Publicação da
Associação dos Docentes da
UFRRJ - Seção
Sindical do Andes-SN
Filiada à CUT
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Nº 55
8 de setembro de 2003
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ADUR
Informa - Publicação da Associação dos Docentes da
UFRuralRJ.
Conselho Editorial: Abner Chiquieri, Áurea
Echevarria, Luciana Nóbrega, Luiz
Mauro, Nídia Majerowicz, Valdomiro Neves, Ricardo Berbara.
Edição e editoração:
Regina Rocha
(Reg. 16269/MTb).
Reportagem
e redação:
Regina Rocha e
Ana Manuela Soares.
Fotos:
Lenin Pires.
As matérias não assinadas são de responsabilidade do Conselho
Editorial. |
PREPARANDO O PRÓXIMO PERÍODO |
Fotos: Ricardo
Borges/ANDES-SN
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A s
aulas estão recomeçando a partir deste dia 8/9/2003, após 62 dias
da deflagração da greve do funcio-nalismo público federal,
movimento que se instituiu contra as regras preconizadas pela
reforma da previ-dência do atual governo federal (PEC-40). Este
número é dedicado a fazer um balanço crítico desse movi-mento;
suas caracterizações, seus erros e acertos. Por isso convidamos a
comunidade a ler suas páginas com atenção. |
Contudo, esta publicação também tem por
objetivo reafirmar os propósitos que nos levaram
à greve e sempre nos conduziram na organização de nosso trabalho:
a qualidade do ensino, da pesquisa e o conseqüente compromisso com
iniciativas de extensão comprometidas com a sociedade.
Na assembléia de 29/8, quando foi apresentada e decidida a
suspensão da greve, foi votada também a aceitação do compromisso
de repor as seis semanas restantes no calendário escolar,
garantindo o cumprimento total do programa, não realizando provas
nem exigindo entrega de trabalhos na primeira semana, sendo esta
de revisão dos conteúdos, mantendo a qualidade do ensino e
garantindo a todos os alunos a reposição das aulas.
Acreditamos que esta medida atinge, em primeiro lugar, a
manutenção de um compromisso ético, forjado em mais de 20 anos de
luta de nossa categoria em níveis nacional e local: a defesa da
qualidade do ensino, pesquisa e extensão. Por outro lado, ela está
de acordo com o encaminhamento do ANDES-SN de que devemos manter a
mobilização visando a superação desse modelo de previdência
contido na PEC 40 e que entrará na fase de tramitação no Senado
Federal.
O movimento grevista possibilitou explicitar que as prioridades do
atual governo não são os programas sociais, mas a ampliação do
superavit primário, manutenção dos juros altos e pagamento das
dívidas interna e externa. Construiu também alianças importantes
na sociedade, aproximando do debate político diferentes matrizes
intelectuais, preocupadas com o caráter autoritário das práticas
governistas. Por outro lado, esta luta foi capaz de colocar em
movimento uma inédita aliança entre servidores públicos das três
esferas, além de denunciar de modo exaustivo o caráter
privatizante da reforma.
A greve, está claro, esgotou suas possibilidades de intervenção na
conjuntura. A luta na universidade, no entanto, deverá ter
prosseguimento e o desafio é perseguirmos patamares mais elevados
de unidade política; de compreensão do grave momento vivido pelas
organizações democráticas e dos trabalhadores, no País.
As universidades públicas, não temos dúvidas, estão sendo
duramente golpeadas com a proposta de reforma da Previdência.
Estas regras, se aprovadas, podem tirar de seu interior ainda mais
profissionais qualificados, como também não atrair outros valores
que se formaram nos últimos anos, como resultado de um sistema de
ensino e pesquisa que resistiu heroicamente às maquinações pela
sua privatização/destruição, nos últimos 12 anos. Elas, porém,
continuam como foco de visões parciais, lesionadas por um
privatismo de segunda mão, as quais, para melhor ser enfrentadas,
deverão ser opostas por nossa unidade, organização e, sobretudo,
nosso compromisso com a qualidade da produção acadêmica e com os
direitos de uma vida melhor para a maioria da população.
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"Eu não sou um produto de marketing. Sou um
animal político, Se tiver de mudar, posso mudar na forma, não no
conteúdo. Não vou deixar de ser favorável aos sem-terra, à greve, à
ocupação dos sem-teto nem deixar de dizer que os ricos têm de pagar
a conta. Será muito difícil mudar o meu jeito de ser. Pensando
eminentemente em marketing, quem sabe seja melhor trabalhar um nome
novo. Não quero chegar aos padrões políticos pelos quais a elite me
aceite. porque aí vou ser um Fernando Henrique Cardoso. Você vai
abrindo mão das suas convicções, dos seus princípios, cedendo aqui,
acolá e daqui a pouco você não é mais você mesmo, acaba sendo eles.
E eu não quero ser eles."
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Lula,
em entrevista a Vera Rosa, para O Estado de São Paulo, em 24 de
outubro de 1999. |
"Em 1990,
era líder do PFL o deputado Inocêncio Oliveira. O PTB , meu partido,
tinha uma aliança de plenário com o PFL; compúnhamos uma só bancada.
Tive a honra de ser designado, pelo líder Inocêncio Oliveira,
relator de um projeto de Previdência Social que era a espinha dorsal
do projeto que estamos votando hoje, o sistema único de Previdência:
a previdência pública, com teto com teto hoje de 800 dólares,
R$ 2400,00 e, a partir daí, a previdência complementar. Eu Roberto
Jefferson, do bloco PFL/PTB, há 13 anos, relatei essa e a esposo, a
defendo, sem nenhum constrangimento. |
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Roberto Jefferson, Líder do PTB. Ex tropa-de-choque de Fernando
Collor de Melo. Declaração de voto na votação da PEC-40/03 em 1o
turno. |
A PÁGINA DA UFRRJ, A
PARTIR DO DIA 25 DE AGOSTO DO CORRENTE, PASSOU A ESTAMPAR UMA
INFORMAÇÃO QUE GEROU GRANDE ANGÚSTIA E INQUIETAÇÃO NO INTERIOR DA
COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA. COM O TÍTULO DE "GOVERNO DÁ PRAZO PARA
SERVIDORES VOLTAREM AO TRABALHO", A MATÉRIA INTERPRETAVA O DECRETO
PRESIDENCIAL NÚMERO 4816/2003 DE MODO CLARAMENTE DISTORCIDO,
APRESENTANDO UMA VERSÃO INCORRETA DAQUILO QUE O DOCUMENTO
GOVERNA-MENTAL DETERMINAVA. |
O riginalmente
o decreto autoriza os Ministros de Estado, no âmbito de suas pastas,
a negociarem com os servidores em greve as condições de retorno ao
trabalho discriminando três aspectos deste processo: compensação dos
dias parados, adoção de planos de execução do serviço acumulado em
decorrência da paralisação e suspensão de descontos remuneratórios
caso os servidores retornassem ao trabalho num prazo de cinco dias a
partir da data de publicação do decreto.
Com o decreto, o governo reconheceu oficialmente a greve dos
servidores. Ao mesmo tempo, formulou uma medida de caráter geral mas
que atendia ao acordo entre governo e servidores da Previdência
Social, em greve há mais de dois meses. O decreto substituiu uma
medida governamental que tentava impor o corte do ponto aos
servidores da Previdência Social, inócua devido às medidas judiciais
interpostas pela Federação Nacional dos Servidores da
Previdência Social (FENASPS). No âmbito do MEC, não houve corte de
ponto.
O que terá motivado a veiculação e a manutenção por cinco dias
consecutivos em lugar de destaque na página Web da Universidade, de
uma informação tão inquietante após dois meses de total silêncio
oficial sobre o movimento da Comunidade Universitária no informativo
oficial da Universidade Rural? Certamente informações deturpadas
geram desconfiança e intranqüilidade num momento delicado como o que
vivemos.
Mesmo que a diretoria da ADUR-RJ S.Sind. tenha sido tardiamente
comunicada pela Profa. Regina Célia Lopes Araújo, Decano de Assuntos
Administrativos, por meio do ofício 74/DAA/2003 de 01/09/03, de que
o único responsável por duvidosa atitude teria sido o Coordenador de
Informática da UFRRJ, Prof. Hélio Fernandes Machado Júnior, paira
ainda uma dúvida no ar: será que foi somente falta de competência e
de dedicação no controle das informações que são repassadas à
comunidade universitária por meio de seu órgão de comunicação
oficial ou pode este declarado desleixo ser considerado, de fato, má
fé na manipulação de informações?
Por menos que queiramos somos obrigados a relacionar este triste
episódio a atitudes não menos lamentáveis de nossa Reitoria ao longo
do movimento de greve: a contra-informação, a indiferença e a falta
de respeito deram a tônica da relação da administração superior
desta universidade com o movimento docente. Além do fato de esta
Reitoria ter reiteradamente desqualificado o movimento de greve por
meio do desrespeito, ela garantiu, a Diretores de Instituto e a
estudantes, às vésperas de assembléias decisivas de docentes e
técnico-administrativos, com base em suas informações nacionais, que
não haveria greve, o que claramente poderia trazer como conseqüência
o esvaziamento do movimento por último, a Reitoria negou-se a
encaminhar junto aos Colegiados Superiores uma deliberação oficial
sobre a Reforma da Previdência e suas conseqüências para a
Universidade, apesar das solicitações da ADUR neste sentido, em
franca contradição com o posicionamento público desta mesma
Reitoria, expresso em documento da Andifes.
A Assembléia Permanente de Docentes desta Universidade, em sua
reunião de 01/09/03, vem a público protestar quanto a estas atitudes
e solicitar que, ato contínuo à greve, a reposição do calendário
escolar seja conduzida com tranqüilidade e efetiva democracia,
envolvendo as representações dos três segmentos. Além disso,
solicitamos maior atenção da Administração Superior da UFRRJ para
que fatos como esse, que provocam instabilidade na nossa comunidade,
não venham mais a ocorrer.
Assembléia Permanente da ADUR-RJ S.Sind. |
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D ELIBERAÇÕES DA
ASSEMBLÉIA
PERMANENTE |
ACUMULAR
FORÇAS PARA UMA NOVA ETAPA
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E M
ASSEMBLÉIA
REALIZADA EM
01/09, COM A
PRESENÇA DE 48
DOCENTES,
FORAM APROVADAS AS SEGUINTES PROPOSTAS: |
1) suspensão unificada da greve dia
01/09/2003;
2) indicação de retomada do calendário dia 08/09;
3) manutenção de Comissão Local de Mobilização;
4) envio de delegado à Comissão Nacional de Mobilização;
5) aceitação do compromisso de repor as seis semanas
restantes no calendário escolar, garantindo o cumprimento total do
programa, não realizando provas nem exigindo entrega de trabalhos na
primeira semana, sendo esta de revisão dos conteúdos, mantendo a
qualidade do ensino e garantindo a todos os alunos a reposição das
aulas;
6) dar publicidade à carta aberta à Reitoria. O próximo passo
do nosso movimento deve concentrar-se na ação junto ao Senado, para
um atento acompanhamento e possível intervenção no processo de
tramitação da PEC –40/03. Como na Câmara, vislumbramos dificuldades
para fazer prevalecer nossos princípios. Dessa forma, torna-se
imperativo que compreendamos que a suspensão da greve não significa
abandono da luta. Muito pelo contrário, o movimento docente tem a
grande responsabilidade de acumular forças para essa nova etapa.
Nossa estratégia é indicar aos Senadores o voto não à PEC-40/03,
reafirmando os pontos:
- revogação da Emenda Constitucional nº 20;
- fim do fator previdenciário;
- integralidade de vencimentos;
- paridade entre ativos e aposentados;
- não taxação de aposentados e pensionistas;
- não aos fundos de pensão privados ou públicos;
OUTROS
ENCAMINHAMENTOS
ˆ Manutenção dos fóruns estaduais das entidades e implementação onde
ainda não existem;
ˆ Organização, nos estados, de audiências públicas, com a
participação dos seus 3 Senadores, para discutir a reforma da
previdência, antes do 1º turno da votação no Senado.
ˆ Realização de seminários estaduais com os servidores das 3
esferas, entre os dias 8 e 12/9/03, como preparação para a Marcha a
Brasília;
ˆ Participação na Marcha a Brasília, quando da votação da PEC no
Senado;
ˆ Realização de Encontro Nacional das 3 Esferas, a ser realizado
após a Marcha, visando a deliberar sobre os rumos do
movimento;
ˆ Paralisação/greve das 3 esferas durante o período de votação da
PEC-40/03 no Senado;
ˆ Pressão sobre os Senadores, nos estados e em Brasília;
ˆ Participação no Seminário com os intelectuais sobre a reforma da
previdência no Senado (23/09);
ˆ Continuação da campanha de denúncia dos parlamentares que votaram
a favor da PEC-40/03;
ˆ Encaminhamento de discussão nas bases sobre a necessidade de
propor à CUT a convocação de uma greve geral, como respostas ao
aprofundamento da destruição das conquistas dos trabalhadores;
ˆ Exigência da CUT de realização de debates sobre as reformas do
governo (trabalhista, sindical, etc.) e sua efetiva participação no
processo de mobilização e de luta dos SPF.
ˆ Manutenção de um Comando Nacional de Mobilização com
representantes de todas as entidades da CNESF para realização do
trabalho político;
ˆ Elaboração de um documento cobrando do governo a retomada imediata
das mesas nacionais de negociações, das mesas temáticas, e
solicitando a conclusão do regimento das mesas setoriais;
ˆ Envio de endereços dos Senadores para as bases das entidades que
compõem a CNESF, visando a pressionar, através de cartas ou emails,
os Senadores;
ˆ Realização de um dia nacional de luta contra a PEC-40/03;
ˆ Realização de um evento nacional após a Marcha das 3 esferas,
visando a deliberar sobre os rumos do movimento dos servidores;
ˆ Realização de atos de mobilização/paralisação durante a votação no
Senado.
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S USPENSÃO
DA GREVE NÃO É ABANDONO DA LUTA |
DOIS MESES DE LUTA |
RESISTÊNCIA À REFORMA
A GREVE UNIFICADA
DOS SERVIDORES PÚBLICOS DEMONSTROU QUE A AUTONOMIA SINDICAL FRENTE
AOS PODERES INSTITUCIONAIS BEM COMO O FUNCIONAMENTO DEMOCRÁTICO
DOS SINDICATOS SÃO ESSENCIAIS PARA A DEFESA DOS TRABALHADORES E DO
INTERESSE PÚBLICO. APESAR DA GREVE NÃO TER CONSEGUIDO ALTERAR O
EIXO CENTRAL DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA: DESVIO DE BILHÕES DE REAIS
DOS COFRES PÚBLICOS PÚBLICOS PARA O MERCADO FINANCEIRO ATRAVÉS DOS
FUNDOS DE PENSÃO E RETIRADA DE DIREITOS CONQUISTADOS, ELA SERVIU
PARA DENUNCIAR À SOCIEDADE O SEU CARÁTER PRIVATIZANTE E MERAMENTE
FISCALISTA. |
D urante
62 dias, docentes das universidades federais brasileiras se somaram
aos demais servidores públicos na greve nacional contra a
Reforma da Previdência do governo Lula, expressa na Proposta de
Emenda Constitucional 40 (PEC 40/03). O movimento que começou no dia
8 de julho e foi encerrado após a aprovação da emenda na Câmara dos
Deputados se caracterizou pela denúncia dos trabalhadores do que
representa esta reforma para o Estado brasileiro. Na madrugada
do dia 6 de agosto, em primeiro |
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turno, 358 deputados disseram sim à PEC 40, 126
foram contrários e oito se abstiveram. A greve foi mantida até o
segundo turno, quando, no dia 27, os parlamentares reiteraram a
aprovação do texto, com apenas 123 votos contrários e seis
abstenções.
Dos votos contrários, chama a atenção os votos dos parlamentares do
partido governista Luciana Genro, João Fontes e João Batista de
Oliveira, o Babá e, no segundo turno, do deputado Walter Pinheiro.
Babá, Luciana, João Fontes e a senadora, também petista, Heloísa
Helena estiveram com os servidores desde o início das manifestações
contra a Reforma. Para conseguir a aprovação, o governo teve que
abrir mão de alguns pontos nas negociações com os partidos
aliados e oposicionistas. Contudo, no cômputo geral, retira direitos
adquiridos dos servidores. O governo diz que, com a reforma,
economizará 50,7 bilhões, em 20 anos. Estudos da Universidade
de São Paulo, porém, apontam para uma possibilidade que o governo se
nega a considerar: nos próximos 7 anos, fundos de previdência
privados podem abocanhar R$ 670 bilhões. Estes recursos podem ser
desembolsados por trabalhadores, em busca de uma suposta garantia
para manutenção da expectativa de proventos, anterior à reforma.
Agora a matéria tramitará no Senado, onde também passará por dois
turnos. O presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), em entrevista
ao jornal da Câmara, disse ser possível concluir a votação em dois
turnos até o início de outubro.
CHANCES
NO SENADO
O Comando Nacional de Greve do ANDES-SN avaliou,
em documento enviado às seções sindicais no dia 22/8, que os
parlamentares sentirão o custo político de seus votos. O Sindicato
considera que o Senado, embora seja uma "Casa sabidamente
conservadora", ainda é um espaço de pressão, já que o movimento
nacional poderia pressionar apenas três senadores em cada estado.
Alguns parlamentares de partidos de oposição chegaram a ameaçar que
não deixariam a reforma passar no Senado. Acontece que, nas últimas
semanas, o governo Lula, através do seu ministro chefe da Casa
Civil, vem articulando uma reforma ministerial nos moldes do
que há de pior na história política do País. Em relação ao PMDB, a
promessa de cargos foi explicitada na imprensa. Até o senador
Eduardo Suplicy concedeu entrevista ao jornal Estado de São Paulo e
às redes de TV, questionando os procedimentos de José Dirceu e os
critérios pouco éticos da barganha promovida pelo governo Lula, com
o trocatroca de cargos ainda antes de a reforma da Previdência ser
apreciada pelo Senado. Partidos como o PSDB e o PFL talvez não
tenham vez (ainda), mas certamente muitas cabeças vão rolar e outras
serão alçadas para que nada atrapalhe o andamento das reformas no
Congresso, em especial a da Previdência, que se sofrer qualquer
alteração no Senado, por menor que seja, volta à tramitação original
na Câmara. Tudo o que o governo não quer agora é voltar à estaca
zero.
O POSIÇÃO AINDA
PODE APRESENTAR EMENDAS
Mesmo diante do afã do governo em finalizar a
reforma, segundo a agência de notícias do Senado (3/9), líderes do
PFL, PSDB e PDT chegaram a um acordo para apresentação de quatro
emendas de consenso à reforma da Previdência.
Os senadores desses partidos propõem o aumento de 70 para 75 anos de
idade para que funcionários públicos sejam aposentados
compulsoriamente; a constituição de três tipos de fundos
complementares para os funcionários (um para o Legislativo, um para
o Executivo e outro para o Judiciário); a autorização para que o
funcionário opte por um fundo privado; o fim da reestatização do
seguro de trabalho; e garantia da paridade para os atuais
servidores. Outras três emendas que ainda não têm consenso poderão
ser apresentadas. São elas a fixação de um subteto salarial
único nos estados, que seria de 90,25% do salário de um ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF); a criação de dois níveis para as
pensões que superarem determinado valor; e o fim da taxação dos
inativos em 11% a título de contribuição previdenciária.
S EM
CONSENSO SOBRE CONTRIBUIÇÃO DE INATIVOS |
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L UTA
CONTRA A REFORMA
COMEÇOU EM MARÇO |
F oi
no 22º Congresso do ANDES-SN, em Teresina, nos dias 8 a 13 de março
deste ano que o movimento docente iniciou a batalha contra a
Reforma da Previdência. Na ocasião, foi analisado que os professores
deveriam entrar em greve, caso o governo Lula encaminhasse o Projeto
de Lei 9/99, que instituía exatamente os famigerados fundos de
pensão para a complementação das aposentadorias dos futuros
servidores. Os representantes das Seções Sindicais, entre elas a
ADUR, votaram a favor de uma paralisação nacional, caso o PL
chegasse a tramitar na Câmara. No dia 8 de abril, foi organizado um
Dia Nacional de Luta contra o PL 9/99, com paralisação em várias
universidades.
PL 9/99 FOI
EMBRIÃO
O PL acabou não sendo enviado ao Congresso, o que
significou uma vitória importante para o movimento naquele início de
ano. O PL 9/99 era, na verdade, o embrião e seus fundamentos foram
adotados pelo governo no texto da PEC 40. Pelo PL e, agora, pelo
texto da reforma encaminhado ao Senado, os novos servidores públicos
federais, estaduais e municipais perdem a integralidade das
aposentadorias e pensões. Com o teto de R$ 2.400, 00, os servidores
que quiserem manter seus valores integrais de recebimento dos
proventos durante a aposentadoria terão que ‘contribuir´ (na
verdade, aplicar) nos chamados fundos de pensão. Esses fundos que,
pela reforma, deverão ser públicos (mas, na verdade, serão geridos
por entidades privadas) administrarão os recursos provenientes das
contribuições (aplicações) dos servidores. Somente após 20 ou 30
anos, o funcionário terá acesso a sua aposentadoria complementar,
isso se o fundo não falir e o Estado brasileiro não estiver ainda
mais mergulhado em dívidas que não possa arcar com essas despesas.
Esta lógica do fim da aposentadoria pública pelo sistema de
repartição e sua mudança para uma aposentadoria privatizada e com um
sistema de contribuição individual já caracterizada o PL 9/99, que o
governo Lula, sabidamente, transformou em uma reforma ainda mais
abrangente, mas com o mesmo caráter de favorecimento do mercado
financeiro.
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Dia 15/5:
professores da Rural em ato público, no Rio |
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D a
preparação ao desfecho da greve, a ADUR teve atuação destacada.
Diretores da seção sindical e demais professores, cumprindo as
delibe-rações das assembléias, participaram das passeatas,
organizaram fóruns de debates, integraram comandos de mobi-lização
em níveis local e regional, além de participar do Comando Nacional
de Greve. Um enganjamento que procurou lutar pelos direitos dos
trabalhadores de hoje, assim como das futuras gerações.
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Na hora de votar, lembre-se: |
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PREJUÍZO |
M ULHERES
PODEM PAGAR MAIS PARA SE APOSENTAR |
U ma
outra conseqüência, gravíssima, do texto aprovado na Câmara é que
aumenta a idade mínima para a aposentadoria no serviço público, mas
mantém como regra que as mulheres terão que contribuir por 30 anos e
se aposentar aos 55 anos de idade, enquanto os homens são obrigados
a contribuir por 35 anos e a trabalhar pelo menos até os 60 anos.
Essa diferença obrigará a futura servidora a contribuir com um valor
maior para a previdência complementar - quase o dobro dos homens -,
se quiser que sua aposentadoria seja igual ao salário da ativa. Além
de cinco anos a menos de contribuição, a servidora se aposenta antes
e terá menos idade no momento da aposentadoria. Simulações feitas a
pedido do jornal O GLOBO pela J. Galhardo Consultoria em Benefícios
e Atuária mostra que um auditor fiscal, com salário em torno de R$
7.500,00, teria que arcar com uma contribuição mensal de R$ 475,41
para conseguir a diferença em relação aos R$ 2.400 aprovados como
teto. Uma mulher no mesmo cargo teria que desembolsar R$ 739,15.
As regras do mercado de capitais, como se sabe, são implacáveis, não
considerando questões sociais sérias, como a evidência de dupla e
até tripla jornada, comuns para cidadãos do gênero feminino.
As mulheres, por razões biológicas, são responsáveis pela
procriação. Esta realidade prática gera uma outra dimensão na
relação entre a mulher e seu filho (ou filha): a afetiva. Esta outra
dimensão coloca a mulher como responsável pela socialização básica
dos cidadãos, da infância à adolescência. Isso é trabalho e
interessa diretamente à sociedade. Requer tempo. A questão pode
assumir contornos dramáticos, dependendo dos níveis de compromisso
de seus companheiros, assunto eivado de subjetividades e, por isso
mesmo, complexo. A igualdade do mercado, como se vê, não relativiza
critérios e, portanto, compromete direitos sociais conquistados por
gerações passadas de trabalhadoras e trabalhadores.
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C OMO
FICOU A REFORMA APROVADA PELA
CÂMARA
DIAS 6
E
27
DE AGOSTO |
NOVAS REGRAS PARA A APOSENTADORIA |
|
D e
acordo com as novas regras, o servidor terá sua aposentadoria
calculada segundo as remunerações usadas como base para as
contribuições feitas à Previdência Social e ao regime único a partir
de julho de 1994. As aposentadorias e pensões serão reajustadas
segundo critérios estabelecidos em lei para a preservação do valor
real.
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A POSENTADORIA
INTEGRAL
A aposentadoria integral pelas regras atuais é
garantida a todos os servidores que, até o dia da publicação da
Emenda Constitucional, tenham preenchido os requisitos, e também a
todo servidor que tenha ingressado no serviço público até a
publicação, caso cumpram os seguintes prazos: 35 anos de
contribuição para homem e 30 anos para mulher; 60 anos de idade para
homem e 55 anos para mulher; 20 anos de efetivo exercício no serviço
público e dez anos de exercício no cargo em que se dará a
aposentadoria.
P ROPORCIONAL
Para os servidores que quiserem aposentar-se
proporcionalmente pelo tempo de serviço, de acordo com as regras de
transição estipulada pela reforma feita no governo Fernando Henrique
Cardoso, haverá um desconto de 3,5% sobre os proventos para aquele
que completar as exigências de aposentadoria até 31 de dezembro de
2005 e de 5% para quem completar a exigência em 1 o
de janeiro de 2006, por
ano de antecipação em relação à idade mínima (60 anos para homem e
55 para mulher). Entretanto, o cálculo do valor da aposentadoria
obedecerá à média das contribuições, tanto do Regime Geral quanto do
Regime Único, segundo as novas regras.
P ENSÃO
A pensão integral será garantida até o valor de
R$ 2.400. A esse teto serão acrescidos 70% da quantia que exceder a
este valor. Essa regra não se aplica aos militares, e, para os
policiais militares, uma lei específica disciplinará o tema.
A BONO
Aos servidores atuais que já tenham condições de
se aposentar ou àqueles que venham a adquirir esse direito após a
promulgação da Emenda, será garantido abono pecuniário no valor de
sua contribuição previdenciária até quando atingirem a idade de
aposentadoria compulsória. Esse abono valerá também para os que
venham a ter condições de se aposentar proporcionalmente.
C ONTRIBUIÇÃO
DE INATIVOS
A contribuição de inativos será cobrada de todos
os aposentados e pensionistas, independentemente de já estarem
aposentados ou virem a se aposentar. Ela será cobrada sobre o valor
que superar 50% do teto da Previdência Social para servidores
inativos e pensionistas dos Estados, Distrito Federal e Municípios
(R$ 1200,00) e 60% sobre o teto para inativos e pensionistas da
União (R$ 1440,00).
N OVO
TETO
DO REGIME
GERAL
O novo teto do Regime Geral da Previdência Social
será aumentado para R$ 2.400, reajustados pelos mesmos índices
aplicados aos benefícios do regime geral da previdência social.
P ARIDADE
A paridade fica garantida para os atuais
aposentados e pensionistas e para aqueles que já tenham condições de
se aposentar até a data de publicação da Emenda Constitucional. No
caso dos servidores que cumpram as novas exigências para ter direito
a proventos integrais, a paridade fica garantida na forma da lei.
Nesta lei ficariam discriminadas quais parcelas da remuneração
seriam reajustadas pelos mesmos índices dos trabalhadores da ativa.
S UBTETO DO
JUDICIÁRIO
As remunerações de todos os membros dos três
Poderes Públicos e de todos os servidores serão limitadas ao
subsídio do Ministro do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como
limite, nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio do governador
para o Executivo e o subsídio dos deputados estaduais e distritais,
no âmbito do Legislativo. No caso do Poder Judiciário nos Estados e
no DF, o limite será o subsídio dos desembargadores do Tribunal de
Justiça, do Ministério Público e da Defensoria Pública, que não
poderá ultrapassar 90,25% (destaque aprovado em 7/8) do subsídio do
Supremo Tribunal Federal. Para os municípios, o limite será o do
prefeito.
C ONTRIBUIÇÃO
NOS ESTADOS
E MUNICÍPIOS
A cobrança de contribuição dos servidores
estaduais e municipais passa a ser obrigatória em alíquota não
inferior à contribuição dos servidores da União, hoje de 11%.
P REVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR
Os entes federados instituirão regime de
previdência complementar para os servidores que se enquadrarem nas
novas regras de aposentadoria, por meio de lei de iniciativa do
Executivo. O regime será de entidades fechadas, de natureza pública,
oferecendo aos seus participantes benefícios somente na MODALIDADE
DE CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA. Com isso, ficaria eliminada a
possibilidade de o servidor contar com a modalidade de benefício
definido, em que ele sabe quanto receberá de complementação.
E XCEÇÕES À
REGRA
GERAL
O relator acrescentou outras exceções ao cálculo
proporcional das aposentadorias segundo as novas regras (média das
remunerações, seja no serviço público ou no regime geral). Além do
caso de invalidez permanente decorrente de acidente em serviço, ele
incluiu moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou
incurável.
Fonte: página
eletrônica da Câmara Federal
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APOSENTADORIAS REAJUSTADAS POR CRITÉRIOS
ESTABELECIDOS EM LEI |
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Página 7 |
RETROSPECTIVA |
GOVERNO NÃO NEGOCIA E MANIFESTAÇÕES SÃO REPRIMIDAS |
A GREVE CONTRA A REFORMA FOI UMA RESPOSTA DOS
SERVIDORES À FALTA DE NEGOCIAÇÕES CONCRETAS POR PARTE DO
GOVERNO.
APESAR DE O PRESIDENTE LULA E O MINISTRO DA PREVIDÊNCIA
RICARDO BERZOINI DIVULGAREM PARA A IMPRENSA QUE
A REFORMA ESTAVA SENDO DISCUTIDA COM TODAS AS
ENTIDADES DA SOCIEDADE E COM OS SINDICATOS,
O TRATAMENTO DISPENSADO PELA EQUIPE DO
PLANALTO AOS TRABALHADORES FOI
BASTANTE SEMELHANTE AO DE SEUS
ANTECESSORES TUCANOS. |
N a
véspera da deflagração da greve, no dia 7 de julho, a
Coordenação Nacional de Entidades dos Servidores Públicos (CNESF)
esteve reunida com Berzoini. Segundo os relatórios divulgados pelo
ANDES-SN, o ministro tentou impedir o início da greve, sem que
apresentasse nenhuma proposta de recuar em relação à reforma. "Quero
saber se existe a disposição de tratar alguns itens da reforma da
previdência, porque é óbvio que o governo não vai retirar a
proposta. |
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O governo não é inflexível, mas esse ambiente
pode ser mais construtivo senão houver greve". Esta foi uma das
falas do ministro registradas durante a reunião com os
sindicalistas. O tiro acabou saindo pela culatra e o tom de ameaça
do governo acabou dando força para as entidades ligadas à CNESF,
entre elas o ANDES-SN.
G OVERNO FOGE
Nas audiências públicas promovidas nas
assembléias legislativas dos estados, os representantes do governo
Lula sequer apareceram. As bravatas de que o ministro estaria pronto
para debater a reforma foram confirmadas por sua ausência nas
audiências do Rio e de São Paulo. Em Porto Alegre, no Rio Grande do
Sul, no dia 7 de julho, mais de 1000 pessoas lotaram a Assembléia
Legislativa do estado, e o presidente da Câmara Federal, João Paulo
Cunha, foi bastante vaiado. Na ALERJ, ninguém apareceu para
defender a reforma, nem mesmo seu relator, José Pimentel (PT/CE).
S ERVIDORES
AGREDIDOS EM PROTESTO DURANTE VOTAÇÃO NA
CÂMARA
A greve já atingia mais de 60% entre as
categorias do funcionalismo federal, quando a Câmara iniciou a
votação da Reforma na Comissão Especial. Não bastasse a troca de
última hora de parlamentares para garantir a aprovação do
substitutivo global do relator José Pimentel, no dia 22 de agosto, o
governo ainda precisou utilizar o aparato policial para reprimir as
manifestações dos trabalhadores que tentaram acompanhar o processo
na comissão. No início da manhã, manifestantes se posicionaram na
frente do parlamento e tinham como objetivo exercer o direito
democrático da manifestação cidadã, nos espaços públicos, e tentar,
através do protesto, sensibilizar os parlamentares para a rejeição
do substitutivo da PEC, aprovado no dia anterior, na Comissão
Especial. Quem não lembra das lágrimas de arrependimento do deputado
João Paulo Cunha, por ter autorizado a entrada da polícia militar
nas instalações da Câmara? Durante as manifestações, um servidor,
Rogério Fagundes, foi agredido por policiais, e o fato foi
considerado uma atitude autoritária e antidemocrática dos
representantes do governo frente ao movimento. Vale lembrar que a
presença da PM naquela que deveria ser a Casa do Povo é
anti-regimental.
E M VOTAÇÃO
ANTECIPADA,
GOVERNO APROVA A REFORMA
Na madrugada da quarta-feira, 6 de agosto, a
Câmara aprovou o substitutivo global da PEC 40. A expectativa era de
que os parlamentares iniciassem a votação durante o dia, para o qual
estava prevista a manifestação de mais de 80 mil servidores. O
presidente da Câmara, no entanto, iniciou os trabalhos do primeiro
turno ainda na manhã da terça-feira, dia 5, mas, ainda assim, a
manifestação acabou acontecendo com a presença de milhares de
trabalhadores que lotaram as imediações do Congresso.
M ARCHA REÚNE
80
MIL
Apesar de a grande imprensa só ter destacado
ações isoladas da quebra de vidros do Congresso Nacional, a Marcha
contra a Reforma da Previdência promovida pelas entidades ligadas à
CNEF reuniu mais de 80 mil servidores, que percorreram a Esplanada
dos Ministérios, rumo ao parlamento. E novamente a PM estava lá. "O
uso da força contra a manifestação dos servidores vem-se tornando,
aliás, a marca deste processo", avaliaram os docentes do Comando
Nacional de Greve do ANDES-SN, após o ato. Apesar de os
parlamentares terem antecipado a votação da reforma, a manifestação
foi avaliada como um sucesso pelos organizadores e mostrou a
indignação dos trabalhadores com o desmonte do Estado e com a quebra
de direitos promovida pela emenda.
Após a votação no dia 6, os servidores em Plenária Nacional
decidiram manter o movimento até o segundo turno, que ocorreu no dia
27 de agosto. Dos parlamentares, 357 foram favoráveis à PEC, 123
contrários e apenas seis se abstiveram.
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S UBSTITUTIVO
É APROVADO DE MADRUGADA |
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MOVIMENTO |
CUT
NÃO DEU APOIO PLENO
À GREVE |
Nel
Às vésperas do início da
greve, no 8º Congresso Nacional da CUT, realizado em São Paulo, nos
dias 2 a 8 de junho, a corrente majoritária da Central, Articulação
Sindical, conseguiu aprovar a tese de que a reforma encaminhada pelo
governo petista poderia ser emendada. A diretoria da Central, eleita
durante esse congresso deu apoio apenas formal à greve dos
servidores, mas, na prática, todas as movimentações da entidade,
através do presidente Luiz Marinho, foram no sentido da conciliação
com os interesses do governo, contra a luta dos servidores pela
preservação dos direitos e da qualidade dos serviços públicos
prestados pelo Estado.
Vale lembrar que, no Congresso de São Paulo, o
presidente do ANDES-SN, Luiz Carlos Lucas, chegou a ser
desrespeitado pelo ex-presidente da Central, João Felício, que
acusou o professor da Universidade Federal de Pelotas de
"desonestidade intelectual". Após o episódio, a imprensa brasiliense
chegou a especular que Lucas estaria apoiando a criação de uma nova
Central de trabalhadores do setor público. Durante a abertura do 46º
Conselho do ANDES-SN, em Vitória (ES), Lucas teve a oportunidade de
desmentir tal insinuação. O presidente do sindicato dos docentes
afirmou que, apesar da posição vacilante da atual direção da
Central, tal proposta seria uma contradição em relação aos
princípios do Sindicato que representa os professores das
instituições públicas e privadas de ensino superior.
Ainda durante o 46º Conad, o movimento docente
avaliou a posição da direção da CUT em relação à reforma. Para os
ativistas do ANDES-SN, a Central deveria manter-se autônoma em
relação ao governo petista e foi aprovado que a entidade deveria
exigir da Central o apoio à luta contra a reforma.
A adesão da CUT frente à reforma foi muito
criticada também durante as votações no primeiro e no segundo turno
na Câmara. Muitos parlamentares ligados a entidades da base cutista
acabaram aprovando a reforma tal como ela foi encaminhada, o que pôs
por terra a tese da diretoria da Central de que era possível
negociar a reforma diretamente com o governo. Propostas sugeridas
pela Central, como o fim da taxação dos aposentados e pensionistas,
não foram acatadas nem pelo governo nem pela maioria dos
parlamentares.
A VALIAÇÃO DO
ANDES-SN
No Comunicado 25 do Comando Nacional de Greve, o
ANDES-SN avalia a importância das Marchas à Brasília e ressalta o
fraco apoio que a Central dispensou ao movimento grevista: "uma
delas com a presença de 80 mil participantes, mesmo sem termos o
efetivo apoio da CUT, CNTE e dos maiores partidos de esquerda, como
ocorria nas greves anteriores", destaca a análise do Sindicato. |
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Página 8 |
AVALIAÇÃO |
FRANCISCO OLIVEIRA:
"A REFORMA INTERESSA AO CAPITAL" |
"O objetivo primordial da reforma da Previdência
é de caráter fiscalista. Ela está preocupada em restringir os marcos
da seguridade social com o objetivo de fazer caixa". Esta afirmação
sobre a Reforma da Previdência do governo Lula é do sociólogo
Francisco Oliveira, em entrevista ao jornal da ADUNICAMP (edição
225, 29/8/2003). Professor da Unicamp e um dos intelectuais que
fundaram o PT em 1979, com o movimento operário, ele se disse
bastante decepcionado com os rumos do governo que ajudou a eleger:
"É uma grave contradição. Um partido de trabalhadores que é a coluna
vertebral deste governo, o que deveria estar fazendo é ampliar a
seguridade social".
Chico Oliveira, como é conhecido, afirmou que vê nessa proposta, que
ainda será remetida ao Senado Federal, um objetivo ainda mais
sombrio: "inventar os fundos de previdência complementar para
atender àqueles que têm salários mais altos que os limites
estabelecidos pela emenda constitucional". Em sua perspectiva,
essa é a principal meta da reforma, criar um mercado de seguridade
com potencial de lucratividade. Ele acredita que, de uma ótica
fiscalista, a reforma pode interessar àqueles preocupados com o
equilíbrio fiscal do Estado. Contudo, ele vê um interesse principal:
o do capital financeiro: "Algumas simulações mostram que até 2010
esses fundos de Previdência, a partir da reforma, poderão chegar a
R$ 670 bilhões. Quase 50% do atual PIB brasileiro", disse. Dizendo
que a opinião pública está sendo manipulada para reforçar a imagem
negativa do funcionário público, Chico Oliveira afirmou que a
sociedade brasileira não distingue o público do privado, uma vez que
as elites políticas sempre utilizaram o patrimônio público de forma
particularizada. Essa especificidade teria gerado um estado onde os
serviços são precários. Esta é a imagem que chega à população. "A
imagem negativa que se faz do funcionário público é, ao mesmo tempo,
verdadeira e falsa. Verdadeira porque de fato os serviços do estado
são ruins, os profissionais são estressados e as instalações são
ruins. Mas também é uma imagem falsa porque estas condições não
foram criadas pelo funcionário público e sim pela forma em que o
estado brasileiro foi montado e pela predação que as classes
dominantes fazem sobre o Estado brasileiro". Ele citou como predação
o uso de 30% do orçamento público para pagar juros da dívida interna
e externa. Sobre as conseqüências da reforma para a universidade
pública, caso o texto do governo seja aprovado sem modificações, nas
futuras tramitações, Oliveira foi categórica em afirmar que, na sua
opinião, no médio e longo prazo, a universidade pode tornar-se menos
atrativa para futuros professores. "Isso pode desfalcar a
universidade de quadros importantes". Outra conseqüência que ele
aponta está associada à primeira, mas é de mais longo prazo.
Trata-se da incapacidade de dotar a universidade pública dos
recursos à altura dos desafios de um sistema
competitivo, em nível internacional, e que é cada vez mais movido
pela ciência e tecnologia. "Só quem faz pesquisa científica no
Brasil é a universidade pública. Se tirar isso desaba tudo",
concluiu.
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R EFORMA
UNIVERSITÁRIA
EM DEBATE |
Nos dias 6 e 7 de agosto, governantes,
intelectuais e comunidade acadêmica estiveram reunidos para traçar
as diretrizes políticas sobre a Universidade do século XXI. O
Ministério da Educação, por intermédio da Secretaria de Educação
Superior (SESu), em parceria com as Comissões de Educação do
Congresso Nacional, promoveu o seminário Universidade: por que e
como reformar?, realizado no auditório Petrônio Portella, no
Senado Federal.
A conferência de abertura foi feita pelo ministro da Educação,
Cristovam Buarque.
Estiveram em pauta temas como a autonomia universitária, expansão da
oferta de vagas, ampliação do ensino público e gratuito,
interiorização do ensino superior, cotas sociais e raciais, inclusão
social, democratização do acesso, avaliação, reforma universitária,
o papel estratégico do ensino superior no desenvolvimento nacional,
a soberania e independência do País na produção do conhecimento e o
papel do Estado na educação.
Este seminário, segundo colocação dos dirigentes do MEC, marcou a
instituição de uma agenda positiva, que terá seqüência com a
Pré-Conferência Nacional de Educação, em outubro; a Conferência
Internacional sobre a Universidade XXI, marcada para 25 e 26 de
novembro e a Conferência Nacional de Educação, prevista para julho
de 2004.
Fonte: UEPG
notícias
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NOVO ATAQUE |
S ERVIDORES
ESTÃO AMEAÇADOS
DE VOLTAR AO REGIME CELETISTA |
Não bastasse a aprovação da reforma na Câmara
Federal, o governo Lula resolveu investir no regime dos servidores
públicos através de ação na Justiça. A ameaça foi instalada a partir
de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn), do procurador
Cláudio Fonteles, da Procuradoria Geral da União, apresentada no dia
15 de agosto ao Supremo Tribunal Federal. Na ação, o procurador do
governo pretende anular a transposição dos servidores que eram
regidos pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) para o Regime
Jurídico Único (RJU). Na prática, é mais uma tentativa do governo de
acabar com a aposentadoria integral e outros direitos de uma parcela
de mais de 500 mil servidores que sofreram a transposição da CLT
para o RJU, após a aprovação da Lei 8.112, em 1990. O RJU e a
transposição são protegidos pela Constituição de 1998.
Segundo a avaliação do ANDES-SN, a ADIn dá prosseguimento ao
processo de aprofundamento das medidas que pretendem consolidar o
Estado Mínimo e que vem sendo implementado pelos governos
neoliberais, desde a reforma administrativa do ex-ministro Bresser
Pereira. "Nesse sentido, a ADIn visa a desconstituir direitos,
desregulamentando-os e flexibilizando-os, destruindo conquistas
históricas dos servidores públicos", comenta o documento de
avaliação preliminar do Comando Nacional de Greve do Sindicato (de
25/8). Como o governo teve que aceitar, durante o processo de
votação da reforma na Câmara, a manutenção da integralidade e da
paridade dos valores da aposentadoria em relação aos salários dos
ativos, a ADIn foi a fórmula encontrada para implementar o fim da
aposentadoria integral e da paridade também para os atuais
servidores.
Caso a ADIn seja admitida pelo Supremo, estes 500 mil servidores
entrarão na contabilidade de redução dos gastos do governo com o
conjunto do funcionalismo público, o que, segundo o ANDES-SN,
"aprofunda o projeto de precarização das relações de trabalho no
âmbito das universidades e do serviço público como um todo".
De acordo com o Sindicato, ainda, esta ação faz parte do cumprimento
das exigências do Banco Mundial e do FMI e acarretará a privatização
das universidades públicas, com a redução do quadro de servidores
estatutários. "Tal concepção encontra-se explicitada na última
publicação do Banco Mundial (maio de 2003), referente ao Brasil
(Brazil: Equitable, Competitive, Sustainable - p. 57), que
apresenta, como uma contribuição para os debates políticos para o
novo governo eleito em 2002, "cálculos de que o pagamento com o
pessoal inativo tem um custo acima de 1/3 de todo o pessoal", cita o
documento do CNG.
Como forma de resistência a mais este ataque contra o funcionalismo,
o Sindicato contratará um jurista especialista em direito
constitucional para produzir um parecer sobre a ação. Também será
pedido parecer da Ordem dos Advogados do Brasil e serão enviados
documentos aos parlamentares.
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C ONCEDIDO
O REGISTRO SINDICAL DO
ANDES-SN |
O
Diário Oficial da União de 26 de agosto de 2003, seção 1, página 55,
publicou o despacho da Secretaria Executiva do Ministério do
Trabalho e Emprego, concedendo o registro sindical ao ANDES-SN. Esta
era uma luta travada desde a transformação da ANDES em ANDES-SN.
A pesar
de sucessivas vitórias nos tribunais, inclusive no STF, a burocracia
do Ministério, em conluio com os pelegos e burocratas sindicais,
vinha impedindo a concessão desse registro. O ANDES-SN, porém,
sempre agiu como Sindicato, independentemente do registro. A
concessão deste só irá facilitar o nosso trabalho, principalmente no
setor privado.
Vamos comemorar!
Luiz Carlos Lucas
Presidente do ANDES-SN
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