Publicação da
Associação dos Docentes da
UFRRJ - Seção
Sindical do Andes-SN
Filiada à CUT
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Nº 57
12 de dezembro de 2003
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ADUR
Informa - Publicação da Associação dos Docentes da
UFRuralRJ.
Conselho Editorial: Abner Chiquieri, Áurea
Echevarria, Luciana Nóbrega, Luiz
Mauro, Nídia Majerowicz, Valdomiro Neves, Ricardo Berbara.
Edição e editoração:
Regina Rocha
(Reg. 16269/MTb).
Reportagem
e redação:
Regina Rocha e
Ana Manuela Soares.
Fotos:
Lenin Pires.
As matérias não assinadas são de responsabilidade do Conselho
Editorial. |
FESTEJAR A HISTÓRIA E
REFORÇAR O FUTURO |
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Ao centro, os profes-sores Laélio
Nunes de Lima e Canrobert Ne-to: antigos e novos diretores da ADUR
na solenidade de posse, dia 4/11, na sala 48 P1, marcada por
homena-gens e muita emoção. |
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A diretoria da ADUR, biênio 2003/2005
tomou posse no último dia 04 de novembro, em uma solenidade
marcada pela emoção e pela reafirmação de luta e resistência de
nossa entidade.
Esta gestão, em alguns aspectos, não encontra uma situação
diferente das anteriores. O governo já contabiliza a aprovação da
reforma da previdência (os fundos privados já fazem propaganda na
TV) e prepara novos ataques. Sem deixar clara a sua intenção,
anuncia que irá apresentar uma reforma para as universidades e que
o “pau vai comer” (sic). Mantém o arrocho salarial e discute
reformas sindicais e trabalhistas excluindo destas discussões os
sindicatos e os trabalhadores. Tudo coincidentemente na linha do
que defendem os “credores” da nossa “dívida” e os organismos
financeiros internacionais.
O cenário não é novo e os professores, assim como toda a
comunidade universitária, vêm sentindo isto na pele. Através do
congelamento de vagas de docentes e de técnicos-administrativos,
do recrudescimento das avaliações produtivistas (GID, GED, Sistema
CAPES, etc) e da precarização das condições de trabalho, o governo
vem implantando “por dentro”, e gradativamente, os “escolões” e
tentando desmontar a universidade crítica e criativa. Mais do que
isto o governo vem pressionando e retirando, cada vez mais, os
direitos dos trabalhadores das universidades. Ao mesmo tempo que
se exige maior “produção”, se diminui os recursos humanos e
materiais para as atividades de ensino, pesquisa e extensão. Hoje,
o professor é obrigado a uma carga de trabalho que sacrifica seus
finais-de-semana, noites e feriados. Quantos de nós irão gozar
estas férias sem encargos acadêmicos acumulados?
Na mesma linha, a recente crise, exposta com o reajuste do
bandeijão, nos lembra que estas políticas, ocivas à universidade,
estão presentes cada vez mais em nossos locais de trabalho, de
maneira insidiosa. A ADUR e o ANDES defendem historicamente o
ensino público, gratuito e de qualidade. Esta bandeira engloba não
só a qualidade das aulas ministradas, mas também a criação de
condições para que o aprendizado possa se desenvolver plenamente.
Os recursos obtidos da sociedade através de impostos devem, dentre
outras coisas, permitir o acesso de todos à educação, incluindo os
cursos superiores.
O acesso à alimentação faz parte desta bandeira. No entanto,
passou-se a aceitar, de forma resignada, uma política perversa de
supressão de verbas para este tipo de despesa, transferindo para o
interior da universidade a briga por migalhas. O governo com sua
política que prioriza o pagamento das dívidas e o ajuste fiscal
atrasa a remessa de recursos para as universidades, e ao invés de
se lutar por mais verbas para educação, estabelece-se internamente
um conflito entre verba para o bandejão x verba para ensino,
pesquisa e extensão. Está então instalado o equívoco.
Não podemos nos enganar, somente a comunidade e os movimentos
sociais podem combater estas questões. A administração da UFRRJ
pode mover-se apenas no campo institucional; age no espaço que lhe
é concedido pelo Planalto, replica as políticas que lhe são
impostas historicamente e, como não poderia deixar de ser, atua,
na prática, a favor do discurso governista. Devemos ter claro que
esta delimitação de campos irá continuar e ficará exposta sempre
que surgirem as conseqüências ou novos fatos ligados à
implementação destas políticas no âmbito da UFRRJ. E isto remete
para a comunidade o embate.
A reação discente atual, as últimas greves de professores e
técnicos administrativos e outros movimentos expressam este embate
– a comunidade universitária e os movimentos sociais continuarão a
lutar pelos seus direitos. A luta é contra todas as reformas que
precarizem o nosso trabalho e que penalizem ainda mais a
universidade pública; é contra a realização destas políticas na
UFRRJ, mesmo que “disfarçadas” e gradativas.
É neste cenário que nossa Diretoria propõe uma maior aproximação
com todos os filiados. Pretendemos levar estas discussões aos
locais de trabalho, trazer os Representantes para o debate e
divulgação, intensificar a atuação de nossos Grupos de Trabalho e
realizar eventos e comemorações.
O ADUR INFORMA e a nossa página na Rede deverão fazer parte desta
integração.
E é neste cenário também que estaremos festejando a história e
reforçando o futuro do nosso sindicato. No próximo ano a ADUR irá
completar 25 anos e estaremos comemorando esta data, como um marco
de resistência e luta em defesa da vida e do trabalho docente
desta universidade.
Neste momento, apesar de todas estas adversidades, acreditamos que
vale a pena manter a esperança e seguir em frente. Como diz a
poesia, “Nada a temer, senão o correr da luta”.
A todos Boas Festas e que 2004 seja um ano de resistência e
conquistas.
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Professores Laélio e Canrobert, na festa
da posse, no quiosque da ADUR.
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COMPOSIÇÃO DA DIRETORIA:
CANROBERT COSTA NETO
(PRESIDENTE)
ROSANE FERREIRA DE OLIVEIRA
(1ª VICE-PRESIDENTE)
ORLANDO MARQUES DA COSTA
(2º VICE-PRESIDENTE)
LUÍS MAURO SAMPAIO MAGALHÃES
(1º SECRETÁRIO)
MARIA TERESA CARNEIRO DA CUNHA
(2ª SECRETÁRIA)
IRLETE BRAGA DA TRINDADE
(1ª TESOUREIRA)
FREDERICO JOSÉ FALCÃO
(2º TESOUREIRO) |
O processo judicial da ADUR-RJ
referente às perdas do Fundo de Garantia segue normalmente, isto é,
aguardamos o vencimento de etapas de caráter processual-burocrático
para que cheguemos à fase de cálculo e pagamento dos valores devidos
aos docentes; o cumprimento dessas etapas deve demandar cerca de
dois meses, dois meses e meio para concretização, podendo até ser
antes; não há necessidade, ressalvada a decisão de cada professor,
de formular acordo/adesão com a CEF, posto que os pagamentos para
quem tem ação judicial têm saído com regularidade e normalidade, sem
qualquer embaraço.Os que fizerem acordo/adesão com a CEF, sobretudo
os que têm mais de R$ 2.000,00, situação em que se encontra a
maioria dos docentes da UFRRJ, certamente sofrerão perdas
significativas, não só devido ao desconto, como a perda dos juros de
mora e o parcelamento a perder de vista. Temos engendrado
encaminhamentos com a Procuradoria Jurídica da CEF de modo a
abreviar os procedimentos para o pagamento quando os processos
chegam a essa fase. Por fim, lembramos aos professores que o fato de
não firmar acordo/adesão com a CEF não é impedimento para a
percepção dos valores devidos, uma vez que o campo do Judiciário
encontra-se aberto para reivindicações dessa natureza.
Portanto, embora saibamos que as dificuldades impostas pela
morosidade do Judiciário em muito angustiam os que batem à sua
porta, reiteramos a necessidade de calma e um pouco mais de
paciência, uma vez que o processo já contempla a vitória da ADUR,
sendo, apenas, uma questão de tempo a concretização e materialização
do pagamento, ante a necessidade de vencermos as etapas últimas da
ação.
Marcelo Chalréo,
Assessoria Jurídica
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AINDA, A PERDA DE VAGAS DOCENTES
O Rural Semanal, informativo da UFRRJ,
em publicação intitulada “Rural mantém todas as vagas docentes”,
inserida na página 3 do número 34, de 01 a 07/12/03, cita que
“surgiu no campus informativo com matéria intitulada ’Rural perde
vagas docentes”. Na verdade esta foi divulgada no ADURINFORMA e a
forma citada pelo orgão da Reitoria (“surgiu no campus”) pode ser
interpretada como uma tentativa de desqualificar o órgão oficial de
divulgação da Diretoria da ADUR–RJ–S.Sind., o qual se responsabiliza
pelo que escreveu.
Na mesma nota, se afirma que a “informação é inverídica”. Isto seria
desmentir o próprio Reitor o qual, em reunião do Conselho
Universitário de 28/10/03, na presença dos Diretores de Unidades,
Decanos, alunos conselheiros e do então Presidente da ADUR, fez
exposição relatando a perda ocorrida, conforme texto literal da
notícia divulgada no ADUR – INFORMA, portanto, testemunhada por
pessoas da mais alta responsabilidade.
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AGENDA DO MOVIMENTO DOCENTE
REUNIÃO DO
SETOR DAS FEDERAIS DO ANDES-SN - DIA 12/12, EM BRASÍLIA
SEMINÁRIO
REFORMA TRABALHISTA E SINDICAL DO ANDES-SN – DIAS
12 E 13/12, NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL (MS)
SEMINÁRIO DE
FORMAÇÃO SINDICAL DO ANDES-SN - 14/12, UBERLÂNDIA-MG; TEMA
DIAGNÓSTICO E ATUAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
23º CONGRESSO
DO ANDES-SN - DE 4 A 9 DE MARÇO DE 2001, EM SALVADOR (BA). O
TEMA CENTRAL SERÁ O SUPERÁVIT FISCAL E DÉFICIT SOCIAL: REFORMA DA
EDUCAÇÃO, PRIVATIZAÇÃO E ARROCHO SALARIAL
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EMENDA ‘PARALELA’ ENTRA EM DISCUSSÃO NO SENADO
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Em reunião
extraordinária, no dia 4/12, a Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania (CCJ) aprovou o relatório do senador Tião Viana (PTAC),
favorável à proposta de emenda à Constituição nº 77/2003, a
chamada PEC paralela da reforma da Previdência. Até o último dia
9/12, a emenda paralela tinha previsão de entrar em discussão no
Plenário do Senado no dia 10/12, e permanecer em debate durante
cinco sessões.
Com sete pontos principais, a PEC
paralela prevê a volta da paridade salarial para os futuros
aposentados do serviço público (mesmos reajustes dos servidores da
ativa), que foi retirada pela reforma da Previdência. Ela ainda
permite que as donas-de-casa e os trabalhadores do mercado
informal possam contribuir com alíquotas menores para o Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) e, com isso, tenham direito à
aposentadoria e a benefícios sociais, como licença-saúde e
aposentadoria por invalidez.
O texto da ‘paralela’ solucionaria,
ainda, o interesse fiscal dos diversos estados para o subteto das
aposentadorias. Caso aprovada, os servidores estaduais poderão ter
como referência máxima de salário um valor que não pode ser
inferior ao salário do governador, nem superior ao salário do
desembargador, sendo que poderá ser adotado subteto único, que
seria o salário do desembargador.
Para que não haja possibilidade de
redução de salários, os governadores também ficam impedidos
de diminuir seus vencimentos.
A PEC paralela também isenta os pensionistas portadores de doenças
incapacitantes de pagar contribuição até o limite de R$ 4,8 mil,
permite a definição em lei complementar de regras diferenciadas
para portadores de necessidades especiais, inclui as donas de casa
no sistema de Previdência Social, prevê a realização de um censo
previdenciário periódico e regras de transição. Para quem
completar mais de 35 anos de contribuição será reduzido um ano na
respectiva idade mínima para aposentadoria.
Para os integrantes do Andes-SN e professores que acompanharam de
perto todo o movimento de resistência à votação da Reforma da
Previdência ‘original’, ou PEC/67, a emenda paralela serviu apenas
como justificativa para alguns senadores da base do governo, como
Paulo Paim, que se posicionavam contra a reforma, votassem
favoráveis a ela, já no primeiro turno.
Votação da ‘original’ em 2º turno
A PEC 67 estava com votação em segundo turno no Plenário do Senado
prevista para o dia 10/12. A expectativa era de a reforma fosse
aprovada sem alterações que impedissem sua sanção pelos
presidentes do Senado e da Câmara antes ainda do final deste ano.
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MESA DE NEGOCIAÇÃO É ADIADA PELO
GOVERNO
Estava marcada para o dia 9/12 aquela
que, talvez, fosse a última reunião do ano da Mesa de Negociação
Permanente entre a Coordenação Nacional de Entidades de Servidores
Públicos Federais (CNESF) e a equipe do Mistério do Planejamento,
Orçamento e Gestão. A reunião, porém, foi transferida pelo governo
para o dia 18 de dezembro.
A reunião anterior aconteceu em novembro. Após quase quatro meses de
silêncio e várias solicitações encaminhadas pela CNESF, a Secretaria
de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão se reuniu com os representantes sindicais no dia 19/11.
Participaram pelo Andes-SN os diretores José Domingues de Godói
Filho e Antônio Luiz de Andrade, o Tato. Na reunião, a secretária
do governo, Cláudia Duranti, informou que a SRH estava articulando a
assinatura de um convênio com o Banco do Brasil para a abertura de
micro-crédito, com juros mais baixos que os praticados pelo mercado,
aos servidores federais. Os diretores do Andes-SN consideram
absurda a proposta “Eles reconhecem as perdas salariais e, no lugar
de negociar as reposições devidas, ainda oferecem empréstimos, a
juros! As entidades não pediram isso, o crédito é um problema do
governo”, criticou Domingues.
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No registro do Andes-SN, representantes a
Coordenação Nacional das Entidades dos Servidores Federais foram
impedidos, por seguranças, de entrar no MPOG, dia 25/11, para
protocolar pedido de audiência com o ministro para tratar da
campanha salarial. Depois de longa negociação, a chefe de gabinete
do ministro, Miriam Mara Miranda pediu desculpas pelo que
“mal-entendido”. O pedido foi protocolado. |
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REITORIA É OCUPADA POR ALUNOS
Os
estudantes da Rural que jantavam no restaurante universitário,
na noite do dia 2 de dezembro, quase tiveram uma congestão.
Enquanto comiam, tiveram acesso a uma nota distribuída por uma
equipe da Reitoria informando que o bandejão aumentaria de R$
1,45 para R4 1,85. Tratava-se do segundo aumento em 12 meses. A
indignação que tomou conta dos comensais transformou-se
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Foto Lenin Pires e DCE |
em mobilização no alojamento. Muitos alunos sabiam que aquela
proposta seria votada na manhã seguinte, 3/12, no Conselho
Universitário. Os representantes do DCE levantaram cedo, para
mobilizar o pessoal. A reunião estava marcada para as 8h30. Na
hora marcada, o reitor - com todos os diretores de unidade
presentes - iniciou a sessão. Quando os alunos chegaram, era
tarde. A proposta já havia sido votada. Representantes dos
alunos no Conselho Universitário questionaram o resultado do
que lhes parecia um golpe antidemocrático. Contrariados, os
alunos decidiram ocupar o gabinete do reitor, logo após
deixarem o CONSU. A reitoria se encontra tomada pelos
estudantes, que exigem a revogação da decisão e que a
administração superior solicite os recursos destinados na
emenda ao orçamento da Rural para aplicação em iniciativas de
Assistência Estudantil.
Reunião com diretores definiu aumento
O reitor José Antonio Veiga já experimentara um certo desgaste
em dezembro de 2002, ao aumentar o bandejão de R$ 0,60 para R$
1,45. Segundo ele, se observam novas defasagens entre receitas e
despesas na confecção da bandeja de alimentos, em 2003. Na
tarde do dia 1/12, em reunião na Reitoria, o reitor reuniu os
diretores dos Institutos. Ele abriu a conversa falando sobre a
necessidade de deter o “crescente déficit que se apresenta entre
as receitas e despesas do restaurante universitário”. O debate
que se seguiu envolveu possibilidades de índices a serem
aplicados sobre o preço do bandejão. Inflação, aumento de
Gêneros Alimentícios ou Valor da Bandeja. Ao final, por volta
das 17 h, o reitor apresentou a proposta de aumentar de R$ 1,45
para R$ 1,85; reduzir o jantar de R$ 1,45 para R$ 1,40 e manter
o desjejum em R$ 0,70. A equipe de comunicação, coordenada pelo
professor Antonio Carlos Nogueira, ficou encarregada de redigir
nota informando a decisão. Esta foi divulgada na noite do dia
1/12, no bandejão e alojamento.
Pontualidade britânica
Na manhã do dia 2/12, enquanto os alunos se mobilizavam para
chegar à sessão do CONSU, o reitor e todos os diretores, às
8h30, abriam a sessão. Quando cerca de 150 alunos chegaram na
sala do Conselho, a peleja estava liquidada. “Não durou três
minutos”, disse Ênio Pires, estudante do 4º período de História
e coordenador de comunicação do DCE.
O estudante João Brandão, representante dos alunos no CONSU,
disse ao ADUR INFORMA que aquela decisão comprometia as
condições de estudo para a maioria dos estudantes e acusou os
diretores de terem se reunido anteriormente com a Reitoria para
definir a proposta sem participação dos representantes da
comunidade. Alguns diretores protestaram. O diretor do Instituto
de Zootecnia, Nelson Matos, confirmou em entrevista ao Adur
Informa a existência da reunião: “Fomos convocados pela
reitoria na tarde de 3ª feira, 1/12. Discutimos vários pontos
relacionados com o problema do bandejão”, disse.
Os alunos começaram a cobrar a rediscussão do ponto, uma vez que
representantes de alunos e professores já se encontravam na
sessão. O reitor, porém, disse que não colocaria novamente em
debate o que, segundo ele, já vinha sendo discutido havia
várias sessões.
Os estudantes deixaram o Conselho Universitário e resolveram,
então, ocupar o gabinete do reitor. “Diante da intransigência e
do que nos pareceu um golpe orquestrado contra a comunidade, não
nos restou outra alternativa, senão iniciar essa manifestação
pacífica pela revisão da decisão e pela luta por mais recursos
para a manutenção da assistência estudantil”, disse Mário
Piratello, aluno do 6º período do Curso de Agronomia e
coordenador de finanças do DCE.
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ABSURDO
O bandejão da
Rural, em um ano, foi aumentado em 208%.
Institutos como FIPE, Fundação Getúlio Vargas e DIEESE projetam uma
inflação de 8%, em média, neste
período.
“Considero a proposta da reitoria desumana.
Ela vai restringir a alimentação para muita gente. Na prática, a
medida vai comprometer o direito constitucional que prevê o acesso
de todos à educação”, diz Fabiano Teixeira Jucá, 5º
período do curso de Engenharia Florestal.
“O problema do bandejão é um absurdo, mas
nossas lutas são mais amplas. Há questões internas que precisam ser
discutidas, como a falta de vagas e de professores. Por outro lado,
a reforma universitária e o corte de verbas vão merecer maiores
atenções do movimento. O estopim foi o bandejão, mas há outras
lutas”, diz Luciane de Oliveira Ballock, 4º período de
História. |
Iniciada em 2/12, a ocupação dos
estudantes contou, no primeiro momento, com cerca de 150 alunos.
Centenas de pessoas já visitaram o local, solidarizando-se com o
movimento.Os estudantes seguem acampados no 3º andar do P1, apesar
do reitor ter mandado cortar o fornecimento de água e telefone.
Os líderes garantem que o movimento só acabará quando forem
atendidas as reivindicações: revogação da decisão do Conselho
Universitário e a solicitação, por parte da Rural, de um recurso
previsto como emenda ao Orçamento, no valor de R$ 69.150,00 que
seria utilizado para Assistência Estudantil.
Negociação
A professora Regina Célia Lopes de Araújo, decana de Assuntos
Administrativos, está incumbida da interlocução com os estudantes.
Ela disse ao ADUR-RJ Informa que não negociava com os estudantes a
possibilidade de revisão da decisão do Conselho. Ela disse que o
reitor não negociaria enquanto a ocupação prosseguisse. No entanto,
explicou que um dos pontos reivindicados pelos alunos já teria sido
encaminhado. A solicitação dos recursos, propiciados pela emenda ao
orçamento da União, para a UFRRJ.
Segundo a decana, no dia 4/12, a reitoria teria tomado conhecimento
da chamada “emenda UNE”. Uma solicitação formulada pela entidade
nacional dos estudantes que garante mais verbas para assistência
estudantil. Em negociação com os estudantes, a documentação
necessária para a liberação dos recursos foi retirada da Reitoria
na 6ª feira e encaminhada à Brasília. Segundo os representantes dos
alunos, eles permitiram a retirada dos documentos. Aquele era o
último dia possível para a solicitação do recurso em 2003.
Fato novo
Com os R$ 69 mil, segundo Regina, deverão ser comprados gêneros
alimentícios. Para a decana, porém, isso não significa a retomada
dos valores anteriores do bandejão. “Acho que não dá para voltar
aos patamares anteriores. Pode possibilitar, porém, a discussão de
alternativas de valor para o Restaurante Universitário”, disse. Ela
lembrou que a liberação dos recursos poderia demorar, pois falta
ainda a assinatura do convênio.
Histórico
No final de 2002, a Reitoria da UFRRJ anunciou um aumento dos preços
do bandejão de R$ 0,60 para R$ 1,45. Um aumento superior a 140%,
causando surpresa e indignação na comunidade. Em resposta, os
alunos se mobilizaram, esvaziando o quorum da sessão que aprovaria o
aumento, em 17/12/2002. O reitor José Antonio Veiga só conseguiu
aprovar o aumento em uma reunião ocorrida dois dias depois, quando
o ano letivo já estava encerrado. Em janeiro os alunos protestaram,
ocupando o bandejão, em 22 e 29/1, e servindo almoço e jantar
cobrando o preço antigo. Após essa iniciativa, seguiram-se reuniões
de negociação.
Em março uma comissão foi criada, com representantes da ADUR, SINTUR
e DCE, além da Reitoria. Segundo a decana Regina Célia Lopes de
Araújo, esta comissão deveria discutir propostas que fossem
enviadas ao MEC, solicitando verbas extras para a alimentação.
“Estas reuniões, porém, foram raras e passaram a ser convocadas
justamente na época em que a reitoria propôs o novo reajuste”. É o
que afirmam Nídia Majerowicz, representante eleita pelos professores
para integrar esta comissão, e Mário Piratello, representante do
DCE. Segundo eles, as informações solicitadas por membros da
comissão não foram disponibilizadas pela Reitoria, que nomeou os
professores Antonio Adolfo Garbocci Bruno e Maxwell Ribeiro Moreira,
como seus representantes. Nenhuma proposta pode ser formulada e
encaminhada ao MEC. As poucas reuniões desta comissão, inclusive,
nunca trataram da proposta de reajuste encaminhada pela reitoria.
Segundo Nídia, a proposta não pode ser elaborada por falta das
informações necessárias para a construção de um diagnóstico e,
conseqüentemente, de um projeto que caracterizasse as
especificidades da Rural. |
MEC ANUNCIA NOVO ‘PROVÃO’ |
No dia 2 de dezembro, o ministro da
Educação, Cristovam Buarque, apresentou ao Congresso Nacional o
Sistema Nacional de Avaliação e Progresso da Educação Superior
(Sinapes), que substituirá o atual sistema de avaliação das
instituições, mais conhecido como Provão do MEC. O Sinapes
apresenta, no lugar da prova nacional característica do
‘provão’, dois exames, um no fim do primeiro ano do curso e
outra, no final da graduação do aluno. As provas, chamadas agora
de Exame Nacional de Desempenho do Corpo Discente, serão feitas
por amostragem em cada um dos cursos avaliados. O sistema
apresenta um novo indicador, o Índice de Desenvolvimento do
Ensino Superior com nota de quatro itens como critérios para a
avaliação: o corpo docente, a capacidade institucional do
curso, o aprendizado (avaliado através das provas) e o
envolvimento do curso com a realidade. Os conceitos do novo
‘provão’ serão classificados como bom, regular ou preocupante.
Na onda da política economicista promovida pelo governo federal,
o novo sistema de avaliação do MEC, segue a lógica produtivista
de seu antecessor. O grande problema para as universidades
públicas será, mais uma vez, atender a critérios tão afinados
com o receituário do Banco Mundial, perseguidos com afinco pela
equipe ministerial de Lula. Caso um curso seja considerado
‘preocupante’ na avaliação, a instituição responsável terá que
assinar um termo de compromisso de que as dificuldades
apontadas pela avaliação serão sanadas. Os representantes do
Andes-SN lembram que este tipo de postura de cobrança valeria
no caso das instituições particulares, cuja responsabilidade
por melhoria nas instalações, laboratórios ou bibliotecas, por
exemplo, é dos mantenedores, ou ‘donos’.
No caso das instituições públicas, o responsável direto por
qualquer tipo de dificuldade de ordem estrutural dos cursos é o
próprio governo e caberia uma avaliação interna, feita
democraticamente pela comunidade, com a participação da
sociedade, para apontar os problemas e identificar as soluções.
Ao governo, caberia a garantia dos recursos suficientes.
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COBRANÇA DE MENSALIDADE EM DEBATE |
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REVOLUÇÃO OU
PRIVATIZAÇÃO? |
Foto:
ANDES-SN
Andes-sn protesta. Durante discurso do ministro no encerramento do
seminário “Universidade XXI”, dia 27/11, a faixa com os dizeres
“Abaixo o Grupo Interministerial do Governo Lula: por uma reforma
universitária com ampla participação” circulou no auditório,
aplaudida. |
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O
ministro José Dirceu (Casa Civil) defendeu semana passada uma
“revolução” nas universidades públicas para evitar que sejam
superadas por instituições privadas. “Esse é um tema muito polêmico,
o pau vai comer como aconteceu na reforma da Previdência”, disse. O
ministro da Educação, Cristovam Buarque sustenta que as mudanças
não serão feitas “na marra” e que serão discutidas. Mas Dirceu já
apontou “graves problemas”, como a folha de pagamento dos inativos,
dando sinais que o go- |
verno quer reduzir número de servidores com estabilidade e
aposentadoria pelo setor públi- co.
Já há propostas em discussão, como a
contratação de professores assistentes pela CLT; comprovação, pelos
estudantes, de necessidade de apoio financeiro para não pagar
mensalidades e cobrança de preços diferenciados, de acordo com a
procura de cada curso.
Um estudo feito pela Casa Civil prevê,
além destes pontos, o condicionamento de recursos aos resultados em
pesquisa e ações na comunidade. O governo não arcaria com os custos
das Ifes: parte viria da iniciativa privada.
Universidade gratuita, sim
“Os governos têm de entender que
Universidade é, em si só, um serviço social. Para não acharem que
colocar dinheiro na Universidade é tirar das classes mais pobres. A
Universidade beneficia o país por meio do que o aluno produz”,
afirmou Cristovam Buarque durante o encerramento do “Seminário
Internacional Universidade XXI / Novos caminhos para a educação
superior: o futuro em debate”, promovido pelo MEC, que
reuniu durante três dias, representantes da Europa, Ásia, África e
América Latina, além dos Estados Unidos para discutir o futuro da
Universidade, de 25 a 27 de novembro, em Brasília. Ele comentou que
os governos não podem deixar o ensino superior abandonado.
Apesar da resposta direta, o ministro não citou o documento
divulgado há cerca de um mês pelo Ministério da Fazenda “Gasto
social do governo central”, assinado por Antônio Palocci Filho. O
documento condena “proteção exagerada” aos mais ricos e, a respeito
das universidades federais o relatório diz que cerca de 46% dos
recursos do governo para o ensino superior beneficiando “apenas
indivíduos que se encontram entre os 10% mais ricos da população”.
O ministro Cristovam Buarque questionou o estudo em que os
investimentos do governo nas universidades públicas são
considerados distorções. “A distorção que existe é que muitas vezes
as universidades não formam as pessoas conforme o país e o povo
precisam. A universidade que forma as pessoas de que o país e o
povo precisam tem de ser gratuita.”, disse ele. O ministro, porém,
parece ter modulado parte de seu discurso. Essa é uma interpretação
possível, se resgatarmos a polêmica declaração dada aos jornais por
Cristóvam, em junho de 2003. Na oportunidade ele defendeu uma
proposta de emenda constitucional que permitiria ao governo cobrar
uma contribuição de alunos formados por universidades públicas que
tivessem renda anual superior a R$ 30 mil.
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“O PAU VAI COMER”... SERÁ QUE TEREMOS QUE RELEMBRAR
“A VOLTA DO CIPÓ DE AROEIRA”
Trechos da análise de José Domingues Godoi Filho, 1º
Vice-Presidente do ANDES-SN |
Depois de instituir “democraticamente”,
via decreto publicado em 21/10/2003, um Grupo de Trabalho
Interministerial para, “ no prazo de sessenta dias, analisar a
situação atual e apresentar plano de ação visando à reestruturação,
desenvolvimento e democratização das Instituições Federais de
Ensino Superior - IFES”, (...) nos deparamos agora com a declaração
do Chefe da Casa Civil que afirmou, segundo o jornal O Globo
(05/12), que: - “o governo está disposto mesmo a enfrentar uma
guerra para fazer o que chamou de revolução no ensino universitário
público. (...) Como esse é um tema muito polêmico, o pau vai comer
(grifo nosso), como aconteceu na reforma da Previdência. E vamos
tomar partido, porque gostamos, somos bons de disputa política e
social”.
(...) Como ficou claro nas declarações e provocações feitas pelo
Chefe da Casa Civil, a universidade é a bola da vez e, diante da
afirmação de que o “pau vai comer”, não nos resta outra alternativa
que não a de estarmos unidos, dispostos, mobilizados e preparados
para defender, com o melhor de cada um de nós, as propostas que
construímos para a universidade e para a educação brasileira. O ano
de 2004 já começou e, com certeza, a comunidade universitária
responderá à altura e não fugirá da luta. Se for para revolucionar
a universidade brasileira nos termos preconizados pelo Ministro
Chefe da Casa Civil, talvez seja necessário considerarmos o que o
poema de Geraldo Vandré sugeria com a “volta do cipó de aroeira no
lombo de quem mandou dar”. Leia a íntegra em www.andes.org.br |
Opiniões
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