Publicação da
Associação dos Docentes da
UFRRJ - Seção
Sindical do Andes-SN
Filiada à CUT
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Nº 49
29 de abril de 2003
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ADUR
Informa - Publicação da Associação dos Docentes da
UFRuralRJ.
Conselho Editorial: Abner Chiquieri, Áurea
Echevarria, Luciana Nóbrega, Luiz
Mauro, Nídia Majerowicz, Valdomiro Neves, Ricardo Berbara.
Edição e editoração:
Regina Rocha
(Reg. 16269/MTb).
Texto:
Ana Manuela Soares.
Fotos:
Lenin Pires.
As matérias não assinadas são de responsabilidade do Conselho
Editorial. |
FEDERAIS PODEM PARAR A PARTIR DE MAIO |
SEÇÕES SINDICAIS
REALIZAM ASSEMBLÉIAS PARA DECIDIR SOBRE GREVE CONTRA REFORMA DA
PREVIDÊNCIA |
Protesto de servidores -
8/4, dia nacional de luta em defesa da Previdência Social
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O
movimento docente reagiu com indignação à proposta de reforma da
Previdência apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para o dia 5 de maio está previsto um ato unificado do setor de
Educação do Rio de Janeiro e dos Servidores Públicos Federais do
Estado. Em 8 e 9 de maio, o ANDES-SN realiza, em Brasília, a
Plenária do Setor das Federais, e, no dia 10, participa da
Plenária dos SPF que decidirá sobre a paralisação por tempo
indeterminado. |
Até lá, o Sindicato está recomendando
que as Seções Sindicais realizem assembléias locais, para que os
professores discutam a possibilidade de uma greve, por tempo
indeterminado, contra a reforma.
Segundo o diretor do Sindicato Nacional, Domingues de Godói Filho,
o pacote de medidas divulgado pelo atual governo é pior do que as
propostas que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
tentou implementar e não conseguiu. “A reforma previdenciária
ficou pior do que já estava. Nem o Fernando Henrique sonhava
chegar a tanto. O governo não está negociando, mas impondo o
modelo dele, como fazia o Fernando Henrique’’, protestou
Domingues.
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REAJUSTE DE 1% É
IRRISÓRIO |
Parece até que o
governo Lula está apostando na greve dos servidores. Não bastassem
as tentativas de acabar com o regime próprio de Previdência,
instituir fundos de pensão e taxar aposentados, governo anunciou um
irrisório reajuste linear de 1% para os servidores públicos
federais. Os funcionários do executivo
receberão a ‘significativa’ quantia de
R$ 59,00, a título de adicional fixo. Em função do valor dos
salários, o reajuste ficará na faixa de 1,8% a 13,2%, o que
significa, segundo os cálculos do ANDESSN, um reajuste, na média, de
apenas 3,4%.
Segundo avaliação preliminar do ANDESSN, com o
reajuste, apelidado pelos dirigentes de “reajuste Robin Hood”,
apenas 1,2% dos servidores civis compensará a inflação de 2002.
“Pelo método ‘Malba Tahan’ (utilização de malabarismos matemáticos),
adotado para calcular o reajuste ‘Robin Hood’, ou tentar mostrar sua
cientificidade, todos os SPF receberão um reajuste linear de 1%”,
diz um trecho do relatório do Sindicato sobre a audiência dos
servidores com o ministro do Orçamento e Gestão, Guido Mantega,
realizada no dia 9/4.
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2004
PROMETE SER
PIOR
De acordo com as
avaliações preliminares dos dirigentes, caso se confirmem as
informações de que, na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2004, o
governo prevê uma inflação de 15%, em 2003, e uma correção de
salários de até 5% para os servidores federais, as perdas acumuladas
serão ainda maiores. O reajuste anunciado está bem longe de reparar
as perdas de 122,35 %, acumuladas desde janeiro de 1995, ou dos
46,96% de perdas, acumulados desde 1998, e reivindicados como
reajuste emergencial pela categoria, na campanha salarial de 2003.
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GOVERNO
QUER DESCONTO PARA
OS JÁ
APOSENTADOS
O ANDES-SN
questionou, ainda, a posição do Supremo Tribunal Federal sobre a
proposta dos inativos. ‘‘Queremos saber como o STF vai se
posicionar”. Segundo Domingues de Godói, o STF já tem posição
anterior considerando inconstitucional a contribuição de
aposentados para a Previdência.
Na apresentação da reforma da
Previdência, no último dia 14/4, a 27 governadores de Estado, o
presidente Lula demonstrou que, se depender do governo e aliados,
o Projeto de Lei de Previdência Complementar (PL 9), que
implementa os fundos de pensão para os servidores, será aprovado
no Congresso Nacional. Além do PL 9, o governo apresentou outras
medidas que ferem direitos conquistados pelos trabalhadores. O
governo quer cobrar dos aposentados uma parcela dos benefícios
acima do atual valor de R$ 1.058 correspondente à isenção do
Imposto de Renda de Pessoa Física.
APOSENTADORIA
INTEGRAL AMEAÇADA
Pela
proposta governista, só receberão aposentadoria igual ao último
salário os servidores públicos que se aposentarem aos 60 anos, no
caso dos homens, e aos 55 anos, no caso das mulheres. Quem se
aposentar antes dos 60 ou 55 anos terá redução no benefício de 5%
a cada ano, limitada a 35%. Os homens poderão aposentar-se a
partir de 53 anos e as mulheres, dos 48 anos, mas, com estas
idades, os proventos corresponderão a apenas 65% do último
salário.
APOSENTADORIA
MISTA
Outra
medida que altera a previdência do funcionalismo é a contagem do
tempo de contribuição em outro regime. O servidor terá de contar o
tempo de contribuição de outro regime para se aposentar e receberá
um benefício proporcional, calculado sobre cada tempo em cada
regime. O total será a soma dos valores que receberia de cada
regime, definido proporcionalmente conforme o tempo contribuído em
cada um deles.
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MOBILIZAÇÃO
CONTINUA EM MAIO
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Servidores
Públicos Federais, em destaque professores universitários, foram
às ruas de Brasília em 8 de abril para manifestar a insatisfação
da maioria das categorias com os discursos praticados pelo governo
federal. A Reforma da Previdência e os índices irrisórios de
reposição das perdas salariais desagradam profundamente. No Rio,
passeata na avenida Rio Branco, no Centro, reuniu cerca de
dois mil manifestantes. A primeira quinzena de maio será marcada
por mobilização em defesa da Previdência. Dias 8 e 9/5 acontecem
as plenárias setoriais. A base deve discutir os indicativos de dia
nacional de luta com paralisação (14 e 15/5) e de greve por tempo
indeterminado para deliberação na plenária dos SPF dia 10 de maio. |
ENTIDADES PREPARAM LANÇAMENTO DO
FÓRUM EM DEFESA DA PREVIDÊNCIA PÚBLICA
O
ANDES-SN, em conjunto com as demais entidades nacionais de
servidores, vem participando das reuniões preparatórias para o
lançamento do Fórum Nacional em Defesa da Previdência Social
Pública. As entidades estão elaborando um manifesto de lançamento
do fórum, que deve contar com o apoio de parlamentares e entidades
do movimento social, como a ABI, a OAB, o MST e CNBB. O manifesto
deixa clara a defesa de um sistema de Previdência baseado no
princípio de solidariedade entre gerações e de repartição, em
contraposição à proposta do governo de um sistema por poupança
individual e capitalização.
Segundo o
manifesto que está sendo elaborado, a Previdência é uma das
principais conquistas dos trabalhadores, nos últimos 150 anos, e é
um dos elementos da Seguridade Social junto da Saúde e Assistência.
“Ela (previdência) faz parte de um pacto civilizatório em que todos
concorrem, conjuntamente, para a garantia da proteção compartilhada
dos (as) trabalhadores (as), quando estes (as) são afastados (as) de
sua atividade laboral, por motivo de doença, invalidez, morte e, não
menos importante, por já terem dado sua contribuição, em termos de
trabalho, ao conjunto da sociedade”, diz um trecho.
GOVERNO DEVE MANTER
POLÍTICA ECONÔMICA
NO PRÓXIMO ANO
Para quem acredita que em 2004 o
governo Lula mudará o rumo das políticas econômicas e sociais, o
próximo orçamento da União, a ser aprovado no final do ano, pode ser
um balde de água fria. Em reunião na Comissão de Educação, Cultura e
Desporto, diretores do ANDES-SN ouviram explicações dos técnicos da
Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos
Deputados sobre Leis e Peças Orçamentárias e a montagem do Orçamento
da União.
Segundo relato do Sindicato Nacional, foi uma exposição meramente
técnica, mas que permitiu aos dirigentes perceber que o projeto
político do governo Lula não tende a mudar no próximo ano. Foi
informado pelos consultores que, no orçamento de 2004, está prevista
a manutenção da taxa de juros reais de 8%, da taxa de crescimento
econômico em 3,5% e do superávit primário em 4,25%, mesmo índice de
2003. Em relação ao sistema de Educação, os dirigentes perguntaram
sobre a derrubada do veto presidencial (feita por FHC) sobre a
aplicação de 7% do PIB, prevista no Plano Nacional de Educação. Os
consultores disseram que não há “espaço” na proposta orçamentária
de 2004 para este montante de recursos. Como se vê, se depender dos
assessores de Lula, a política de arrocho e ajustes será mantida e
o destino dos recursos públicos continuará a ser os banqueiros
internacionais. A dívida externa continuará a ser paga em detrimento
do crescimento interno e das políticas sociais.
TERMINA A GREVE NAS ESTADUAIS
As assembléias conjuntas dos
servidores da UERJ e UENF, realizadas no dia 15 de abril,
encerraram a participação na greve de quase três meses da
rede estadual. Os professores das estaduais devem retornar às
atividades entre 22 e 24 de abril. Os servidores estaduais
responsabilizam o governo de Rosinha Garotinho por não ter
apresentado antes uma proposta para o pagamento do 13º salário
de 2002, causando prejuízo aos trabalhadores e à população.
As duas assembléias encerraram a paralisação, mas mantiveram
Estado de Greve. |
O
PROJETO POLÍTICO DO GOVERNO NÃO TENDE A
MUDAR NO PRÓXIMO ANO
ASSEMBLÉIA DISCUTE PAPEL DA CUT
Organizar
a luta pela Previdência Pública, reafirmando a independência das
instituições sindicais frente ao governo. Esta é uma síntese do
teor dos assuntos debatidos e das deliberações da Assembléia
Geral Extraordinária realizada em 10 de abril de 2003.
Naquela oportunidade, os professores presentes demonstraram
preocupação não só com as propostas que estão sendo formuladas
pelo governo federal, mas também com a necessidade de se
reafirmar a mais irrestrita independência das entidades
sindicais nesta conjuntura. Os presentes concordaram com as
avaliações, elegeram delegados ao 11o Congresso Estadual da CUT
(CECUT) e reafirmaram o calendário de mobilização da categoria,
o que inclui o indicativo de greve aprovado anteriormente.
Os Professores Rômulo Garcia de
Andrade e Nidia Majerowicz, cujos nomes já haviam sido indicados
na assembléia anterior, foram homologados como delegados titular
e suplente ao CECUT, onde trabalhadores de todo o Estado
debateram, em 25, 26 e 27/4, o papel da central em tempos de
governo Lula.
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PRIVATIZAÇÃO
E IMPREVIDÊNCIA
NIDIA
MAJEROWICZ*
A
Constituição Federal de 1988 trouxe avanços importantes para a
sociedade. Dentre eles, o conceito de Seguridade Social
estruturado em três pilares: saúde, assistência e previdência
social. A Carta Magna definiu receitas próprias para o sistema de
Seguridade Social dos brasileiros e os princípios de seu
funcionamento: universalidade da cobertura e do atendimento,
uniformidade e equivalência de serviços às populações rurais e
urbanas, diversidade da base de financiamento e gestão
democrática. Como conseqüência da implementação parcial
destes princípios, a sociedade brasileira passou a dispor de um
programa de renda mínima fundamentado na concessão e manutenção
dos benefícios rurais e no amparo de idosos e portadores de
deficiências. Apesar dos baixos valores dos benefícios pagos,
estes recursos movimentam a economia de alguns municípios
brasileiros e afastam da indigência total um grande contingente de
cidadãos brasileiros, pois este enorme avanço social, na verdade
um mega-programa de distribuição de renda, somado a outros gastos
com a Assistência Social, vem sendo utilizado por sucessivos
governos neoliberais para produzir o discurso do déficit da
Previdência Social.
Os vilões? Mais uma vez são os
servidores públicos brasileiros. Quem são os principais
preocupados com esta injustiça infame e impune? O FMI e o Banco
Mundial. A solução recomendada? Nivelar por baixo a aposentadoria
dos servidores públicos (teto a ser definido) e entregar ao
capital financeiro os bilhões de reais líquidos e certos
destinados a garantir dignidade à velhice dos atuais e futuros
servidores públicos. O FMI e o Banco Mundial têm pressa, afinal
esta tarefa ficou pela metade no governo FHC. E governo
recém-empossado, eleito pelo povo brasileiro para estancar a
barbárie neoliberal, se apressa de modo incompreensível. No dia 28
de fevereiro último, em carta ao FMI, o governo prometeu que a
aprovação do PLC-09 seria uma de suas prioridades e que isso
ocorreria até o final de junho de 2003.
E O DÉFICIT DA PREVIDÊNCIA?
Segundo estudo de Auditores Fiscais da
Previdência Social, o discurso do déficit da previdência tem sido
construído com a manipulação das receitas específicas da
Previdência Social e despesas mais abrangentes da Seguridade
Social. Segundo o então Secretário da Previdência Social, Vinícius
de Carvalho Pinheiro …“por trás do chamado déficit da Previdência
existem políticas de: (i) distribuição de renda por meio de
aumentos reais conferidos ao salário mínimo; (ii) subsídio a
atividades filantrópicas, a micro e pequenas empresas, a
trabalhadores domésticos e do campo, a empresas rurais e até a
atividades desportivas e (iii) transferência de renda da área
urbana para área rural”( Gazeta Mercantil, 24 de julho de 2002).
Ou seja, despesas de caráter assistencial e de redistribuição de
renda, que constitucionalmente devem ser sustentadas por receitas
fiscais diversas (COFINS, CSLL, CPMF), são adicionadas às despesas
da Previdência Social, esta sim com arrecadação específica. Assim,
receitas fiscais expressivas, vinculadas à Seguridade, ficam “à
parte” e todas as despesas assistenciais são contabilizadas sobre
a arrecadação específica da Previdência Social. Eis o déficit da
Previdência!
RECURSOS DESVIADOS
O que não é dito à sociedade é que
grande parte dos recursos fiscais da Seguridade Social tem sido
desviada para outras finalidades após entrar no caixa do Tesouro
Nacional, dentre estas o pagamento de juros e amortização da
dívida pública, que continua a crescer como bola de neve.
Surpreendentemente, uma análise global da execução orçamentária da
Seguridade Social nos anos de 1999, 2000 e 2001 demonstra que o
Orçamento da Seguridade Social é superavitário (dados do SIAFI,
Receita Federal e INSS). Ou seja, a arrecadação de todas as
contribuições sociais somadas às receitas próprias dos órgãos da
seguridade supera a totalidade das despesas desta com saúde,
previdência e assistência social. O discurso sobre o déficit da
previdência é, na verdade, uma poderosa ferramenta de mídia para
justificar a privatização dos recursos previdenciários dos
servidores públicos, bilhões de reais que estarão disponíveis para
o arriscado e pantanoso mercado financeiro.
OS RISCOS
Em 1994, o governo Menem privatizou
parcialmente o Sistema de Previdência Social da Argentina, reforma
esta custeada por empréstimo do Banco Mundial. No ano de 2001, 80%
a dívida pública da Argentina eram decorrentes da privatização do
Sistema Previdenciário. Em 2002, a Argentina quebrou e os
organismos financeiros internacionais deram as costas.
Algumas perguntas precisam ser
respondidas antes que o PLC-09 ou projeto similar seja
açodadamente aprovado. (1) Por que tanta pressa se a saúde do
sistema bancário no Brasil é ótima? Segundo o JB do dia 28 de
março de 2003, os bancos foram os que mais aumentaram a sua
participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no ano de
2002, tendo dado um salto de 30%, passando de 6,58% para 8,61% do
PIB. (2) Esta reforma não causará um desequilíbrio adicional nas
contas públicas? Com a criação dos Fundos de Previdência
Complementar, bilhões de reais deixarão de ser arrecadados pelo
Estado Brasileiro. Adicionalmente, o Estado deverá repassar aos
Fundos de Previdência a sua cota parte (empregador), até agora não
recolhida e não contabilizada, quando se analisa a receita
previdenciária. (3) Ao abrir mão de um enorme montante de recursos
previdenciários, como o governo garantirá o pagamento das
aposentadorias e pensões existentes sem aumentar o déficit
público? (4) Dada a instabilidade e fluidez próprias do capital
financeiro, qual é a sua confiabilidade para garantir, após três a
quatro décadas de contribuição, o valor dos benefícios a serem
pagos aos futuros aposentados e pensionistas? Quem garantirá a
preservação do valor dos benefícios a serem pagos ao longo de pelo
menos duas outras décadas? A falência de Fundos de Pensão privados
do Brasil, do Chile e dos Estados Unidos estão aí para nos alertar
sobre o perigo de se passar do modelo atual (público e solidário)
ao modelo de capitalização individual e privado, proposto pelo
FMI.
DEBATE CUIDADOSO
Como se vê, a matéria é complexa e exige
um cuidadoso debate democrático com a sociedade. Uma verdadeira
reforma da previdência faz-se necessária e deve vir para corrigir
distorções e beneficiar a maioria dos trabalhadores brasileiros.
Entretanto, o conteúdo da reforma herdada de FHC, e tão
apressadamente encaminhada, é inaceitável, nociva aos interesses
do povo brasileiro e condenável pelo método antidemocrático com
que tem sido conduzida até o momento. Mas ainda há tempo para
rever o método e o conteúdo da reforma da previdência, de abrir o
debate. O que não pode é o presidente Lula e o seu governo
utilizarem a legitimidade e credibilidade conferida pelas urnas
para, ao impor um confisco de direitos aos trabalhadores do
serviço público, fazê-lo em benefício daqueles que vêm espalhando
miséria e dor aos povos de todos os continentes, o caprichoso e
insaciável mercado financeiro globalizado. Isto feito, rompe
compromissos históricos do Partido dos Trabalhadores e tem um nome
tão feio que não ouso pronunciar.
*
DOUTORA EM
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, VICE-PRESIDENTE DA ADUR-RJ, SEÇÃO SINDICAL DO
ANDES-SN
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GOVERNO ACENOU COM ARQUIVAMENTO DO
PL 9
EM FAVOR DA REFORMA |
O líder do
PT, Nelson Pellegrino, e o presidente nacional do partido, José
Genoíno, estiveram, em 23/4, com o ministro da Previdência, Ricardo
Berzoini, discutindo o texto da reforma previdenciária que o Governo
encaminha nesta semana ao Congresso Nacional.
No encontro, o ministro afirmou que o
Governo pode até arquivar o PLP 9/99, que institui previdência
complementar para os servidores públicos, e fazer uma proposta
substitutiva no texto governamental sobre Reforma Previdenciária.
“Com isso, o PLP 9 não seria votado. O que haveria para os futuros
servidores é uma previdência complementar fechada, em regime de
fundo de pensão, com teto de R$ 2.400. A diferença é que não será
definido agora, no texto constitucional, se o sistema será de
contribuição definida ou de benefício definido. O PLP 9 já impunha
o regime de contribuição definida”, explicou Nelson Pellegrino, em
entrevista à Agência Câmara.
ACORDO MANTIDO
No entanto, o que foi acertado com os
governadores no início da segunda quinzena de abril continua valendo
(veja matéria na página 1): a contribuição de aposentados e
pensionistas e a manutenção da isenção para as contribuições
previdenciárias somente até R$ 1.058. O governo anunciou, também,
que deverá ser ampliado o teto de benefícios do Regime Geral de
Previdência Social para R$ 2.400; hoje está fixado em R$ 1.561. Além
disso, o Governo pretende reduzir a contribuição dos autônomos de
20% para 10% como um atrativo a mais para os trabalhadores informais
aderirem ao sistema previdenciário.
Fonte: Agência
Câmara.
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FUNDOS DE
PENSÃO: A EXPERIÊNCIA NOS PAÍSES EUROPEUS |
O economista e
professor italiano Riccardo Bellofiore, 50 anos, foi o palestrante
da Conferência sobre Previdência Social e os Fundos de Pensão,
promovida pela Regional Rio do ANDES-SN. O evento ocorreu em, 7/4,
na Escola de Serviço Social da UFRJ e foi mais uma edição do Fórum
Conversando sobre a Previdência.
Marxista, professor de Ciências Econômicas da
Università degli Studi di Bergamo, Riccardo é participante ativo da
organização internacional ATTAC, que reúne intelectuais em todo o
mundo denunciando o atual processo de globalização neoliberal. Ele
falou sobre a influência e propósitos do Banco Mundial nos sistemas
previdenciários dos países europeus e teceu comentários sobre
possíveis interesses em relação aos chamados países periféricos.
Segundo Bellofiore, a partir da década de 90,
uma forte onda de privatização tomou o setor previdenciário na
Europa, fundamentada no discurso de que a previdência complementar
resolveria supostos ‘déficits’. Vários governos se diziam
preocupados com a relação entre o número de idosos, considerado
alto, e os baixos índices de natalidade, o que comprometeria os
recursos orçamentários a médio e longo prazos. Como conseqüência,
governos de centro-esquerda e sindicatos da Europa começaram, a
partir dos anos 90, a promover a privatização da previdência pública
de seus Estados, supostamente para investir em setores da economia
interna e gerar empregos e consumo de bens e serviços.
Na verdade, porém, o novo sistema de
previdência privada vem sendo utilizado para reforçar um
enfraquecido mercado financeiro. É o que acontece, segundo o
economista, na Alemanha, assim como na França, Espanha e na própria Itália.
BANCO MUNDIAL
Em 1994 o Banco Mundial publicou o
documento: “Prevenir a crise do envelhecimento: políticas para
proteger as pessoas idosas e promover o crescimento”. Segundo
Riccardo, no documento, o Bird orienta claramente os governos a
adotarem o sistema de pensão no lugar do sistema de repartição. Este
último, como é o caso do Brasil, os trabalhadores em atividade pagam
as pensões dos já aposentados, em um sistema de solidariedade entre
os contribuintes. No primeiro, preconizado pelo Bird, cada
trabalhador acumularia uma poupança para a garantia de sua
previdência após a aposentadoria. Esta poupança seria administrada
pelos fundos de pensão que garantiriam o rendimento do sistema
financeiro, também em crise. Este modelo pode representar um risco
permanente para os trabalhadores, os quais, ao se aposentar, não
teriam nenhuma garantia de retorno da poupança investida nos fundos.
As soluções apontadas por Riccardo
Bellofiore, para os sistemas europeus, envolvem a rediscussão de
prioridades de investimento do PIB nos setores sociais. Bellofiore
sugeriu a adoção, por parte dos governos, de uma política mais
corajosa, que compreenderia formas de controle do capital e das
despesas públicas, associada a uma política de investimentos nos setores públicos. Esta orientação, segundo
o economista, seria incompatível com a adoção da aplicação dos
fundos de previdência na economia.
O professor Laélio Nunes, que representou a
ADUR-RJ, avaliou como muito positivo o debate: “O conhecimento das
experiências da utilização de fundos de pensões de caráter privado e
de seus processos em diversos países só reforçou a consciência de
nossas lutas contra as mudanças que o governo pretende implantar no
sistema”.
Janete Luzia Leite, 1ª vicepresidente da
Regional Rio de Janeiro do ANDES-SN, que vem promovendo nas
universidades do Estado do Rio de Janeiro o “Conversando sobre a
Previdência”, acredita que o tema, apesar de interessante, aglutina
poucos estudiosos e debatedores. E isso é um problema, pois o
discurso oficial acaba por se instalar, promovendo uma grande
confusão na cabeça das pessoas.
Ela cita como exemplo o
conceito de Previdência Complementar Pública, que vem
sendo veiculado pelo governo federal. Um eufemismo para os
Fundos de Pensão, que buscarão carrear os recursos dos
trabalhadores para um mercado especulativo que, pelo menos nos
últimos 10 anos, vem provando que não é capaz de alavancar
nenhuma política de desenvolvimento para o país.
Fonte: ANDES-SN e ADUFRJ.
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Imagem: Andes-SN/Ronaldo Barroso
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O ANDES-SN à frente dos
protestos contra a reforma da Previdência proposta pelo governo. |
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MANIFESTO
E BOICOTE MOBILIZAM O MUNDO CONTRA A GUERRA |
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“Eu defendo a igualdade. Eu não creio que os EUA ou qualquer outro
país devam construir um império. Eu não creio que os EUA devam
controlar o petróleo do Oriente Médio em nome das empresas
americanas e com o objetivo de controlar politicamente outros
países”.
Este é um dos primeiros parágrafos do manifesto contra os EUA e
contra a guerra, que está circulando
pela internet e ganhando
adesões em todo o mundo. O endereço para assinar é www.zmag.org/wspj/sign_statement_frm.cfm
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O texto está em inglês, mas você pode ler o mesmo em português no
site do Fórum Social Mundial. Anote:
www.portoalegre2003.org .
BOICOTE: UMA IDÉIA QUE ESTÁ PEGANDO
Enquanto as tropas de Bush avançavam no
deserto iraquiano rumo à tomada de Bagdá, crescia a rejeição a
marcas e produtos dos Estados Unidos em todo o mundo, possibilitando
o surgimento de produtos “piratas” e anti-EUA, nas prateleiras
européias, do Canadá, do mundo árabe e mesmo no interior dos EUA.
A campanha começou, antes mesmo da
invasão, pela internet. “Se os EUA invadirem o Iraque, algumas das
primeiras vítimas podem ser marcas e produtos estadunidenses
apreciados ao redor do mundo e que o mercado globalizado ajudou a
construir”, admitia o New York Times dois dias antes de o
conflito ser deflagrado, em uma matéria intitulada “Marcas dos EUA
no exterior sentem a tensão global”. Empresas de refrigerante, como
a Coca-Cola, e de cigarros são as que mais são citadas pelos
organizadores do boicote e estão contabilizando quedas de
rendimentos significativos, segundo o NYT. Produtos alternativos,
que viraram moda em países como França, Suíça, Alemanha e Canadá,
atingem um público cada vez maior em cidades como Nova Jersey, nos
próprios Estados Unidos.
CONTRA
MARCAS DOS EUA
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