MÍDIA EM CRISE
Os Civita refinanciam 68% da dívida. Os Marinho
conseguem O mercado publicitário melhorou, mas a crise da mídia brasileira persiste. Na quarta-feira 20, a Editora Abril, que publica a Veja, anunciou uma espécie de concordata branda, chamada pela própria empresa de reperfilamento de parte da dívida de R$ 780 milhões. Em fato relevante, a Abril informou ter refinanciado 68% dos passivos, ou R$ 485,9 milhões, sem desconto ou perdão. A dívida será paga em três parcelas: 20% até dezembro de 2006, 40% no fim de 2007 e o restante até o fim de 2008. No ano passado, a Abril vendeu 13,8% do controle para o grupo financeiro Capital International por R$ 150 milhões. Na quinta-feira 21, foi a vez da Globopar, holding da família Marinho, anunciar que os últimos quatro grupos de credores aceitaram os termos da reestruturação proposta pela empresa. Eles detêm 81% da dívida (US$ 822,5 milhões). Os outros dois grupos já haviam aceitado a proposta em março deste ano. A Globopar, que tem uma dívida total de cerca de R$ 4 bilhões, estima gastar entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões na troca de papéis, o que deve representar um abatimento de até US$ 400 milhões na dívida em poder do mercado. Os novos títulos serão garantidos tanto pela Globopar quanto pela TV Globo.
PRIVATARIA
Para
salvar ferrovia privatizada nos anos 90, o
BNDES A boquinha das privatizações dos anos 90 está no fim, provavelmente você não pegou nem uma migalha das sobras, mas prepare-se para pagar a conta. O governo acaba de dar o aval para o BNDES, em aliança com os fundos de pensão estatais, injetar cerca de R$ 1,2 bilhão na Brasil Ferrovias. Se a operação for concluída, o banco de desenvolvimento passará a deter 50% da companhia. Em resumo, a ferrovia será reestatizada. A Brasil Ferrovias é fruto de um sonho megalômano do empresário Olacyr de Moraes e a ação dos magos da privatização do governo Fernando Henrique Cardoso. A criação de uma holding, a reunir a Novoeste, a Ferronorte e a Ferroban, foi saudada como sinais de novos tempos no setor ferroviário brasileiro, o momento em que, finalmente, o País usaria os trilhos de forma eficiente e produtiva, em prol do crescimento e da competitividade. Alguns anos depois, sobram ruínas. O grupo deve R$ 357 milhões ao Tesouro Nacional pela falta de pagamento das parcelas de arrendamento e concessão da Ferroban e da Novoeste. Enquanto as fundações e o BNDES entram com a grana, a única iniciativa dos sócios privados parece ser a de arrumar um jeito de se livrar do mico. Com o aporte, os bancos JP Morgan e Bradesco, fundos de investimento dos Estados Unidos e a Constran, de Olacyr de Moraes, vão reduzir sua parcela de participação na companhia. Chega ao fim mais uma aventura do capitalismo à brasileira.
Fonte: Carta Capital, Edição n. 339, 27/04/2005 |