explica Kipnis. A solução, segundo ele,
deveria ser a maior oferta de cursos preparatórios para o docente, seja ele
oriundo do meio acadêmico ou profissional.
Fonte: UniversiaBrasil, 05/04/2005. |