Governo faz alteração
em regras sobre transgênicos
O
governo federal fixou novas regras para o plantio de sementes geneticamente
modificadas de soja e algodão em áreas próximas de unidades de conservação,
como parques e reservas ambientais.
A medida determina a
proibição do plantio de soja transgênica numa área de entorno inferior a 500
metros da unidade preservada. No caso do algodão, a distância da proibição
do plantio - chamada de área tampão - pode variar entre 800 metros e 5 km.
A maior distância será
exigida no caso de a unidade de conservação apresentar alguma espécie
silvestre ou 'parente' do algodão, o que facilitaria a contaminação pela
espécie transgênica.
As regras alteram a
Lei de Biossegurança, aprovada em 2005, que fixava a distância padrão de 10
km.
'Este marco era
exigido nos casos em que a unidade de conservação não tivesse definida a
área de segurança ou em casos em que planos de manejo não fossem aprovados',
disse o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio
Ambiente (MMA), João Paulo Capobianco. 'Na prática, porém, ele raramente era
usado’.
Justamente por isso,
ele descarta a acusação de que a nova regra do governo seja mais benevolente
com agricultores e facilite o plantio de sementes transgênicas.
'É justamente o
contrário. As novas regras corrigem uma distorção da Lei de Biossegurança,
que legislava somente pensando na soja, não em outras sementes, que
futuramente seriam aprovadas no País’.
Ontem, logo depois da
divulgação das novas regras - um decreto presidencial e uma Medida
Provisória - a organização não-governamental Greenpeace
divulgou uma nota acusando o
governo de relaxar na vigilância sobre organismos geneticamente modificados.
Na carta, a ONG
classificou a mudança como 'afronta ao princípio da precaução'.
Capobianco acrescentou
que as novas medidas determinam que a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTNBio) dê subsídios ao MMA para que ele possa estabelecer a
distância ideal da área tampão para espécies geneticamente modificadas.
Fonte: O Estadão, Fabíola Salvador e Lígia
Formenti, 2/11/2006.
Áreas
protegidas ameaçadas por transgênicos
Governo edita Medida Provisória que reduz distância mínima entre
plantio de transgênicos e unidades de conservação
O
Presidente Lula assinou ontem a Medida Provisória (MP) 327/06
para reduzir a zona de amortecimento – área tampão que separa as
unidades de conservação das áreas de plantio de organismos
geneticamente modificados (OGMs). De acordo com a nova MP, as
zonas de amortecimento passam a ser determinadas caso-a-caso
para cada uma das variedades transgênicas, por meio de decreto
presidencial.
As zonas
de amortecimento tinham sido regulamentadas pela Lei de
Biossegurança, aprovada em 2005, e garantiam uma distância
mínima de 10km entre o plantio de transgênicos e as unidades de
conservação. A MP revogou o artigo que regulamentava essa
distância, e o primeiro decreto presidencial, número 5950/06,
publicado junto com a Medida, trata de duas variedades já
aprovadas no Brasil: a soja e o algodão. De acordo com as novas
regras, fica estabelecida uma distância de 500metros para a soja
transgênica Resistente ao Roundup (RR) e 800metros para o
algodão transgênico inseticida (Bt). Quando houver parentes
silvestres do algodão na unidade de conservação, a distância
aumenta para 5km.
Para o
Greenpeace, essa decisão é uma afronta ao princípio da precaução
e não poderia ter sido tomada sem uma consulta à sociedade. “A
sociedade civil brasileira exige respeito à biossegurança e ao
meio ambiente do país e repudia qualquer medida que possa
colocar em risco a segurança ambiental brasileira”, disse
Gabriela Vuolo, da campanha de engenharia genética do Greenpeace
Brasil.
O
Greenpeace avalia que esta MP seja uma medida para agradar
agricultores e multinacionais da área de biotecnologia, e que
teria como conseqüência a possível expansão da área de cultivo
transgênico no sul do país. No Paraná, por exemplo, a indústria
Syngenta foi recentemente multada por ter feito um cultivo
experimental de soja transgênica na zona de amortecimento do
Parque Nacional do Iguaçu, reconhecido pela UNESCO como
Patrimônio da Humanidade. Até hoje a Syngenta não pagou a multa
de R$1 milhão estabelecida pelo Ibama.
“Se antes
dessa Medida, as zonas de amortecimento eram desrespeitadas,
agora a situação só tende a piorar”, alerta Vuolo. “Gostaríamos
de acreditar que o governo vai proteger as unidades de
conservação. Mas se o Ministério da Agricultura até hoje não tem
dados precisos sobre a quantidade e a localização dos plantios
transgênicos no país, como o governo pretende fiscalizar cada
uma das zonas de amortecimento?”, questionou Gabriela.
O
Greenpeace publicou no dia 17 de outubro um protesto virtual e
convidou os brasileiros a enviarem mensagens de repúdio ao
governo Lula; 5.057 pessoas participaram. Mesmo assim, o governo
preferiu ignorar esses pedidos e atender aos interesses das
indústrias de biotecnologia e de alguns poucos agricultores.
Fonte: Greenpeace, São Paulo,
01/11/2006 |
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Leia
a MP:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Mpv/327.htm
Veja
o decreto:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5950.htm
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